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24/07/2020 às 08:45

Além da Libras: conheça a artista visual que interpreta músicas para surdos

Com interpretações que vão do pop ao hip-hop, Anne Magalhães já tem mais de 72 mil seguidores

Entretê

Além da Libras: conheça a artista visual que interpreta músicas para surdos

Foto: Reprodução

Em sua página do Instagram, a educadora e intérprete, formada em artes visuais, Anne Magalhães atraiu mais de 72 mil seguidores ao tornar músicas acessíveis a surdos "Eu acredito que tudo deve ser acessível", afirma a jovem de 29 anos.

Acostumada a ir a festas com o amigo e poeta surdo Bruno Ramos, ela começou interpretando pop e hip-hop para ele, até perceber que a iniciativa poderia impactar mais vidas. Os dois pesquisavam rima visual e expressões corporais como forma de levar canções e poesias a esse público.

Em abril de 2019, ela gravou em Libras o sucesso This Is America, de Childish Gambino (Donald Glover) e atingiu mais de 13 mil visualizações na rede social.

Anne Magalhães explica que nem tudo em seus vídeos depende da língua dos sinais para gerar emoções. Mexer as pernas e os quadris, por exemplo, é uma forma de demonstrar ritmo e ajudar na compreensão da mensagem.

"Música vai além do som. A maneira como eu interpreto é muito próxima da criação de poesia para surdos. Ou seja, eu me distancio dos sinais formais de vez em quando para criar cenas visuais", explica.

Por isso, a artista conta que já recebeu pedidos de deficientes auditivos fãs de Pabllo Vittar que, apesar de não a ouvirem, admiram a personalidade e as cores variadas usadas pela drag queen.


Música além da letra

Anne Magalhães combate a ideia muito disseminada de que pessoas com deficiência são ingênuas e precisam de ajuda para saber o que têm necessidade de acessar.
"Não quero transformar meu trabalho na ouvinte que traduz para os tadinhos dos surdos. Muita gente encara assim, e não é isso".

Por isso, as performances de Anne vão além da mera tradução; incluem literalidade dos versos, os sons e vibrações da melodia, as sensações que a música quer passar."Existe na língua de sinais uma relação visual, uma mimese da vida real, você conta histórias quase como um quadro".

O que Magalhães chama de “aura” ou intenção da música tem tanto valor na interpretação quanto o que está sendo dito na letra.

"Quando o rapper fala tão rápido que a gente não consegue entender, é mais importante a mensagem dele ou o incômodo de não entender?", continua. "No vídeo eu consigo brincar com isso. Não preciso comunicar nem me fazer entender cem por cento. Posso abusar um pouco mais".

Desse modo, o trabalho de Anne é uma maneira de reinterpretar a subjetividade original do artista. "Como você explicaria Picasso para uma pessoa cega?", exemplifica e provoca.

Assim, os vídeos de Magalhães não são voltados apenas às mais de 10 milhões de pessoas que têm alguma deficiência auditiva no Brasil. Além de aproximar pessoas com deficiência ao universo musical, também podem trazer aqueles que são ouvintes um pouco mais perto da vida de quem é surdo.

Com informações do Folhapress e O Liberal
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