Cuiabá, sábado, 20/04/2024
11:20:03
informe o texto

Notícias / Música

29/07/2022 às 15:15

Melhor não misturar arte com política? Confira 11 músicas com posicionamentos muito rock 'n' roll

Uma lista para quem "gostava mais do Pink Floyd quando não falava sobre política"

Paulo Henrique Fanaia

Melhor não misturar arte com política? Confira 11 músicas com posicionamentos muito rock 'n' roll

O ex-Pink Floyd Roger Waters

Foto: Scott Kowalchyk / CBS

Há quem diga que "política, futebol e religião não se discutem". Pelo jeito, os defensores dessa máxima querem incluir “música” nela. Para vocês terem uma ideia, alguns fãs de rock ficaram chocados após as bandas Rage Against The Machine e o ex-Pink Floyd Roger Waters se manifestarem politicamente em seus shows.

Antes de se apresentar na Pensilvânia (EUA), em 6 de julho, o cantor Roger Waters decidiu passar uma mensagem singela no telão e fez um aviso ao público: “Se você é uma dessas pessoas que diz 'eu amo Pink Floyd, mas não apoio as visões políticas de Roger', você pode se f*der e ir para o bar agora".

Já o Rage, no dia 9 de julho, enquanto se apresentava emWisconsin (EUA), exibiu uma mensagem no telão do palco dizendo: “Nascimento forçado em um país onde a mortalidade materna é duas a três vezes maior para mulheres negras do que para as brancas. Nascimento forçado em um país onde a violência armada é a principal causa de morte entre crianças e adolescentes. Abortem a Suprema Corte”.

Desde então, fãs da música estão acusando os artistas de entrarem para a “turma da lacração”.

A polêmica chegou ao Brasil. A modelo Ellen Jabour se manifestou nas redes sociais dizendo que não gosta de shows que misturem música com política. Segundo a modelo: “Vivi isso no show do Roger Waters e foi uó”.

Foi pensando nisso que o Entretê fez uma lista com alguns exemplos de artistas e bandas que sempre falaram sobre política em suas músicas, mas, pelo jeito, alguns fãs esqueceram disso e acham que essa história de misturar música com política é coisa nova.

Another Brick in The Wall – Pink Floyd

Para começar essa lista, nada melhor do que um dos maiores alvos dos “críticos” atuais. Pink Floyd sempre foi uma banda que fez músicas repletas de metáforas contra o sistema opressor. Composta pelo inigualável Roger Waters, a música faz uma crítica ao sistema de ensino britânico que não incentivava a criatividade e o senso crítico dos jovens, fazendo com que eles se tornassem “mais um tijolo no muro”.

Apesar de ter sido lançada no final da década de 1970, a música casa muito bem com a discussão do sistema de ensino atual e as críticas sobre se deve ou não ser discutido política nas escolas.



Killing in The Name – Rage Against The Machine

Quem conhece a história da “Ódio Contra às Maquinas” - ou, no sentido mais literal, “Ódio Contra o Sistema” - sabe que os gritos de Zack de la Rocha nunca foram sobre copiadoras ou máquinas de lavar enguiçadas.

A banda sempre teve músicas regadas pelo contexto político não só americano, mas também mundial, chegando ao ponto de em certos shows queimar a bandeira americana enquanto se apresentava.

Killing in The Name” além de ser um dos maiores hinos do Rage é um exemplo de como os caras conseguem protestar e tem o dom de criar uma atmosfera caótica em suas músicas. Crescendo a revolta a cada estrofe, a música é uma crítica ao racismo contra e as lutas sociais com violência vinda do homem branco e da polícia. No começo o cidadão aceita tudo, mas no final ele simplesmente se revolta e grita em alto e bom som: “F****, não vou fazer o que você me manda!”.



Comida - Titãs

“A gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte”. É com essa frase que o Titãs resume toda a revolta da sociedade que precisa muito mais de assistencialismo barato. Composta por Arnaldo Antunes, a música é dos tempos antigos dessa banda que já chocou o Brasil pela sua rebeldia durante os anos 1980 e 1990.



Born in The U.S.A. – Bruce Springsteen

Uma pessoa desavisada que assiste qualquer show do Bruce Springsteen, pode achar que ele é o maior exemplo de patriotismo e amor ao país de origem. Sempre ostentando a bandeira dos Estados Unidos e até mesmo citando a terra natal em seus discos, Bruce é um cara extremamente político e contestador. Poderíamos citar todas suas músicas para falar aqui, sendo a minha preferida a “The Ghost Tom Joad”, que foi gravada até mesmo pelo Rage Against the Machine, mas resolvemos falar sobre "Born in The U.S.A".

