Quem passou pelo Porto, em Cuiabá, pode ter ficado intrigado com um outdoor na Rua Barão de Melgaço, 1419, nas proximidades da Avenida Oito de Abril.Trata-se de uma obra inédita de Ricardo Basbaum, intitulada 'FORA', como o próprio desenho do suporte sugere.
O artista visual, que também é professor e escritor,criou um vocabulário específico para seusdesenhos, vídeos, instalações e intervenções urbanas, aplicando-o de maneira particular em cada projeto, assim como a obra em outdoor. Assim, eleinvestiga a arte como articulação entre a linguagem, a experiência sensorial e a sociabilidade.
Basbaumé um dos 27 artistas que integram a mostra ‘No Calor da Hora’, descentralizada em 27 espaços de outdoor em todas as capitais brasileiras. A obra fica instalada em Cuiabá até o dia 13 de setembro.Confira algumas outrasabaixo.
A exposição começou na última segunda-feira (31) e inaugura o projeto ‘M.A.P.A. - Modos de Ação para Propagar Arte’, cujo objetivo é levar a arte para o espaço público, provocando reflexões acerca do caos político e social aos mais diversos públicos, incluindo aqueles que não freqüentam galerias.
Obra de Ricardo Basbaum, em Cuiabá. Foto: Junior Silgueiro/Divulgação
O projeto tem a participação de artistas que derivam de múltiplos percursos, como artes visuais, cinema e literatura. Em relação ao conteúdo das obras, a ideia foi que cada um deles, a partir de sua própria poética, apresentasse um trabalho que problematize as questões urgentes do presente.
Um dos fios condutores para o convite foi a diversidade tanto de linguagens, quanto de representatividade das muitas regiões do país.
“Procuramos contemplar a pluralidade da arte contemporânea em produções que abordam, em grande parte, questões ligadas à temas fundamentais do presente. Pensando que o espaço público é também, por excelência o local da diversidade, das divergências e do debate”, afirma Patricia Wagner, curadora do projeto.
A ideia de se valer do espaço urbano como meio de reflexão, considera não só a suspensão de circulação em equipamentos culturais para evitar a propagação da covid-19, como também da impossibilidade de manifestações coletivas em espaços públicos.
Vera Chaves Barcellos/Brasília, DF Brasília, 1990/2020.
Quanto ao suporte outdoor, um lugar usual e nada neutro da publicidade, a escolha da plataforma busca fugir do excesso de virtualidade, que domina o acesso a produtos cultura.
Assim, o projeto nasce da vontade de deixar a arte acessível a um público mais amplo. O caráter descentralizado da mostra também visa fortalecer um programa de deslocamento entre os artistas e seus locais habituais de fala e exibição.
"Nossos projetos sempre foram pensados para inserir a arte no cotidiano, tornando possível que ela penetre a vida das pessoas de maneiras diferentes. Mas havia um desejo antigo de trabalhar em uma escala maior e mais plural, acessar diferentes públicos" diz Camilla Barella, sócia da VIVA Projects ao lado de Cecília Tanure e uma das idealizadoras e organizadoras da mostra.
"Muitas questões acerca das nossas responsabilidades civis são discutidas por meio da arte, mas muitas vezes em ambientes de acesso restrito, seja por questões geográficas, alcance intelectual ou poderio econômico”, finaliza.
Aline Motta /Rio Branco, AC. Obra '(Outros) Fundamentos'.
A lista de artistas conta com André Komatsu, Aline Mota, Anna Costa e Silva, Anna Maria Maiolino, Arnaldo Antunes, Augusto de Campos, avaf, Dalton Paula, Gê Viana, João Pinheiro, Karim Ainouz, Leonora de Barros, Paulo Bruscky, Paulo Nazareth, Ricardo Basbaum, Romy Pocztaruk, Santídio Pereira, Sonia Gomes, Traplev, Thiago Honório, Vera Chaves Barcellos.
A mostra será dividida em 4 ciclos, começando em 6 cidades, exibidas em conjunto durante 15 dias, até completar o total de 27 cidades. Simultaneamente à exibição nos outdoors, as obras também serão incorporadas à plataforma virtual do projeto que pode ser acessado para mais informações: www.vivaprojects.org/mapa.
Ricardo Basbaum(Sao Paulo, 1961)é autor de uma instalação na coleção Tate Modern, em Londres, e teve exposições em importantes instituições como a Documenta XII em Kassel, Museu de Arte Contemporânea de Chicago, Bienal de São Paulo, Secession em Viena, entre outras. É professor do Departamento de Arte da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha atualmente.
Paulo Bruscky/Curitiba, PR
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