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28/05/2024 às 14:29

ENTRADA GRATUITA

Filme dirigido por mato-grossense será exibido no Cine Teatro

Curta protagonizado por mulheres aborda memória e apagamento da história da população negra

Entretê

Filme dirigido por mato-grossense será exibido no Cine Teatro

Foto: Assessoria

Nessa terça, 28 de maio, a partir das 19h30, o Cine Teatro Cuiabá promove mais uma Sessão Realizador@s de Mato Grosso do projeto Encontros com Cinema. Dessa vez, trata-se de uma exibição especial, voltada à equipe de produção e plateia local, do curta ficcional “Mansos” (MT, 2024, 20’), dirigido por Juliana Segóvia. O curta é uma realização do Aquilombamento Audiovisual Quariterê. Realizadora e equipe estarão presentes à sessão para conversa com participantes da exibição. A entrada é gratuita e a classificação indicativa é de 14 anos.

O roteiro de “Mansos”, assinado por Segóvia, é inspirado em uma vasta coleção de referências pessoais e profissionais. Conta a história de Teresa, uma agricultora familiar e líder comunitária, que é assassinada na frente das duas filhas quando elas ainda eram crianças. Vinte anos depois, Benedita e Jurema, já adultas, se veem diante daquele que é o responsável pela tragédia que destruiu a sua família.

O curta teve gravações em Cuiabá, Várzea Grande e na região de Água Fria, em Chapada dos Guimarães. O nome “Mansos” é uma referência ao local onde a história se passa, mas também uma provocação ao espectador mais atento. “A gente não tem nada de manso quando tem a possibilidade de refletir sobre uma sociedade através de um viés político-crítico”, enfatiza a cineasta.

O filme tem em maioria protagonistas mulheres. Elisana Bueno, Ana Flávia Damasceno e Mariah França, protagonizam o primeiro momento do filme, ambientado na década de 1990, respectivamente como Benedita, Jurema e a mãe Teresa. As atrizes Sara Nawy, Jucelina Ferreira e Camila Pinho, protagonizam a atualidade, como Benedita e Jurema adultas e Camila como Apoena, melhor amiga de Benedita. O processo de casting do elenco teve como foco a valorização de profissionais pertencentes ao estado de Mato Grosso e contou com a preparação de elenco do multi-artista Everton Britto.

Conforme aponta Segóvia, o curta aborda a questão da memória e do apagamento da história da população negra. O nome da matriarca, Teresa, é inspirado na rainha quilombola Teresa de Benguela, símbolo da resistência e inspiração para novas gerações de mulheres negras. Benedita é uma homenagem à atriz Benedita Silveira, com quem Juliana trabalhou em outro projeto, o filme “A Velhice Ilumina o Vento”, lançado em 2022, produzido com apoio do edital do Itaú Rumos Cultural 2019/2020, primeira realização cinematográfica do Aquilombamento Audiovisual Quariterê. Por sua vez, Jurema é uma homenagem às mulheres indígenas do Brasil, além de ser uma referência às religiões de matriz africana.

“Foi uma colagem que eu fiz de referências para pensar uma história que eu queria trazer à tona, que também é interna minha, que é uma necessidade de uma resposta daquilo que me movimenta e me deixa revoltada, indignada ao refletir a sociedade e sua trajetória histórica apagada ou invisibilizada”, revela a cineasta. “O enredo traça uma perspectiva de uma vingança simbólica. A personagem principal, Benedita, segue esse percurso. E também teve inspiração das mulheres fortes que perpassam a minha vida, minha mãe, minhas tias, mulheres que enfrentaram inúmeras dificuldades na vida”, explicita Juliana.

Sobre o projeto de “Mansos”

O projeto começou a ser gestado por Segóvia em 2019 e um dos vários motivos para o seu desenvolvimento foi a experiência da cineasta como arte-educadora. À época, Juliana era facilitadora do Núcleo de Cinema do Sesc Poconé e, por essa razão, ia quinzenalmente para a cidade. “E na estrada existem muitas minerações, muitas delas minerações ilegais. Isso me impactou a ponto de pensar a história, sobre como a atividade de mineração está envolvida diretamente com as populações que ali habitam e sobre até que ponto as pessoas não estão sendo retiradas dessas localidades por conta disso”, recorda.

Após uma somatória de referências, o roteiro foi contemplado pelo laboratório “Negras Narrativas”, uma parceria da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) com o Amazon Prime Video. Além disso, posteriormente, o curta foi contemplado pelo edital de audiovisual da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT).

“Mansos” é uma realização do Instituto Quariterê, que leva o mesmo nome do quilombo liderado por Teresa de Benguela. O foco do instituto é pensar e incluir os profissionais do audiovisual a partir de uma perspectiva racial e de gênero. “Então a gente traz isso à tona enquanto bastidor: o protagonismo de pessoas negras, de mulheres negras, e outros recortes sociais (de gênero, raça e sexualidades) nas variadas funções. A gente tenta fazer um outro tipo de elaboração, de execução, que é pensando nas tratativas do respeito, como por exemplo, não ter assédio em set de filmagem, numa vivência de colaboração e coletividade, comunidade, que a gente vê atravessado nas populações negras brasileiras, herança dessa lógica africana”, explica Segóvia.

Serviço
O quê: Exibição para equipe e conversa sobre curta “Mansos”, de Juliana Segóvia
Quando: Terça-feira, 28 de maio, a partir das 19h.
Onde: Cine Teatro Cuiabá.
Quanto: Entrada gratuita
Mais informações: 65 2129-3848 e no site www.cineteatrocuiaba.org.br.

Da assessoria



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