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Artigos / Colunas / Angelo Silva de Oliveira

07/05/2023 às 08:19

A influência de movimentos populares manipulados no cenário político e econômico

Em diversos países, movimentos populares têm sido convocados pelas redes sociais sob a suposta alegação de reivindicar direitos, democracia, combate à corrupção, entre outras bandeiras. Essas manifestações ocorrem em um contexto posterior à crise econômica de 2008, que impactou significativamente as economias dos Estados Unidos e da Europa. Neste artigo de opinião, analisaremos a correlação entre esses movimentos em países como Brasil, Ucrânia, Síria e aqueles afetados pela Primavera Árabe, com o objetivo de identificar indícios de manipulação e seus possíveis efeitos sobre a situação econômica e política dos respectivos países.

As redes sociais têm sido um dos principais instrumentos utilizados para a convocação e mobilização desses movimentos populares, levantando suspeitas de que grupos de interesse dos Estados Unidos e da Europa estariam por trás dessas manifestações, na tentativa de recuperar suas próprias economias. Esses grupos visariam a instabilidade política, a venda de armas e a fragilização das economias dos países alvo. A fim de comprovar essas hipóteses, analisaremos as consequências desses movimentos, a situação econômica antes e depois das manifestações, as possíveis guerras resultantes e as nações externas que se beneficiariam desses conflitos.

No caso da Ucrânia e da Síria, por exemplo, as manifestações iniciais eram pacíficas, mas eventualmente deram origem a confrontos, guerras e graves crises humanitárias. A Ucrânia enfrenta um conflito armado desde 2014, que já resultou em mais de 13.000 mortes e deslocou mais de 1,5 milhão de pessoas. Na Síria, a guerra civil já provocou a morte de aproximadamente 500.000 pessoas, com milhões de deslocados e refugiados, marcando uma das piores crises humanitárias da história.

No contexto da Primavera Árabe, muitos países sofreram impactos econômicos significativos, com redução do PIB, aumento do desemprego e perdas de bilhões de dólares devido a conflitos e instabilidades políticas. Países como Egito, Líbia e Tunísia, que experimentaram revoltas populares, não alcançaram melhorias significativas nos indicadores de qualidade de vida da população após as manifestações.

Esse cenário contrasta com o caso do Brasil, no qual, apesar dos movimentos populares e da polarização política, a maioria da população reprovou atos de violência e evitou conflitos generalizados. 

Destacamos que grupos dos Estados Unidos e dos países europeus têm uma história de envolvimento nesses conflitos, possuindo interesse econômico em algumas situações,  como podemos verificar a seguir:

1. Vendas de Armamentos: Os Estados Unidos e alguns países europeus são grandes produtores e exportadores de armas, e podem lucrar com a venda de armamentos a nações envolvidas em conflitos. Por exemplo, durante um período de tensão regional, é possível que esses exportadores de armas forneçam a uma ou ambas as partes envolvidas no conflito, como na guerra no Iêmen, onde os EUA e o Reino Unido forneceram suporte militar e armamento à coalizão liderada pela Arábia Saudita.

2. Concessão de empréstimos: Instituições financeiras, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, podem conceder empréstimos a países afetados por conflitos. Esses empréstimos são destinados a promover estabilização econômica e desenvolvimento, proporcionando benefícios aos credores, como juros e influência política.

3. Aquisições de Empresas e Bens: Oportunidades de negócios e investimentos podem surgir em países afetados por conflitos. Por exemplo, empresas podem adquirir ativos desvalorizados ou adquirir participações em empresas locais e recursos naturais. O caso do Iraque após a invasão de 2003 é um exemplo desse tipo de oportunidade econômica.

4. Apropriação de Riquezas: A exploração de recursos naturais e reservas minerais de países afetados pode ser motivo de interesse para potências como os EUA e Europa. Por exemplo, a extração de petróleo no Iraque após a derrubada de Saddam Hussein trouxe lucro para empresas multinacionais do Ocidente.

Pelo o exposto é  possível traçar um paralelo com a expressão popular “quem for homem cospe aqui”. Essa frase, quando utilizada em uma situação de conflito, tem como objetivo incitar duas partes a intensificarem suas hostilidades. De forma semelhante, esses grupos internacionais de interesse, consciente ou inconscientemente, acabam incitando o confronto entre diferentes grupos políticos e ideológicos dentro de um país, em uma dinâmica que cria hostilidade e divisão.

No contexto dessa analogia, os grupos de interesse dos Estados Unidos e da Europa seriam o terceiro elemento, que busca incitar e manipular os atores políticos e ideológicos a "cuspirem uns nos outros". Eles se aproveitam das tensões pré-existentes para conduzir suas agendas, promovendo discórdia e conflito entre as partes. Essa dinâmica, por sua vez, pode enfraquecer as estruturas políticas e sociais dos países envolvidos, tornando-os mais suscetíveis à influência desses grupos externos.

Isso reafirma a urgência em entender e combater a manipulação de movimentos populares no cenário político e econômico. Reconhecer essas influências externas e seus objetivos é o primeiro passo para mitigar a polarização e promover uma discussão mais equilibrada e baseada em evidências. Caso contrário, seguindo a lógica da expressão "quem for homem cospe aqui", corremos o risco de acentuar divisões e conflitos, levando a sociedade a um estado de fragmentação e prejudicando o bem-estar coletivo.

Diante dos fatos apresentados, fica evidente a necessidade de estarmos vigilantes em relação à manipulação gerada por interesses externos, que visam provocar discórdia e lucrar com o conflito e a venda de armas. É fundamental que as nações priorizem a paz, o diálogo e o entendimento para evitar o ódio, a polarização e a guerra. Além disso, repudiar manipulações e promover transparência nas ações políticas são atitudes essenciais para garantir a estabilidade, a prosperidade e a integridade dos países no cenário mundial.

Angelo Silva de Oliveira

Angelo Silva de Oliveira
é controlador interno da Prefeitura de Rondonópolis/MT (Licenciado), presidente de honra da Associação dos Auditores e Controladores Internos dos Municípios de Mato Grosso (AUDICOM-MT)
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