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03/08/2021 às 13:22

Saudosismo e esperança tomam conta de artistas, em reforma do anfiteatro do IFMT

Obras no equipamento cultural foram lançadas na segunda-feira, após 11 anos de fechamento

Priscila Mendes

Saudosismo e esperança tomam conta de artistas, em reforma do anfiteatro do IFMT

Foto: Montagem Entretê; Crédito das fotos: ao fim da reportagem

Um sentimento de esperança tomou conta de artistas, professores e comunidade acadêmica, com a pequena cerimônia de lançamento da reforma do Anfiteatro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), no campus Cuiabá Cel. Octayde, na segunda-feira (2).

Eduardo Butakka, ator, que participou do lançamento, demorou para elaborar o sentimento, quando viu apenas o “esqueleto” do anfiteatro, preparado para início das obras: concreto por todo lado, escadas e rampas… não tinha iluminação, não tinha teto, mas já tem palco. “Ali já foi um templo para mim e parecia um coliseu arrasado. Mas senti esperança desta vez”, contou ao Entretê, fazendo referência a outro momento em que foi anunciada uma grande reforma.

Isso foi há mais de 11 anos: o anfiteatro foi fechado, em 2009, centenário da instituição, para a primeira reforma estrutural desde que fora inaugurado na década de 1970, como um presente - para a casa, para a comunidade acadêmica e para a população.

No entanto, em 2010 - com previsão de entrega em 2011, a obra foi embargada por problemas técnicos e estruturais e não teve continuidade, pois as demandas de adequação extrapolavam o recurso financeiro disponível.


A obra, desta vez, custará R$ 3,5 milhões - recursos da reitoria e de emenda parlamentar da bancada federal de Mato Grosso - e o prazo de conclusão é de dois anos.

O anfiteatro Hélio de Souza Vieira terá 1,8 mil metros quadrados, distribuídos em três pavimentos e contará com 380 lugares, foyer, camarins, elevador, som e iluminação de última geração, além de salas para oficinas e para aulas das disciplinas de artes.

Justino Astrevo, conhecido como Lau, da dupla com Nico, atual secretário adjunto de Cultura de Cuiabá, também participou da cerimônia, com bastante nostalgia, já que estudou na antiga Escola Técnica Federal (ETF/MT) e iniciou a carreira de ator no anfiteatro. “É uma alegria para todos nós cuiabanos ver esse teatro devolvido à sociedade”, comentou.


Devolver à sociedade, porque o anfiteatro do IFMT sempre foi importante equipamento cultural de Mato Grosso, que revelou grandes artistas - não só J. Astrevo nem Eduardo Butakka -, acolheu grandes nomes regionais, como Liu Arruda, foi berço do Pessoal do Ânima e foi palco de artistas nacionais, como Derci Gonçalves, Paulo Autran e Nicete Bruno.

O cineasta Luiz Marchetti, também ex-aluno da ETF/MT, quando se apaixonou pelas artes cênicas, também esteve no lançamento das obras e poetizou nas redes sociais: “Foi arrepiante. Voltar a este lugar onde tudo começou! Que potência tem essas paredes? Quantos rituais ali aconteceram? Quantos ensaios? Diálogos? Peças teatrais apresentadas para a censura. Comédia. Drama. Quanta aprendizagem!”. Marchetti ainda conceituou o momento como “promessa de cura” e “luz no fim do túnel”.

Mesmo só com o ‘esqueleto’ do anfiteatro, Eduardo Butakka também sentiu essa energia “que aquelas paredes guardam”. O ator registrou que as expectativas são de que “as obras sejam concluídas, se possível, antes do prazo” e que o “IFMT volte a ser um grande provedor de Cultura, de capacitação de artistas, que é algo que tanto a comunidade acadêmica e a sociedade em geral perderam”.

Inclusive, a personagem com a qual é conhecido, a sexóloga Penélope, nasceu naquele anfiteatro, quando foi apresentado, pela primeira vez (e tantas outras vezes), o espetáculo “Segredos de Liquidificador”. Sobre os mais de 11 anos fechado, Butakka assevera: “quem mais perdeu foram os alunos, que não tiveram, nesse intervalo, a experiência [nas artes] que eu tive”.

O diretor do campus Cuiabá, Alceu Cardoso, vê na retomada das obras um sonho que vira realidade. “Fizemos um trabalho árduo de economia de recursos e mobilização dos professores e técnicos, que doaram os projetos necessários para ver essa obra sair do papel”, destacou. O campus fica no centro da capital - onde funcionou a Escola de Aprendizes Artífices, lá em 1909.

O evento contou com a presença de outras autoridades acadêmicas, políticas e membros da comunidade artística.

Comissão de acompanhamento

Em conversa no local, Eduardo Butakka, J. Astrevo e Lioniê Vitório (o Nico) propuseram montar uma comissão de acompanhamento com artistas locais. “Sabemos que os engenheiros são muito competentes, mas é importante que a gente seja consultado, para apresentar os requisitos da classe artística e também da população”.

Fotos do anfiteatro atual: Luiz Marchetti; Foto do espetáculo 'Segredos de Liquidificador', de 2006: acervo Eduardo Butakka
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