O Parque Estadual Mãe Bonifácia, em Cuiabá, completou 25 anos nesta segunda-feira (9), e celebrou a data com arte, memória e engajamento ambiental. Como parte da programação de encerramento da Virada Sustentável Mato Grosso, o espaço ganhou duas obras artísticas assinadas pelo artista plástico Victor Hugo, que restaurou a concha acústica e o coreto, localizados na região central da unidade de conservação.
Um dos destaques é a pintura de uma onça gigante no fundo da concha acústica. “A onça é a protetora da floresta, dos animais, ela tem o domínio sobre todas as partes da floresta. É um animal muito bonito que representa a nossa fauna pantaneira. Deu muito trabalho, mas foi muito gratificante”, disse o artista durante a entrega das obras, no domingo (8).
Para a secretária de Estado de Meio Ambiente, Mauren Lazzaretti, a arte valoriza ainda mais um dos pontos mais simbólicos do parque. “A ideia surgiu na primeira Virada Sustentável realizada no ano passado. Nada mais simbólico do que trazermos para esse espaço, que é cultural e artístico, a representação da onça pintada pelo artista, que também é símbolo de Mato Grosso”, afirmou. Segundo ela, o local deve se tornar um novo “ponto instagramável” para visitantes e frequentadores.
A coordenadora do Instituto Rumo, Tatiana Montório, destacou que a ação marca o início de uma parceria com a Secretaria de Meio Ambiente que deve se desdobrar em outras iniciativas. “Estamos aqui hoje dando o pontapé inicial de uma parceria a longuíssimo prazo. O Instituto Rumo é responsável pelo investimento social privado da Rumo. É um instituto muito novinho, mas dentro de uma locomotiva que chega para construir, para fazer junto”, afirmou.
Caminhada afro resgata história do parque
A programação também incluiu a “Caminhada Afro – Rota da Mãe Bonifácia”, um percurso guiado com paradas estratégicas que apresentou aos participantes a história do cerrado, do quilombo e da mulher que dá nome ao parque: Mãe Bonifácia, escrava curandeira que viveu no século XIX e teve papel importante na resistência dos negros em Cuiabá.
“Foi uma viagem no tempo carregada de beleza e romantismo, mas também de muito sofrimento. Pensar que aqui, onde estamos, muitas pessoas já passaram tentando fugir da escravidão, em busca da liberdade, é muito triste e revoltante”, refletiu a estudante Ana Maria Oliveira, de 25 anos.
Segundo pesquisadores, o córrego que corta o parque era uma das rotas de fuga utilizadas por escravizados que buscavam refúgio na mata da região.
Arte e educação ambiental
Durante a entrega das obras revitalizadas, também foram premiados os vencedores do concurso de desenho sobre biodiversidade, promovido pela Sema em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc). A secretária adjunta de Gestão Regional, Mozara Zasso Spencer Guerreiro, celebrou a participação dos estudantes.
“Cada uma das 13 Diretorias Regionais de Educação nos 142 municípios teve um vencedor. Foi um caminho difícil até o final. Parabéns aos nossos alunos, aos pais, às escolas. Foi um esforço coletivo muito bonito”, afirmou.
Sobre o parque
O Parque Estadual Mãe Bonifácia foi criado oficialmente em junho de 2000, mas já havia sido transformado em Unidade de Conservação de Interesse Local em 1992. Hoje é um dos principais refúgios de contato com a natureza dentro da capital mato-grossense, além de um espaço de memória, lazer, esporte e preservação ambiental.