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Notícias / Cinema

06/07/2022 às 15:38

Curta documental discute a relação entre jornalismo e produção cultural em MT

A produção do coletivo Com_Texto já está disponível no Youtube

Priscila Mendes

Curta documental discute a relação entre jornalismo e produção cultural em MT

A jornalista Beatriz Passos, diretora e produtora do curta, entrevistando a produtora cultural Maria Clara Bertúlio

Foto: Marcos Salesse

Já está no ar o curta-documentário “Cultura é contexto”, desenvolvido pelo Coletivo de Jornalismo Independente Com_Texto, com o objetivo de debater sobre as relações entre a produção cultural e o jornalismo em Mato Grosso, do qual o Entretê teve a honra de participar, a partir das percepções da repórter - eu mesma, Priscila Mendes.

O filme de quase 20 minutos reuniu diferentes vozes e atuações da cena cultural mato-grossense, seja pela perspectiva dos agentes culturais, seja pela percepção dos jornalistas. Foram entrevistados a multiartista Lupita Amorim, o gestor cultural Matheus De Lucca, a produtora cultural Maria Clara Bertúlio e os jornalistas de Cultura Maria Clara Cabral, José Lucas Salvani e, como já dito, Priscila Mendes.

O resultado dessa discussão está disponível pelo youtube - assista mais abaixo na íntegra. A iniciativa foi contemplada pelo edital Movimentar - Cultura, da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel/MT).

A produção levanta questionamentos sobre o que é e quem produz cultura, como também faz provocações sobre quem produz e qual a importância do jornalismo. Além de debater quais os caminhos possíveis para um trabalho jornalístico alinhado ao desenvolvimento da diversidade de manifestações culturais.



Durante o documentário, a multi-artista Lupita Amorim revela alguns dos desafios e alternativas encontradas por ela para acessar os meios de comunicação local. De acordo com Lupita, ser uma travesti negra, da periferia, permite que ela construa manifestações artísticas baseadas em experiências que potencializam as expressões da regionalidade do estado.

Ela denuncia, no entanto, que esse lugar é transformado em uma posição única de narrativa. Na qual seu trabalho não é percebido enquanto um elemento de produção da cultura local e, sim, como um segmento limitado. “Nosso trabalho também é muito interessante, fala sobre a nossa cidade, sobre o nosso estado e também merece esse reconhecimento", evidencia a multi-artista.

Já o gestor cultural Matheus De Luca destaca o lugar da cultura no cotidiano. Segundo ele, as pessoas se interessam por manifestações que estão interligadas com a sua própria identidade. Por isso, De Luca afirma que os meios de comunicação precisam se sensibilizar com as múltiplas produções artísticas que acontecem diariamente.

“De um lado a gente tem a mídia que está falando sobre a vida de uma maneira informativa, por outro a gente tem a arte que fala de uma maneira reflexiva. Então, a arte está fazendo o que a mídia não está fazendo, ela está trazendo diferentes perspectivas”, destacou o gestor.

Para a produtora cultural, Maria Clara Bertúlio, existem relações desiguais no processo informacional desenvolvidos por grandes veículos midiáticos: “É importante que a gente esteja criando novos espaços de mediação da cultura e principalmente dialogando com a comunidade”.

A mudança requer investimento

A jornalista Maria Clara Cabral aponta que o jornalismo cultural tem uma grande capacidade de explicar as dinâmicas sociais, ultrapassando a ideia de apenas informar sobre um evento pontual. Nesse sentido, afirma que é preciso que haja condições favoráveis para que esse trabalho seja realizado. Ele “tem esse potencial de superar o fato, de ir além. O grande problema do jornalismo em Mato Grosso, em geral, é a falta de contexto e a cultura é o contexto”.

Por sua vez, José Lucas Salvani defende que haja investimento no jornalismo cultural para que seja possível um panorama com diversidade e quantidade de produções. “Fazer jornalismo cultural pelo jornalismo independente é um caminho, mas é um caminho mais difícil do que nas redações, porque não tem recurso, mas dá. E aí, eu penso, se um jornalismo independente dá conta, porque uma redação, com recurso, não dá? Eu acho que falta investimento”, provoca o jornalista.

O coletivo destaca, na minha entrevista, que a mudança está entrelaçada ao apoio desde a base, no incentivo à produção cultural, até despertar o consumo pela sociedade e o engajamento das produções midiáticas. "Havendo investimento em cultura, vai ter produção cultural; havendo produção cultural, haverá demanda. E aí a gente vai permitir que a sociedade tenha mais intimidade com isso, que ela entenda a cultura como algo do seu cotidiano”, registro, entendendo que as empresas de Comunicação não terão outra saída a não ser a de voltar o olhar para as manifestações culturais.

Com assessoria
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1 comentário

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  • Lupita de Amorim Novais Silva 06/07/2022 às 00:00

    Parabéns a equipe Com_Texto por este material diverso e potente que expõe a relação entre a cultura e o jornalismo aqui em Mato Grosso. Temos avançado no reconhecimento das nossas demandas e reivindicações, entretanto, nota-se que existem lacunas a serem preenchidas e desafios a serem vencidos. Que bom que temos este material com reflexões, falas e apontamentos de diversos profissionais do nosso Estado que tem levantado essa discussão e produzindo cultura de uma maneira representativa, diversa e potente.

 
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