A euforia e a adrenalina de poder gastar sem medida ou controle, consumir sem se preocupar com o amanhã ou o depois, sem a figura ameaçadora dos boletos e cartões de crédito. Uma conta corrente com recursos ilimitados e perenes. Um jogo de cartas marcadas, com um único jogador e vencedor.
Assim é a vida dos membros do governo, com seus cartões corporativos ilimitados e ocultos pelo sigilo que encobre a razão e a necessidade dos gastos. Como uma arma com munição infinita e sem alvo específico, não importa a trajetória dos projéteis e as vítimas atingidas. Milhões de reais para ONGs de fachada, emendas parlamentares, projetos superfaturados, desvio das verbas da saúde e da merenda escolar.
O importante é navegar numa onda de fartura e riqueza. Comprar relógios de marcas exclusivas, fumar charutos cubanos, beber vinhos envelhecidos, voar em jatos exclusivos, hospedar-se em hotéis e resorts estrelados.
Compartilhar com amantes, amados ou não, aspirar a melhor cocaína, fumar a maconha top e beber aquele uísque que somente os poderosos conhecem as marcas e a idade. O poder do desfrute, do gozo e de um prazer sem o custo de pagar a conta ou a fatura do dia seguinte. Saber que milhões contribuem com impostos para tornar esse sonho realidade.
É muito gostoso poder gozar sem compromisso, lenço ou documento, com o vento soprando a favor e impulsionando rumo à curtição e ao empoderamento. Confetes e serpentinas, o carnaval orgástico se alonga no tempo e os foliões locupletados levantam templos e cultuam o herói de quatro dedos, líder da corruptela que pariu excrementos com forma humana.
A moeda tem dois lados. Em um lado, a realeza da política e do judiciário: a cara. No outro, a maioria dos pobres, mendigos e miseráveis: a face cú. Cunhada como Cara/Cú. Janjapaloosa e seus cantores amestrados. O pão está mofado e o circo só diverte os palhaços protagonistas.
Uma legião, constituída por esmoleiros das bolsas assistencialistas de um governo viciado em comprar consciências com míseros reais, sonhadores de uma amarga ilusão. Um carro, uma motocicleta, uma casa, comida farta, uma viagem CVC, uma carninha na brasa e uma cerveja. Compartilhar com a família essa riqueza de algumas centenas de reais é tudo o que o pobre deseja.
As vítimas de um sistema perdulário, que distribui gorjetas na forma de bolsas como compensação por seus vícios corruptos, estão usando as esmolas para apostar nas Bets, ousando acreditar na sorte para conseguir uma grana extra e uma vida melhor. Que desperdício! Imagina gastar essa “fortuna” em apostas.
Essa massa, que não sabe o que é voar em jatinhos oficiais, ter cartões corporativos e diárias para hospedagem em hotéis estrelados, cédulas depositadas em meias e cuecas, é muito irresponsável quando usa as “merrecas” que recebe do governo para apostar.
Enquanto membros do governo gastam sem se preocupar com o amanhã, o pobre se entrega a uma nova opressão. Os Bets tomam seus parcos recursos e devolvem sonhos frustrados. Ainda assim, ninguém consegue tirar dele o direito de sonhar acordado. A esperança de um sorriso da sorte que escancara seus dentes pútridos para poucos privilegiados.
Esquerda e direita são apenas indicadores de direção. A moeda tem dois lados, os opressores e os sofredores. O sonho é livre e soberano e pode se tornar realidade com um “tigrinho” voraz que mais come do que regurgita. Bets soa também como besta. Um “bobó chera-chera”.