O político roubava e desviava recursos da saúde para fins pessoais e impessoais, como a manutenção de cabos eleitorais ativos e passivos. Um exército em prontidão. Morreu e foi direto para o inferno, sem direito a triagem ou opção de escolha. Ao chegar, foi recebido pela Capeta mór em pessoa em uma grande festa.
Após o cerimonial de recepção, foi conduzido para a Câmara Parlamentar do Inferno para uma sessão especial de homenagem. Sem entender direito o que estava acontecendo, se acomodou na tribuna de honra. Saudado por Lúcifer, recebeu a maior comenda do pedaço: a Medalha da Maldade Absoluta.
Em seu discurso, o diabo explicou que a homenagem se devia ao fato de que o político, ao desviar e roubar os recursos da saúde, transformou a vida de milhares em inferno, sofrimento, dor e morte. Agindo com muita competência e realizando o trabalho de diversos demônios, que eram poupados de ir à terra para fazer maldades. Isso economizou muito orçamento do inferno - ainda que causando um certo desemprego por lá também. Emocionado, o político perguntou se era o único a ser homenageado com a comenda e recebeu a resposta que o privilégio era compartilhado por diversos colegas de profissão.
O Brasil sempre foi destaque pelo profissionalismo de seus políticos em transformar dinheiro público em riqueza, luxo e poder pessoais.
O homenageado, se sentindo em casa, perguntou se tinha como concorrer a algum cargo por lá com possibilidade de acesso às verbas que pareciam estar superavitárias. E mirando uma cadeira que mais parecia um trono com um paletó pendurado e ninguém sentado, foi logo pedindo para ocupar o lugar.
O diabo respondeu que era impossível porque o lugar estava reservado para um colega ainda em atividade na terra e que por mérito já tinha direito, bem como parte da família, a ocupar uma posição de destaque no inferno pelos bons serviços prestados principalmente durante a pandemia.
(Este é um artigo de ficção e qualquer semelhança com fatos reais devem ser creditados aos personagens.)
