Bióloga e cantora de MT lança videoclipe sobre ciclo da água na Amazônia
Túlio Paniago
O movimento das águas, sob o olhar atento da pesquisadora Jamylle de Souza (Jam), se tornou música, que, por sua vez, deu forma ao clipe documentário intitulado “Uma água, tantas Tanhas”. O projeto, contemplado no Edital MT Nascentes, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), já está disponível, via Youtube, pelo Canal da Banda Jack & a Guitarra.
Jam Souza, que é bióloga, vocalista, baixista e letrista, viu de perto a relação de moradores da floresta com a água durante sua pesquisa, em 2017, no Amazonas. No estudo, Jam teve a oportunidade de interagir com ribeirinhos, pequenos agricultores, crianças e mulheres. Foi quando conheceu Tanha, moradora de uma comunidade próxima de Balbina, distrito do município de Presidente Figueiredo (AM).
“Era uma mulher que, como tantas de nós, acordava muito cedo, cuidava da família e da plantação com o marido e, com muita sabedoria, desafiava os impactos da mudança climática sobre o principal recurso de que dependia sua sobrevivência: a água. Era uma relação de pura poesia que não caberia somente à ciência relatar”, destaca Jam.
Contando com estas vivências, Jam Souza acumula dez anos de atuação na Amazônia, até porque creceu em Alta Floresta, nortão de Mato Grosso. Atualmente ela reside em Juara (MT), onde atua como professora, além de coordenar o Projeto “UATT”. Sua pesquisa científica se cruzou com suas próprias experiências humanas e resultou em arte, expressa em versos e arranjos de “Tanha”.
Produção artística
Jam contou com a participação da banda Jack & a Guitarra, do produtor de audiovisual e designer gráfico, Eduardo Nogueira, e dos produtores musicais Fábio Nóbrega (mato-grossense) e Agostinho Guerreiro (manauara). Nesse intercâmbio Amazonas-Mato Grosso, a produção musical, captação de imagens e depoimentos de mulheres convidadas aconteceram nos dois estados e de maneira híbrida, presencial e virtual.
No clipe, a música Tanha é interpretada por Jam Souza (vocal e baixo), Agostinho Guerreiro (guitarra e arranjos), Léo Moraes (bateria) e Fábio da Nóbrega (teclado). A gravação foi realizada no início de janeiro de 2021, nos Estúdios Tupira e Super Sonic, em Manaus (AM), e finalizada no Estúdio Zion, em Juara (MT).
A etapa de criação e execução contou ainda com apoio do estúdio criativo Pacovann, Gil Simão (produção de set), Giovanna Serrano (social media) e Larissa Carvalho (assistente de produção), além de outros profissionais que fizeram parte do time UATT.
"O intercâmbio entre esses artistas não representa apenas a resistência em meio ao caos pandêmico, mas o rompimento de barreiras para ampliar o fluxo cultural entre diferentes partes desse tão diverso bioma brasileiro. Além disso, essa arte propõe uma sensibilização sobre o elemento água junto com a missão de entreter o público nesse momento tão desafiador. Tenho certeza que muitas mulheres se sentirão representadas”, conclui Jam.
As gravações cumpriram todos os protocolos sanitários de prevenção à Covid-19 determinados pelas autoridades de saúde, mantendo o distanciamento entre os integrantes da equipe e higienização dos equipamentos pré e pós cada etapa.
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