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16/06/2021 às 13:30

Vídeo | Mães pedem por amor e respeito aos filhos LGBTQIAP+ ao entregar flores em ato

O preconceito mata e Selma Aparecida quase perdeu a filha durante o processo de mudança de gênero. Ela é uma das mães que pertencem à Ong Mães da Diversidade MT e luta por mais direitos aos filhos

Luzia Araújo

Vídeo | Mães pedem por amor e respeito aos filhos LGBTQIAP+ ao entregar flores em ato

Foto: Ong Mães da Diversidade MT

“Mãe me abandona, me deixa morrer, porque não quero viver”. Esta foi uma das mensagens que Selma Aparecida das Chagas, de 38 anos, recebeu da filha Alicia Vitória Chagas Cavalcante, durante uma crise de depressão. O problema de saúde surgiu quando ela fazia o processo para mudança de gênero. Alicia foi Sidney até os 16 anos, quando revelou para sua mãe o desejo de fazer a transição sexual.

No ano seguinte, Alicia ingressou na faculdade de engenharia de software na cidade de Rondonópolis, onde começou a tomar hormônios para se tornar uma mulher trans. Ela avisou a mãe que iria começar a tomar os remédios, porém por se sentir excluída da sociedade devido a sua mudança de gênero e sem amigos na cidade do interior de Mato Grosso, a jovem tentou tirar a própria vida.



Ao receber a notícia que a filha estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto-Socorro de Rondonópolis, Selma foi acompanhar a recuperação de Alicia e foi orientada pelos professores da faculdade para não deixar a jovem seguir o curso sozinha. Após receber alta médica, mãe e filha retornaram para Cuiabá, onde a jovem lutou por mais oito meses contra a depressão. Hoje, com 24 anos, Alicia está bem, mas continua enfrentando muitos preconceitos por ser uma mulher trans ao lado da família, principalmente de Selma.

A mãe de Alicia faz parte da Ong Mães da Diversidade MT e junto com outras mulheres esteve na manhã dessa terça-feira (15), na Praça Alencastro, onde participou de uma panfletagem com flores para pedir respeito aos filhos LGBTQIAP+.

Selma disse que sua filha passa por diversas dificuldades no seu dia a dia, como ingressar no mercado de trabalho, além da falta de acompanhamento médico especializado na rede pública de saúde e da violência.

“Hoje o nosso ato é mais voltado para amor e respeito, mas também estamos buscando ajuda para desburocratizar a transição de gênero feita no documento da pessoa trans. Minha filha é linda, superfeminina, mas quando chega em uma entrevista de emprego, que pedem os documentos dela e encontram o gênero masculino, dificulta muito a vida dela”, disse Selma.

A coordenadora do grupo,
Josiane Marconi, disse que a dificuldade para entrar no mercado de trabalho tem sido um dos maiores problemas enfrentados pela população LGBTQIAP+, principalmente pelas as pessoas trans.

“Elas não se enquadram dentro dos padrões de beleza impostos pela sociedade. Então, elas ficam com este problema de empregabilidade e também por conta do uso do nome social, nem todas já fizeram a retificação dos documentos e isto se torna um problema”.



Para a coordenadora, uma das maneiras para combater este problema é por meio da educação. “É preciso falar sobre isto nas escolas, até por uma questão de segurança e para as pessoas aprenderem que o diverso existe. Além disso, seria necessário que as empresas pudessem ter cotas ou liberação de imposto de renda, caso empregasse pessoas LGBTQIAP+”.

Josi disse que a ação na manhã dessa terça-feira (15) serviu para conscientizar a sociedade e apoiar mães que tem filhos LGBTQIAP+. “Quando nos descobrimos mãe de pessoa LGBTQIAP+ é uma solidão, um medo e uma angústia, mas quando nos encontramos com outras mães nos sentimos mais fortes e podemos dar mais força para os nossos filhos”.


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