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04/02/2020 às 14:09

UFMT se une ao povo cigano e prepara programa de inclusão

Desde que chegaram ao Brasil, 500 anos atrás, povos são perseguidos e prejudicados politicamente. Ideia é incluí-los ainda mais na academia

Mirella Duarte

UFMT se une ao povo cigano e prepara programa de inclusão

Povo cigano se reúne e celebra conquista junto à UFMT

Foto: Reprodução facebook

Em Mato Grosso, são inúmeros os grupos de ciganos que resistem e lutam por direitos e visibilidade de suas comunidades. Há algum tempo, alguns representantes na academia ou política, buscam alternativa para a que a cultura específica e geral desses povos seja preservada.

Isso porque estes grupos, vindos de lugares diversos como os do continente Europeu, chegaram no Brasil há quase 500 anos, expulsos de Portugal por serem ciganos. Sofreram perseguições, com políticas anticiganas aplicadas pelo Estado brasileiro, além dos estereótipos, racismo e discriminação, o que invisibilizou as culturas e identidades ciganas.

Por isso, na última semana, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) iniciou neste mês de janeiro um processo para criação de políticas afirmativas voltadas para as comunidades ciganas mato-grossenses.
A conquista se trata de construir, a partir de agora, um programa que abarca sobrevagas na graduação e na pós-graduação com a duração de 10 anos. No caso da graduação, deve seguir moldes semelhantes aos pioneiros Programa de Inclusão Indígena (Proind) e Programa de Inclusão Quilombola (Proinq), que beneficiam essas minorias.

A decisão foi tomada na quinta (29), pela reitora da UFMT. A reitora Myrian Serra, após uma reunião em que foi demandada por membros da Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), informou que a partir da demanda da comunidade cigana, a instituição dará início a um processo para criação de um programa de inclusão cigana na graduação, com perspectiva para ser lançado em 2021.

Serra ainda explicou que de imediato a UFMT pode acolher os estudantes ciganos que possuem graduação nos editais dos programas de pós-graduação (mestrado e doutorado), do ano de 2020 com previsão de entrada em 2021. Isso porque, por meio da pró-reitoria de Pós-graduação (PROPG), a Universidade da Selva está desenvolvendo um processo de inclusão desta etapa do ensino que inclui outras minorias como quilombolas, indígenas e pessoas trans, por meio de programas específicos que serão lançados ainda neste ano.

“A UFMT tem como pauta prioritária a inclusão e o reconhecimento da diversidade; então, reconhecer a comunidade cigana, para nós também será um avanço bastante importante para a universidade. Penso que para a continuidade, já encaminhamos aqui várias questões de possíveis ações afirmativas na pós-graduação, na graduação, eventos, pesquisa, então, faço uma avaliação bastante positiva da reunião e tenho a expectativa que a UFMT será uma parceira muito importante para a comunidade cigana”, ponderou a reitora.

Comunidade Cigana
O encontro contou com a presença dos membros da AEEC-MT, Aluízio de Azevedo Silva (secretário), Terezinha Alves (diretora de mobilização), Irandi Rodrigues Silva (conselheira) e Rodrigo Zaiden (diretor de cultura). E foi acompanhada pelas pró-reitoras da UFMT, Ozenira Victor de Oliveira (pós-graduação), Erivã Garcia Velasco (assistência estudantil) e Lisiane Pereira de Jesus (ensino de graduação). A AEEC-MT representa em torno de 300 pessoas, em sua maioria do tronco étnico kalon – os outros dois troncos são os Rom e os Sinti – espalhadas por cerca de 10 municípios, mas concentrados em Tangará da Serra, Rondonópolis e Cuiabá.

Primeira cigana mato-grossense a cursar ensino superior na UFMT na década de 90 e atual diretora da mobilização da Associação Cigana, Terezinha Alves, que é formada em serviço social, comemorou a receptividade da direção da UFMT. Além disso, a comunidade já participou de outros dois trabalhos acadêmicos na instituição, a dissertação de mestrado “A Liberdade na Aprendizagem Ambiental Cigana dos Mitos e Ritos Kalon”, do também cigano Aluízio de Azevedo Silva Júnior, defendida no Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da UFMT; e o Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo da instituição, “Ciganos entre nós – a caminhada de uma família Kalon de MT” (2012), produzido por Dafne Henriques Spolti.

24 de maio
Também na oportunidade, a AEEC-MT solicitou apoio da UFMT para realização de um evento que tem como objetivo visibilizar as demandas sociais, políticas, acadêmicas e culturais das comunidades ciganas, a ocorrer no dia nacional dos ciganos, que se comemora todo dia 24 de maio, desde o ano de 2006. Entre as atividades do evento está previsto um seminário científico na instituição, que abordará temáticas importantes relacionadas aos direitos humanos dos povos ciganos e à pesquisa acadêmica.

O diálogo para o seminário, que contará com mesas redondas com especialistas, pesquisadores e militantes ciganos e de outras minorias étnicas, será realizado em parceria com o Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Artes e Comunicação (GPEA), da UFMT, cuja coordenação é da professora Michèle Sato.
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