A música é considerada o maior sucesso do cantor e ela é uma crítica direta ao governo americano durante a Guerra do Vietnã. A letra conta a história de um jovem que foi enviado para lutar na guerra e após vivenciar os horrores do campo de batalha, ele é obrigado a retornar aos Estado Unidos sem qualquer tipo de apoio psicológico, financeiro, social e emocional. Total atemporal.



O Bêbado e a Equilibrista – Elis Regina

“Caía a tarde feito um viaduto / E um bêbado trajando luto / Me lembrou Carlitos”, assim começa a música composta por João Bosco e Aldir Blanc e interpretada na voz poderosa de Elis Regina. Composta durante a década de 1970, no momento mais caótico da Ditadura Militar brasileira e quando o Ato Institucional nº 5, o mais rigorosa da era militar ainda vigorava, "O Bêbado e a Equilibrista" acabou se tornando um hino da anistia que exigia “A volta do irmão do Henfil”, ou seja, o sociólogo Betinho, exilado pelos militares naquela época.

Cheia de simbolismos e metáforas, a música deve ser analisada com calma para que possa ser entendida. Como exemplo vamos pegar o trecho “A Lua tal qual a dona do bordel / Pedia a cada estrela fria / Um brilho de aluguel”, onde a Lua se refere aos políticos que defendiam o regime militar por interesses particulares. A Lua recorre às estrelas frias (militares), um brilho de aluguel (qualquer tipo de ganho eleitoral ou pessoal).



Apesar de Você – Chico Buarque

É incrível como ainda existem pessoas que criticam Chico Buarque por falar muito sobre política atualmente. Essas mesmas pessoas ouviam Chico há muitos anos atrás e parecem que esqueceram que o compositor sempre falou sobre política em suas obras.

Chico foi tão perseguido pelos censores da Ditadura Militar que adotou o pseudônimo de Julinho da Adelaide para burlar o sistema e ter suas músicas aprovadas pelos órgãos governamentais. “Apesar de Você” é um dos maiores exemplos de como Chico retratou os anos de chumbo do período militar. A música chegou a ser proibida de tocar nas rádios brasileiras durante o período do presidente Médici, sendo liberada somente oito anos depois.



Fuck You – Lily Allen

Lançada em 2009, "Fuck You" é uma critica direta ao ex-presidente americano George W. Bush. Lily Allen não dispensou xingamentos e expressões para demonstrar seu desprezo ao ex-presidente, lembrando até mesmo a época em que o pai dele, George Bush, foi eleito para comandar a nação mais influente do mundo: Você quer ser como seu pai / É aprovação que você busca / Bem, não é assim que você irá encontrá-la”.

Isso sem contar no refrão que é, digamos, peculiar: “F****, f**** muito, muito mesmo / Porque nós odiamos o que você faz / E odiamos toda a sua turma / Então por favor nem mantenha contato”.



Onde Está a Honestidade – Noel Rosa

Desde os anos 1930 já existia essa história de artista se envolvendo com política e critica social. Em 1933, Noel Rosa lançou a clássica “Onde Está a Honestidade”, música que fala sobre pessoas que enriquecem de forma duvidosa.



Até Quando Esperar – Plebe Rude

Essa é para o roqueiro que diz que odeia música de protesto e que lutar pelo social é mimimi. A letra já diz tudo.



Que País é Esse? – Legião Urbana

Complementando a música de cima, se Renato Russo estivesse vivo, você pode ter certeza que as músicas seriam mais cheias de criticas do que o clássico “Que País é Esse?



They Don’t Care About Us – Michael Jackson

Para fechar nossa lista, nada melhor do que o Rei do Pop. Diferente de todo o estilo musical de Michael Jackson até então, “They Don’t Care About Us” fala sobre a violência, a dor e o preconceito que certas camadas da população sofriam. A música ficou famosa no Brasil ao ter a participação do grupo Olodum e também por ter sido gravada no em Salvador no Pelourinho e na Favela Santa Marta no Rio de Janeiro.

A segunda versão do clipe foi gravada nos Estados Unidos e tem como plano de fundo uma prisão. Por diversas imagens pesadas que retratavam os abusos aos direitos humanos, o vídeo chegou a ser proibido de ser veiculado na MTV norte americana.
Clique AQUIentre no grupo de WhatsApp do Entretê e receba notícias de Cultura e programações artísticas.

0 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do site. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

 
Sitevip Internet