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26/05/2021 às 10:11

Jogo de RPG apresenta cenários cuiabanos pós-apocalípticos

Cartões postais da capital, como a Arena Pantanal e Catedral Bom Jesus de Cuiabá, foram reconfigurados por ecoapocalipse

Túlio Paniago

Jogo de RPG apresenta cenários cuiabanos pós-apocalípticos

A Arena se tornou um verdadeira pantanal

Foto: Divulgação

Cuiabá é uma ruína selvagem dividida entre paisagens desertificadas, planícies alagadas e florestas densas habitadas por animais geneticamente modificados, como sucuris gigantes, onças-dente-de-sabre e uma gangue de macacos. Este é o cenário de “Célula Selvagem: Testamento da Terra”, um RPG de mesa desenvolvido pela Pahca Games. Para se inscrever para jogar, basta acessar este link.

Vários cartões-postais da capital, como a Catedral Bom Jesus de Cuiabá e a Arena Pantanal, ressurgem totalmente alterados após o domínio da natureza. Este é o primeiro sistema de RPG que, além de ser desenvolvido em Mato Grosso, também é ambientado no próprio estado.

O grupo desenvolvedor contará todos os detalhes sobre o jogo em uma live, transmitida a partir das 19h desta sexta-feira (28), através deste link. Na ocasião, também será inaugurada uma loja virtual.

No cenário distópico do game, os jogadores assumem o papel de sobreviventes - e tentam se manter nessa condição - sob a vigília constante de uma inteligência artificial que desencadeou um ecoapocalipse após a implantação de uma tecnologia com capacidade de controlar o clima.

Mato Grosso, neste universo ficcional em diálogo com a realidade, era o maior produtor de alimentos do mundo, todavia as atividades humanas aceleraram o aquecimento global, intensificando efeitos colaterais, como mudanças nos regimes das chuvas e períodos de seca mais longos e severos, o que resultou na diminuição da produtividade.

Tendo como propósito se manter no topo, o Estado é o primeiro a investir na tecnologia chamada “Célula Selvagem”, cujo objetivo é justamente gerenciar ciclos climáticos para mitigar estes efeitos colaterais que estavam afetando a produção. Mas algo sai do controle e a natureza passa a imperar, transformando radicalmente a paisagem da capital.

Na trama do jogo, a história que resulta neste contexto pós-apocalíptico é contada a partir de fragmentos de jornais diários e relatórios reunidos por Marcus Madureira, personagem responsável por criar o chamado "Testamento da Terra", pelo qual tenta informar as gerações futuras sobre como tudo começou.

O roteiro original foi concebido pela mente criativa do escritor e fã de RPG, Caio Ribeiro, que orquestrou toda equipe junto a seu parceiro criativo e outro entusiasta de RPG, Pahblo Smorcinski. Este assumiu a gerência de programação do jogo. O artista visual e designer Maurício Mota criou os layouts dos arquivos e logomarcas exclusivos para o Testamento da Terra.

O livro "Célula Selvagem: Testamento da Terra", que estará disponível para download já no lançamento, traz todos os manuais e regras, a história do jogo e a campanha inicial. O projeto conta ainda com um aplicativo de gerenciamento de fichas para tornar a criação de personagens e atualização de dados mais eficaz. O app roda em celular e computador.

Dinastia da natureza

Para pensar todo o arcabouço de narrativas, Caio conta que realizou intensa pesquisa. “A Célula Selvagem é um satélite que fica na lua, enviando ondas para a Terra. S.A.R.A.H (Ser Artificial Restrito ao Aprendizado Humano) operacionaliza tudo, mas as diretrizes de segurança PISSA (Programa Inteligente de Segurança de Ser Artificial) é quem regula suas iniciativas”.

Quando um cientista o desinstala para tentar dominar a poderosa tecnologia, S.A.R.A.H. interpreta como uma mensagem de que o ser humano é incapaz de viver em um ciclo ecológico e a raça humana precisa ser extinta. Para alcançar este propósito, a tecnologia artificial desencadeia um gigantesco descontrole climático que dá início ao ecoapocalipse.

Caio Ribeiro conta que a história está recheada de easter-eggs que têm como referência personalidades da cultura mato-grossense. “Também realizamos um estudo sobre raízes comestíveis, plantas e frutas que podem ser usadas como remédio ou alimento pelos sobreviventes e dizem muito sobre nossa região”, acrescenta.

Personagens e representatividade

O jogo também tem uma preocupação social com diretrizes como a equidade. “A personagem Caçadora-Coletora, por exemplo, confere representatividade às mulheres que são entusiastas do RPG e a vestimenta pensada pelo ilustrador Andrés Bazán reflete preocupações com bem-estar e proteção, na contramão da hipersexualização de personagens”, revela Caio.

Em um universo marcado pela presença de homens brancos e musculosos, também houve a disposição em apostar na diversidade. “Personagens afrodescendentes, um idoso e uma indígena também aparecem como sugestões na estética visual do jogo”, explica Andrés Bazán, responsável por ilustrar as funções.

Existem cinco funções disponíveis para criação dos personagens. Caçadora-Coletora é paciente e estável, responsável por caçar e coletar itens, enquanto a Rastreadora é silenciosa e furtiva, responsável por rastrear inimigos e informações. Batedora é a aventureira curiosa, responsável por explorar os lugares conhecendo rotas e pontos seguros.

Escambista é o carismático bon vivant que cuida das negociações, trocas e diálogos nem sempre diplomáticos. Neutralizadora lida com ameaças. Sua bravura protege o grupo de qualquer tipo de perigo. Socorristas dedicam suas vidas a ajudar e cuidar de seus companheiros, sendo os guardiões da saúde do grupo.


Biomas e biodiversidade

Os animais geneticamente modificados, que amedrontam sobreviventes na região central de Cuiabá, foram materializados pelo ilustrador Kauê Daiprai. Ele usou software 3D para construir as paisagens da Cidade, para dar ponto de vista de leitura aos jogadores.

“Como não conhecia Cuiabá, decidi fazer um mapa tridimensional da cidade e ir construindo os cenários das ilustrações baseados nessa blocagem 3D, para ser o mais fiel possível”, explica.

Responsável pela curadoria científica, Pahblo, que também é estudante de biotecnologia, elaborou as regras do jogo. “Pensei em como deixar esse mundo coeso. Claro que há soluções mais fantasiosas, afinal, se trata de uma obra de ficção. Mas tentamos, dentro do possível, criar um ambiente crível, extrapolando as tecnologias atuais".

Ele trabalhou ao lado de Guilherme Tchornei, o programador responsável pelo APP. “Antigamente as fichas de personagens [de RPG] eram feitas no papel, editadas a lápis. Pensamos no APP justamente para que seja mais portátil e prático de acessar. Com a ficha no celular ou no computador, não precisa de papel, caneta e nem de dados", comenta Guilherme.

Produtora independente

Caio e Pahblo contam que a Pahca Games, produtora independente de jogos, foi criada por ambos, em 2020, com o intuito de inserir Mato Grosso no mercado de games do gênero. O objetivo é trabalhar com jogos de tabuleiro e eletrônicos, mercado consolidado no mundo e que começa a despontar no estado.

Para que “Célula Selvagem – Testamento da Terra” fosse consolidado,eles reuniram um time de profissionais de vários cantos do país e do mundo. O projeto foi aprovado por edital da Lei Aldir Blanc, realizado pelo Governo de Mato Grosso via Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), em parceria com o Governo Federal, via Secretaria Nacional de Cultura do Ministério do Turismo.

Com informações da Assessoria de Imprensa - Lidiane Barros
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