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11/05/2021 às 10:42

CPI Placebo

Recentemente revelamos um dos maiores escândalos da saúde pública da cidade de Cuiabá. Os vídeos com quantidade impressionante de medicamentos vencidos rodaram o Brasil e deixou o contribuinte cuiabano horrorizado com tamanho descaso com o dinheiro público.

Desde então, a população aguarda respostas que pudessem justificar o fato ou a responsabilização dos culpados por permitir que isso acontecesse na Central de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá (CDMIC).

Caro cuiabano, sinto dizer, mas essa resposta não virá da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada na Câmara Municipal de Cuiabá. Denominada por seus criadores, vereadores da base aliada do prefeito, como CPI dos Medicamentos Vencidos, prefiro chamá-la como CPI Placebo.

Para quem não sabe, placebo é uma substância aparentemente medicamentosa, mas que não possui o efeito fármaco ativo, ou seja, não faz qualquer alteração no organismo.

A CPI criada na Câmara Municipal é exatamente assim, até parece uma iniciativa positiva de fiscalização do parlamento quanto ao absurdo revelado pela oposição ao prefeito, mas essa CPI não tem intenção alguma de fiscalizar, ou seja, é um placebo!

O escândalo dos medicamentos foi revelado pelos vereadores Diego Guimarães, Maysa Leão, Tenente Coronel Paccola e Michelly Alencar, todos da oposição ao prefeito Emanuel Pinheiro, mas a CPI foi proposta pela base aliada, tendo o vereador Lilo PINHEIRO, primo do prefeito e seu ex-líder, como proponente e, automaticamente, presidente da Comissão Parlamentar.

Outra função importante em uma CPI é a relatoria. Cabe ao relator captar todas as informações levantadas no procedimento investigatório e, ao final, emitir relatório com o resultado do trabalho realizado.

Aí você imaginaria: essa função foi passada à oposição para garantir que seja feito um trabalho equilibrado na CPI? Não!

O relator escolhido foi o vereador Marcus Brito Jr., que além de aliado de primeira hora do prefeito, é filho do ex-controlador geral do município, ex-procurador geral do município e ex-secretário de inovação e tecnologia da prefeitura de Cuiabá, todas as funções exercidas por livre nomeação do prefeito Emanuel Pinheiro.

E, antes disso, Marcus Brito (pai) foi advogado do então deputado Emanuel Pinheiro, inclusive o defendeu na malfadada causa das esmeraldas falsas, portanto, pessoa de extrema confiança do prefeito.

Quanto a Marcus Brito (Jr.) ressalto sua suspeição para relatoria da CPI Placebo, isso porque muitos dos medicamentos vencidos encontrados por nós no CDMIC, aparentemente, foram comprados pela prefeitura no período em que seu pai, Marcus Brito (pai), era Procurador Geral do Município (PGM).

Isso porque a lei complementar 208/2010, no art.3º, inciso VIII, estabelece que é dever do Procurador Geral do Município, "opinar nos processos de licitação do município, nos termos da legislação aplicável, observando os princípios que regem Administração Pública", portanto, Marcus Brito (pai) poderá ser investigado, por sua ação ou omissão, no caso dos medicamentos vencidos.

Uma das características do Placebo é causar no paciente, que imagina estar ingerindo um medicamento (verdadeiro), o efeito psicológico de estar recebendo o fármaco necessário para sua cura, essa prática é comum durante estudos de novas fórmulas pela indústria farmacêutica.

No caso da CPI não é diferente, para quem não conhece os bastidores da pizzaria montada na Câmara Municipal, parece que teremos uma investigação séria, contudo, não passa de uma CPI PLACEBO.
 
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