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Notícias / Literatura

22/12/2021 às 12:20

Livro de Silva Freire e documentário sobre obra do poeta são lançados nesta quarta

Evento será realizado no Cine Teatro Cuiabá, a partir das 19h, com entrada livre

Entretê

Livro de Silva Freire e documentário sobre obra do poeta são lançados nesta quarta

Foto: Divulgação

Trinta anos se passaram até o surgimento do último volume da Trilogia Cuiabana completando a obra de um dos expoentes da literatura mato-grossense, o poeta Benedito Silva Freire. Com o título "Ossatura da Cuiabania", o livro, juntamente com os dois primeiros - Presença na Audiência do Tempo e Na Moldura da Lembrança - simbolizam o legado do poeta sobre o povo cuiabano.

A Casa Silva Freire, que mantém o acervo preservado e agoracatalogado e digitalizado, realiza o lançamento nesta quarta-feira (22), às 19h, no Cine Teatro Cuiabá, com entrada livre. A noite será marcada também pela première do documentário "Charivari", que revê a trajetória do poeta e exalta a contribuição imensurável para o desenvolvimento cultural de nosso Estado.

O projeto foi selecionado no edital Mestres da Cultura, da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel/MT), com recursos da Lei Aldir Blanc.

A diretora da Casa Silva Freire, Larissa Freire Spinelli, destaca que os três volumes foram organizados e diagramados pelo poeta gráfico e visual Wlademir Dias-Pino. Os dois primeiros foram lançados em 1991 pela editora da Universidade Federal de Mato Grosso conforme o trabalho de Silva Freire e Dias-Pino.

O terceiro volume, Ossatura da Cuiabania, é resultado do trabalho cuidadoso de resgate da obra por Larissa Silva Freire Spinelli, Maria Teresa Carrión Carracedo e João Paulo Paes de Barros e publicado pela Editora Entrelinhas.

“A obra Trilogia Cuiabana é resultado de vinte anos de pesquisas realizadas pelo autor, documentando aspectos variados do processo cultural e histórico da região do Vale do Rio Cuiabá, desde os culturais, históricos, políticos, artísticos, psicossociais, linguísticos, gastronômicos, educacionais, religiosos, urbanos, jornalísticos até a contribuição cuiabana à literatura de vanguarda nacional”, descreve Larissa.

Segundo ela, a publicação do volume 3, acompanhado pelo documentário, proporcionará um reparo histórico de três décadas sobre o conjunto da produção literária de Silva Freire, interrompida com falecimento do homenageado.

Documentário

O curta documental "Charivari", realizado em uma coprodução com os cineastas Juliana Segóvia, Sérvulo Del Castilho e Maurício Pinto, aborda a vida, pensamento e obra do autor com o roteiro baseado em uma entrevista inédita de Silva Freire à Revista Contato Hoje.

Quem o entrevista é o jornalista André Machado, com apoio do amigo Dias-Pino e edição e pauta de Maria Teresa Carrión Carracedo. Ela foi gravada em Cuiabá, em 1991, três meses antes de Silva Freire falecer, em 11 de agosto, aos 62 anos.

O poeta, que nasceu em Porto de Fora, vila próxima a Mimoso (distrito de Santo Antônio de Leverger), em 20 de setembro de 1928, permanece vivo na memória da cuiabania como brilhante advogado, jornalista cultural, poeta de vanguarda e professor titular do Departamento de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

A entrevista está gravada em áudio e foi um grande desafio transformar o registro em vídeo, como explica Juliana Segóvia, uma das diretoras do documentário. “Na entrevista ele fala sobre o terceiro volume e o caminho que trilhou na literatura. Nosso desafio foi romper as narrativas formais. Mas graças ao cuidado da Casa Silva Freire, pudemos acessar registros diversos em vídeo, fotos e textos do poeta”, explica.

O poeta

Nas décadas de 1950 e 1960, participou dos movimentos político, estudantil e artístico-cultural nacional e estadual por um idealismo socialista trabalhista em defesa da democracia e dos direitos fundamentais do cidadão. Colaborou para a formação cultural brasileira e para história política, educacional e literária mato-grossense, tendo sido preso e cassado em seus direitos políticos pela ditadura militar na ocasião da Revolução de 31 de março de 1964, ficando aproximadamente 48 dias detido, tendo respondido a Inquérito Policial Militar (IPM) e sua liberdade vigiada pelos 20 anos seguintes.

Injustamente, suas ideias progressistas, socialistas e nacionalistas foram alcunhadas de comunistas. Começou a docência na embrionária Faculdade de Direito de Cuiabá, mas foi demitido da cátedra de Legislação Social que ocupava em 23 de setembro de 1964. Desde o período de sua cassação até o retorno da democracia no país em 1985, Silva Freire continuou se dedicando ao jornalismo cultural, à literatura e aos trabalhos jurídicos por meio dos quais denunciava a ditadura que se instalou no Brasil, fazendo da tribuna do júri o lugar de defesa da liberdade.

Dedicou-se ao trabalho comunitário, proferindo palestras e conferências a convite, inclusive de professores do Departamento de Letras, sindicatos, escolas, grêmios estudantis, clube de mães e clube de serviços. Como um dos fundadores do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso prosseguiu a atividade jornalística escrevendo nos jornais: Tribuna Liberal, O Social Democrata e Folha Trabalhista, de Campo Grande; O Momento, de Corumbá; Folha Mato-grossense, Correio da Imprensa, semanário Vanguarda Mato-Grossense, O Estado de Mato Grosso, Defesa, da OAB-MT, A Gazeta e Revista Esquema, de Cuiabá e jornal do Conselho Federal da OAB.

No campo da literatura, foi um dos fundadores do Movimento Literário Intensivista, da Casa da Cultura de Cuiabá e da União Brasileira de Escritores em Mato Grosso. Membro da Academia Mato-grossense de Letras onde ocupou a cadeira de número 38. Suas pesquisas poéticas de abordagem etnográfica e sociológica resultaram em um mapeamento memorialístico “rurbano”, com as primeiras produções publicadas em jornais e revistas literárias na década de 1950, poemas em formato de doze Cadernos de Cultura na década de 1960 a 1970 e o primeiro livro de poesia, Águas de Visitação, publicado em 1979.

Com assessoria
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