Leila Francisca de Souza, advogada, nascida em 09 de março de 1939, no bairro do Porto, em Cuiabá, é orgulho para as mulheres! A sua rica vivência perpassa pela história da OAB/MT, e por tantos fatos por ela narrados. Dedicação, ética, caridade, e defesa incondicional aos vulneráveis marcam a sua trajetória.
Foi a primeira conselheira mulher da OAB/MT, no biênio 1967-1968. Esteve atuando na advocacia em época onde as mulheres se encontravam em absoluta minoria. As cotas não eram sequer aventadas, como forma de garantir a respectiva participação e a verdadeira democracia. E lá ela se encontrava. E participava não apenas para somar em números, mas, sim, para contribuir com efetividade. Conta que fazia parte de um conselho de 7 advogados e apenas ela como advogada. O prédio onde hoje é instalada a Seccional da OAB/MT foi doado nesta época, onde esses profissionais e ela, como forma simbólica, debaixo de sol, o cercaram de mãos dadas para garantir a propriedade. Presenciou a construção, como relata: “Se hoje estamos nessa sala com sala com ar refrigerado, bonita e com toda higiene, é porque há muitos anos uma diretoria, um conselho com sete advogados e uma advogada não adormeceu. Cercamos todo esse terreno com arame farpado, para evitar que fosse desapropriado e fizemos isso para que hoje tivéssemos todo esse conforto. O que eu quero dizer é que a união faz a força, a força é o poder e o poder é a vitória”.
Foi praticante do escotismo, como forma de respeito à natureza, ao voluntariado, e a valores como amizade e fraternidade. Fala com todo carinho dessa importante fase de sua vida, rememorando que carrega consigo os princípios de escoteira. Aliás, foi magnífico presenciar o encontro dela com uma de suas ‘pupilas’ escoteira: a querida artista Vera Capilé.
Formada pela Universidade Federal do Estado de Mato Grosso, na Faculdade de Direito, conta, inclusive, das aulas de latim e atuação junto ao Centro Acadêmico 8 de Abril. E foi recém formada que passou a atuar na Secretaria de Segurança Pública do Estado de Mato Grosso, tendo permanecido por lá por quase três décadas. Foi autora da redação do decreto de criação do Distrito Industrial de Cuiabá, escrito na famosa Olivetti, em plena ditadura militar, ano de 1967, no Governo Pedro Predrossian. Diz sempre da responsabilidade que sentiu na ocasião e questionou: “Meu Deus, onde vim parar?”.
Lindamente, a atual gestão da OAB/MT, sob a presidência da Dra. Gisela Cardoso, criou a primeira assistente virtual e a batizou de Leila ou Leilinha, em homenagem à Dra. Leila Francisca. Sem dúvida se constitui em importante homenagem a uma mulher que exerce a profissão há tanto tempo, e que contribuiu e contribui de forma concreta para o belo exercício da advocacia mato-grossense. Muito emocionada, no dia do lançamento declarou: “Estou sempre pronta para atender à OAB/MT. Se posso ser útil com o meu rosto, minha história, se é uma forma de chegar ao outro, ajudar a advocacia, então fico honrada.” A presidente assegurou: “A assistente virtual Leila é um elo entre as gerações, pois ao mesmo tempo em que representa a modernidade, o momento virtual e os avanços tecnológicos que vivemos, traz o respeito à história, o reconhecimento ao trabalho prestado e a segurança refletida na imagem da experiência.”
A sede de conhecimento e o amor pela vida da amada Dra. Leila Francisca a fez buscar alternativa para manter o cérebro em funcionamento. Participa do ‘Super Cérebro Sênior’, que se constitui em academia para o cérebro, onde, segundo ela, exercita memória, concentração e raciocínio lógico.
Inclusive, é de bom alvitre mencionar que a data do aniversário da Dra. Leila Francisca se constitui em marca para o movimento de mulheres, pois, no ano de 2.015, foi positivado no Código Penal Brasileiro o delito de feminicídio, como uma das qualificadoras do crime de homicídio.
Querida Dra. Leila, é um enorme prazer conviver contigo! As nossas conversas por WhatsApp me enchem de amor e esperança. A agronomia a perdeu, em época que não havia o curso em Cuiabá. Mas, a ganhamos no Direito. Aprendo, e muito, com as suas lições. Dedico-lhe, Ângela Davis; “Eu não estou aceitando as coisas que eu não posso mudar, estou mudando as coisas que não posso aceitar.”
