A principal característica do atual modelo econômico de Mato Grosso foi a expansão econômica acelerada, baseada na produção de grãos, fibras, carnes, madeira e minérios.
O crescimento da economia do estado apresentou verdadeira performance chinesa nas últimas três décadas.
Nesse período, o PIB do estado teve crescimento exponencial, reduziu-se fortemente a quantidade de famílias em situação de pobreza extrema, forte melhora na renda per capita e aumentou sua participação relativa no PIB nacional de 0,5 para 1,73%.
Mato Grosso tornou-se campeão nacional na produção de vários produtos agropecuários e transformou-se num “player” agrícola mundial, exportando 66% de sua produção agropecuária.
Deixamos a condição de economia subdesenvolvida e saltamos para a posição de economia emergente no cenário econômico nacional.
Certamente é um feito épico, digno de comemoração por todos os mato-grossenses.
Todavia, a sustentabilidade do crescimento econômico do estado depende de um outro salto de produtividade que virá com um novo ciclo econômico baseado na industrialização da nossa produção de alimentos.
A nossa matriz agroexportadora de bens agropecuários primários não se sustentará por muito mais tempo. Temos de fazer a transição econômica para o patamar de economia processadora de alimentos em substituição ao modelo atual. Vários fatores estratégicos relevantes atuam a favor dessa transição. As condições edafoclimáticas (solo, clima, água, baixa ocorrência de intempéries naturais) e incorporação de áreas já desbravadas à produção de grãos, aliam-se à forte demanda internacional. São vantagens competitivas que contribuirão de forma expressiva para uma nova onda de desenvolvimento que se apresenta para o estado.
As reformas econômicas conduzidas pela administração federal, a retomada do crescimento econômico do país após longa recessão e a alta liquidez de capitais no mercado internacional são fatores que também conspiram a favor da mudança de matriz econômica em Mato Grosso.
Dentre as dez maiores empresas processadoras de alimentos do mundo, sete já possuem plantas industriais em Mato Grosso: JBS-Friboi, BR Foods (Sadia-Perdigão), Cargill, Bunge, ADM, Louis Dreyfus e Marfrig. Todas atraídas pelas vantagens competitivas do estado e proximidade da matéria prima.
A transição para a fase de industrialização de alimentos não vai significar o abandono da produção de commodities agropecuárias. A produção agropecuária com elevada produtividade é a vocação natural de nossa economia. Ao contrário, a industrialização deve reforçar ainda mais o agronegócio e a produção agrícola familiar que serão os grandes provedores da matéria prima a ser processada aqui mesmo em nosso território.
Naturalmente, precisam ser bem solucionados os dois principais gargalos econômicos do estado que são a deficiente infraestrutura de transportes e a educação.
A solução do primeiro permitirá reduzir os custos de levar a produção aos mercados consumidores. Investir e priorizar a educação é condição fundamental para aperfeiçoar a formação de nosso capital humano. Isso exigirá esforço e engajamento extraordinários de toda a sociedade, inclusos os líderes políticos de nível federal, estadual, municipal, instituições empresariais e acadêmicas.
Vislumbro que o novo ciclo de desenvolvimento de Mato Grosso – economia industrial processadora de alimentos – poderá se consolidar como o mais longevo e sustentado de todos os outros ciclos anteriores que contribuíram para conduzir nosso estado ao respeitável estágio atual no cenário econômico nacional e mundial.