Documentário apresenta realidade de catadores no lixão de Cuiabá
Túlio Paniago
“É um soco no estômago de quem acha que a vida dentro da sua casa ou do seu trabalho confortável está ruim, pois existem pessoas que ficam embaixo de sol de 40°, cheirando lixo e chorume o dia todo”, comenta o fotógrafo Fernando Rodrigues sobre o documentário “OLHA AQUI / Vida - Lixo, que será lançado nesta quarta (02), às 20h, no Cine Teatro Cuiabá.
A entrada será um quilo de alimento não perecível. Toda a arrecadação será doada para as famílias que trabalham no lixão de Cuiabá, aliás, conforme antecipado pelo realizador, a produção é centrada nas histórias de catadores que trabalham no aterro sanitário de Cuiabá.
A personagem principal é dona Miguelina, uma senhora de mais de 70 anos que trabalha no lixão há aproximadamente duas décadas. “De segunda a sexta-feira, ela acorda toda manhã às 5h e vai trabalhar. Ela vive em um barraco no lixão durante a semana e nos finais de semana volta para sua casa em Várzea Grande para ficar com a família”, relata Rogério Santa, produtor que assina o projeto ao lado de Fernando.
O filme também apresenta catadores que vivem em municípios mais distantes e que também trabalham no lixão. A dona Maria Conceição, por exemplo, é moradora da cidade de Lucas do Rio Verde e trabalha entre 15 a 20 dias por mês no local. “Precisamos ter consciência na hora de produzir e de descartar o lixo, pois é o ganha-pão de muita gente”, comenta Fernando.
Os produtores ainda conversaram com o líder do movimento dos catadores de Mato Grosso, Tiago da Silva Duarte, e com a representante da frente dos catadores de Cuiabá, Lucimara Abadia de Souza. A estreia, inclusive, contará com a presença de pessoas que trabalham no aterro sanitário.
Produção do documentário
“A ideia de produzir o documentário surgiu depois que aceitei um convite do Rogério para fotografar uma ação do grupo ‘Amigos Solidários de Cuiabá’, que ocorreu no aterro sanitário da cidade. Durante as fotos, surgiu o interesse em mostrar a vida dos trabalhadores que dependem daquele local para sobreviver”, relata Fernando.
O documentário tem a duração de 38 minutos e foi gravado em 2020, entre os meses de maio e junho. “Nosso objetivo foi dar visibilidade a esse povo esquecido e, que apesar de todas as dificuldades, não deixam de sorrir e de ter fé na vida”, complementa Fernando.
A trilha sonora foi composta pelos músicos Pacha Ana, Maicon Saatti e Augusto Krebs. E as imagens de drone foram feitas pelos profissionais Wesley Andrade, do Pipa de Nerd, e Walber Destro.
Para realizarem gravações no local, tiveram que ter autorização do poder público, além, obviamente, de obedecer as medidas de biossegurança para garantir a segurança de todos os envolvidos.
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