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23/08/2021 às 12:26

Mato Grosso se despede da entusiasta cultural Therezinha Arruda

Priscila Mendes

A classe cultural mato-grossense se despediu, na sexta-feira (20), de um dos grandes nomes da defesa da Cultura e do patrimônio histórico do Estado, a professora e escritora Therezinha de Jesus Arruda, aos 91 anos.

Therezinha foi uma das professoras fundadoras da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), participando ativamente do fundação do Departamento de História, do Museu de Arte e de Cultura Popular (MACP-UFMT) e do Cineclube Coxiponés.

A jornalista e artista visual Vitória Basaia não escondeu a tristeza de ver outra pessoa querida partir. “Mais um pedaço da nossa história que se vai. Therezinha Arruda teve influência na vida de muitos de nós”. E brincou com o aprendizado: “Acredita que ela me pôs de castigo? Eu já bem andada, atrasei umas incumbências da Casa Latina Americana e ela me pôs pra trabalhar virando noite, para dar conta do recado”.

“A arte e a cultura de Mato Grosso muito devem a essa mulher excepcional. A primeira imagem que me vem dela é de uma guerreira sempre em luta contra a desigualdade social, contra o arbítrio, contra a ditadura, contra tudo que se distanciasse da justiça. E seu trabalho incansável em proporcionar a nós, artistas, o exercício do nosso ofício com dignidade e beleza”, registrou a cineasta Glória Albues, nas redes sociais.

O cineasta Luiz Marchetti também usou as redes sociais para se despedir. “Que imensa aprendizagem e saudades deixa nossa provocadora maior”, contou, narrando a experiência de quando lançou, em 2011, a instalação de vídeo-documentário “O Olhar de Therezinha Arruda”, em uma das ‘casas’ dela, o MACP-UFMT.

Um dos textos mais emocionados foi do jornalista Claudio Oliveira, sobrinho-neto de Therezinha, que a qualificou como “gigante”, “farol”, “leoa”. “Não era do tipo morno, que aceita a injustiça, que se acomoda, que se adapta às circunstâncias. A senhora era fogo. Era grito. Era uma luta incansável em favor dos mais vulneráveis. Em favor da cultura. Sempre foi inspiradora”, registra trecho da despedida.

Claudio destacou, ainda, que Therezinha doara toda a biblioteca particular para o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, do qual foi membro. “Não havia um sarau, uma exposição, um evento cultural que não se regozijasse com a sua presença”.
 
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