Kaya Agari, na mostra Véxoa: Nós Sabemos, na Pinacoteca de São Paulo
Foto: Arquivo pessoal
Quando você pensa em expressões artísticas indígenas, o que vem à sua mente? Biojoias, cestos de palha, peças de cerâmica? Sim, tudo isso. Mas tem muito mais: uma infinidade de produções também nas artes visuais, na música, nas artes cênicas, na moda… Neste Dia do Índio, ou melhor, Dia de Resistência dos Povos Indígenas, o Entretê traz algumas manifestações artísticas de indígenas para você conhecer e, caso queira, adquirir.
A data, 19 de abril, faz referência ao Congresso Indigenista Interamericano, realizado em Patzcuaro (México), entre 14 e 24 de abril de 1940. Inicialmente, os representantes indígenas boicotaram o evento, avaliando que não teriam voz nas reuniões. Mas, justamente no dia 19, decidiram comparecer e participar das discussões.
Conhecer, adquirir para sua casa ou usar uma peça indígena são formas de acessar outras culturas menos divulgadas, conforme explica Isaac Amajunepa, da Aldeia Umutina-Balatiponé, localizada em Barra do Bugres. “A partir do momento em que um cliente compra um produto, ele acaba levando para dentro de casa uma história que é construída através daquele artesanato. O cliente compra a nossa história e nós entregamos para ele um artesanato”.
As peças são criadas por indígenas da comunidade, com idades entre 50 e 70 anos, responsáveis, também, por repassar tais saberes artísticos aos mais novos. “Uma arte criada por anciãos de nosso território, [...] que passaram seu conhecimento de geração em geração, para que as suas artes não morressem”, contextualizou Isaac Amajunepa.
O trabalho também garante emprego e renda para as famílias. “E agora, com o passar do tempo, com tudo isso crescendo na comunidade, o artesanato virou um potencial [...] e o site foi um meio que a gente encontrou para que esse produto saia da comunidade [e retorne] como um recurso”.
Por permitir a compra “sem atravessadores”, as peças oferecidas estão a preços bastante acessíveis. Para conhecer mais sobre as linhas do projeto, acesse @criacoesbolorie e @vivenciaumutina no Instagram.
Cerâmicas e telas
Ana Patricia Karuga Agari, a Kaya Agari (@kaya_agari), é uma jovem cuiabana, estudante de Nutrição na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Desde 2011, dedica-se à pintura pela técnica óleo sobre tela e ao muralismo a partir da cultura dos Kurâ-Bakairi, de Paranatinga. Entre outubro de 2020 e março de 2021, foi uma dentre os 23 indígenas que apresentaram trabalhos artísticos na exposição 'Véxoa: Nós sabemos', na Pinacoteca de São Paulo, com curadoria de outra cuiabana, a artista e pesquisadora Naine Terena.
“Nas minhas obras, eu levo toda a minha cultura, a espiritualidade, a ancestralidade [de meu povo], para que a minha cultura não desapareça. Por isso, é muito importante valorizar a arte indígena, não só de meu povo, como de todos os povos originários que estão neste Brasil”, registrou a artista.
Maria Anarrory Yudja (@anarrory) também participou da primeira mostra de arte indígena da Pinacoteca de São Paulo, a Véxoa, expondo peças de cerâmica elaboradas por ela, por uma irmã e por uma tia. Anarrory, graduanda em Serviço Social, é do povo Juruna, da terra indígena Kaport Jarina, localizada na região Xingu de Peixoto de Azevedo.
E ela quis deixar uma mensagem em alusão ao Dia dos Povos Indígenas: “Neste dia, minha gratidão aos nossos ancestrais indígenas, [desejo, para] o presente, ‘resistência’ para termos um futuro com garantia aos nossos jovens [e deixar de herança] território, cultura e nosso modo de viver”.
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