22/09/2020 às 07:44 | Atualizada: 22/09/2020 às 07:59
Impunidade
É oficial! Emanuel Pinheiro, do partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB), será candidato à reeleição pela vaga de prefeito de Cuiabá. Seria uma noticia comum, meramente trivial no mundo da política, se não fosse por apenas um único detalhe, Pinheiro foi flagrado, juntamente com vários outros políticos de Mato Grosso, recebendo dinheiro de propina, segundo a delação premida do ex-governador Silval Barbosa.
Uma sequência de vídeos, captados por uma câmera escondida, foi ao ar em rede nacional no dia 25 de agosto de 2017, a matéria exibida pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, ganhou repercussão em toda imprensa do Brasil.
Bom, existem vários outros detalhes deste caso, vários outros envolvidos, mas até agora ninguém foi efetivamente penalizado. “O crime não compensa”, tenho certeza de que os políticos flagrados no vídeo recebendo dinheiro de suposta propina discordariam desse ditado, principalmente o prefeito de Cuiabá, pois será candidato mais uma vez.
Alguns devem estar lendo a coluna e dizendo: “nossa, o Paulinho está lembrando o vídeo do paletó”. Então, para deixar claro, não é sobre relembrar o vídeo do “paletó” (alusão ao prefeito Emanuel Pinheiro, flagrado colocando dinheiro de suposta propina nos bolsos de seu paletó), é sobre ser didático, como acabei de mostrar ao explicar a origem do “paletó”.
Quero mostrar a inércia do nosso Poder Judiciário, mostrar como a nossa Justiça é morosa, mostrar que o “pau que bate em Chico, não bate no Francisco”, e com toda a certeza não bate. Assim como o caso do paletó, em Mato Grosso temos várias outras figuras políticas que foram denunciadas e que ainda não sofreram uma única sequer penalização.
Em resumo, o ponto que quero chegar e não tenho certeza de ter deixado claro, é em relação ao favorecimento político, da demora nas investigações e da neutralidade de alguns Poderes. Mesmo flagrado em vídeo, Emanuel Pinheiro samba na cara dos cuiabanos, concluiu seu mandato. Eleito em outubro de 2016, esta a caminho da sua reeleição para mais quatro anos, entre prisões de secretários municipais e investigações, ele está no páreo.
Espero que neste pleito eleitoral, nos debates que irão se desenrolar após o dia 28 de setembro, alguns dos outros candidatos indaguem o atual prefeito sobre os polêmicos vídeos, pois tenho certeza de que nunca se ouviu tanto a palavra “paletó”, como se ouvirá agora.
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