Neste e noutros tempos, há quem se dedique a exercitar a voz como instrumento de autoconhecimento e libertação. Uma forma de experimentar o poder das ondas sonoras de adentrarem as casas das pessoas, mesmo em distanciamento, criando uma atmosfera de cura, instaurando paz e acalmando corações.
Essa é a premissa da cantora e compositora mato-grossense Estela Ceregatti, que vem dedicando seus estudos mais recentes à técnica da cantoterapia. Embasada nos fundamentos da Antroposofia, do filósofo e arte-educador Rudolf Steiner, Estela criou, em Cuiabá, o ‘Coral Desvendar’, que além do cunho artístico, é também terapêutico e continua suas atividades virtualmente durante a pandemia.
“Ao invés de formar uma voz, buscamos desvendar a voz de cada indivíduo, que é única e própria no mundo. Esse caminho é terapêutico porque, por meio de exercícios aplicados em repertório, do preparo do corpo físico e espiritual, a gente se desfaz de bloqueios, indo ao encontro da nossa essência”, explica Estela.
A primeira experiência do grupo em quarentena foi compartilhada nesta quarta-feira (27). Em vídeo gravado em distanciamento social e lançado no canal do Youtube, 35 coralistas cantam 'Vinheta do Amor Urgente', composição de Zé Modesto, com regência e direção de Estela. “Um compositor que conheci recentemente e uma canção de uma poesia essencial para os dias de hoje”.
Outro diferencial do coral são as atividades que se voltam ao processo de criação, “que ajuda a impulsionar esse eu, a partir de como cada um pensa e reflete sobre o mundo”, explica a artista.
“Desses exercícios já surgiram algumas composições que a gente quer reunir em disco, com outras músicas que não são composições do coral, mas que fazem sentido nesse momento para nós e para o mundo. Um trabalho muito importante para mim como missão de vida e extensão do meu caminho artístico”, complementa.
Alívio na quarentena
As atividades do ‘Coral Desvendar’ começaram a reunir coralistas na Associação Solarium e Colégio Waldorf Brasilis, com turmas infanto-juvenil, em 2017, e adulta, em 2018. Com as medidas de combate e contenção ao novo coronavírus (Covid-19), os encontros do coro adulto continuaram pelo aplicativo Zoom.
“Um desafio, porque, com o delay da internet, a gente não consegue juntar todas as vozes como num coro presencial”, explica a Estela, que também se deparou com as limitações estruturais durante a edição do vídeo, que durou cerca de um mês. “Um vídeo simples, dentro das minhas limitações, com a ajuda da Juliana Segóvia, Denner Gonçalves e Jhon Stuart na edição de áudio”.
Apensar dos desafios técnicos, Estela acredita que a missão do coral vem sendo cumprida, ajudando a aliviar as tensões do dia-a-dia, em tempos de coronavírus. “Temos sempre voltado esse canto para quem mais precisa nesse momento. E mesmo que a gente não se escute com precisão, eu consigo sentir a egrégora que se forma quando a gente canta junto”.
Estela destaca que o grupo está aberto a receber novas pessoas que queiram se enveredar na arte do canto coral. Os encontros ocorrem às quartas-feiras, das 19h às 20h30. Conforme a artista, dificuldades financeiras não são impedimentos.
“O coral é uma fonte de renda para mim, mas não estou vetando a possibilidade de quem não tem condições de pagar agora participar. Eu sempre estabeleço uma conversa prévia e vejo qual a possibilidade de cada um. O mais importante é a gente está junto para cantar e formar um organismo sólido que perpassa muitas pessoas para além desse grupo”.
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