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Artigos / Colunas / Gustavo de Oliveira

04/03/2024 às 11:30

​A massa cinzenta

Com o avanço dos dias acontecendo de maneira cada vez mais veloz, às vezes fica difícil parar e olhar para trás, compreendendo o que realmente está acontecendo em uma linha do tempo. A pressão da urgência do agora, o bombardeio de telas e seus infinitos estímulos audiovisuais, o excesso de ruído causado pelas imensas correntes de informações parecem nos prender no momento presente e fazem com que o passado não seja tão interessante e o futuro se torne a mesma correria de hoje.

Mas a mente humana não foi projetada para funcionar desta forma. Milhões de anos de evolução biológica e de aprimoramento cognitivo nos fizeram o que somos hoje e a velocidade com que as coisas acontecem e mudam ao nosso redor fizeram do nosso cérebro um dos mais poderosos supercomputadores já criados, com uma plasticidade quase infinita.
 
Temos uma espetacular capacidade de nos adaptar a novos cenários, a novas realidades e contextos, e foi isso que garantiu à espécie humana ser tão adaptada em todo planeta aos mais diversos climas, a uma infinidade de culturas e a um planeta que muda constantemente.
 
Meu recado desta semana é um chamado a você para reagir contra a rotina que massacra e contra a urgência que domina. Criar espaço para novos aprendizados, novas experiências, novas rotinas e outros desafios é fundamental para que este poderoso equipamento chamado cérebro continue produzindo com boa performance por muitos e muitos anos.
 
Comecei tudo isso há alguns meses. A proximidade de completar 50 anos fez eu refletir sobre minha vida, meus projetos e como pretendo viver os próximos 30 anos, se tiver sorte e saúde para chegar aos 80. É nítido que desacelerei muito na rotina comparada a outros momentos, mas mesmo assim decidi abraçar novos desafios.
 
Na idade em que meu avô já pensava em sua iminente aposentadoria, eu, pelo contrário, decidi abrir um novo ciclo produtivo e comecei uma profissão de comunicador, em paralelo à minha carreira empresarial. O que já era uma paixão tornou-se o início de uma nova carreira.
 
Por estímulo de amigos e da minha esposa também comecei a jogar tênis, um esporte que cansa o corpo e captura a mente integralmente enquanto estamos na quadra. Além disso, me mudei para uma casa depois de morar 25 anos no mesmo prédio. Joguei um monte de coisas fora, deixei muitas atividades para trás com o objetivo de abrir espaço para coisas e experiências novas.
 
É muito difícil aprender uma nova profissão aos 50 anos, especialmente se você já tem sucesso na anterior. Tudo é novidade para mim: os colegas de trabalho, suas rotinas e expressões, seus desafios e ambições. Sou um péssimo jogador de tênis, e talvez nunca seja bom o suficiente para disputar um campeonato sério. A cada aula sinto que usei 100% da minha capacidade cerebral e quase 200% da física para continuar jogando mal e a evoluir bem pouco. E a vida na casa nova ainda é uma completa novidade para mim: não são raras as vezes em que acordo achando que ainda estou no meu antigo apartamento.
 
Mas todo este desconforto tem feito muito bem à minha alma e ao meu cérebro, que olha para o passado com um pouco mais de perspectiva e para o futuro com um bocado a mais de esperança. Como dizia meu sábio avô José Luiz, coloquei “a massa cinzenta”, também conhecida como cérebro, para continuar trabalhando.

Gustavo de Oliveira

Gustavo de Oliveira
Gustavo de Oliveira é empresário e presidente do Movimento MT Competitivo (gustavo@britaguia.com.br, www.linkedin.com/in/gustavopcoliveira)
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