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23/06/2020 às 08:57 | Atualizada: 23/06/2020 às 09:34

Black Mambas: mulheres africanas se unem em combate à caça de animais

Razões para acreditar

Um grupo de 33 mulheres corajosas está inovando e encontrou uma maneira diferente de combater a caça, um dos motivos da extinção de diversas espécies na África do Sul.

As Black Mambas criaram uma unidade anti-caça furtiva essencialmente feminina, sediada na Reserva Natural Balule, no Parque Nacional Greater Kruger, da África do Sul. O grupo combate a caça a rinocerontes, já que seus chifres hoje valem mais do que ouro e atraem centenas de comerciantes ilegais, que fazem o que for preciso para obter o que querem.

80% da população mundial de rinocerontes vive na África e, o parque costuma receber milhares de turistas todos os anos, mas infelizmente também é invadido por caçadores, que aproveitam as madrugadas para matar os rinocerontes e roubar seus chifres.

Foi então que surgiu um grupo de mulheres, cujo o lema é: “Se não pararmos os caçadores, quem o fará?”.

E só para você ter uma ideia da importância do trabalho delas, 1.028 rinocerontes foram caçados em 2017, o equivalente a quase 3 animais capturados todos os dias. Apesar do número ser alto, ele caiu quando comparado ao ano de 2016 e o motivo foi graças às Blacks Mambas.

Collet Ngobeni é uma delas e diz que faz isto pelos seus filhos: “Quero proteger a natureza e garantir que meus filhos e as gerações futuras possam ver rinocerontes e toda a vida selvagem na vida real, não apenas em imagens nos livros”, explica.

O Kruger Park já foi considerado o maior foco de caça furtiva da região, mas hoje conta com este grupo, formado por 33 mulheres e 2 homens.

As Black Mambas

Existem várias unidades de combate à caça ilegal na África do Sul, mas o grande diferencial das Black Mambas é que elas combatem a caça com o uso da não violência. Ao contrário da maioria das unidades, os membros vão à luta de “mãos limpas”, ou seja, sem armas.

Outras unidades costumam ser compostas por militares, que utilizam helicópteros e todo o aparato militar necessário. Mas as Black Mambas acreditam que a batalha não precisa ser travada por esses meios, já que o objetivo não é criar mais conflitos, mas apenas salvar os rinocerontes.

Assim, elas passam grande parte do dia caminhando e procurando caçadores ilegais em patrulhas de vigilância diárias, nas quais coletam informações, removem armadilhas destinadas a capturar animais selvagens e rastreiam cozinhas de carne silvestre e acampamentos de caçadores.

Caso se encontrem com um caçador furtivo, eles estão equipados com walkie-talkies para pedir apoio. Caminhar nas reservas naturais durante 8 horas por dia, debaixo de sol e calor e ainda “enfrentar” elefantes, búfalos e leões, não é tarefa fácil, mas elas são verdadeiras heroínas!

“O maior desafio é treinar e trabalhar no mato com animais perigosos”, diz Ngobeni. “Mas o que mais gosto no meu trabalho é estar na natureza e ver animais”, diz a africana.

Black Mambas Bush Babies

O programa também treina jovens e crianças, para que eles aprendam a importância de se preservar a vida selvagem.

As Black Mambas Bush Babies aproveitam as férias escolares para levar as crianças à reserva e ensinar-lhes os diferentes comportamentos da vida selvagem, como proteger os animais e noções de sustentabilidade.

Hoje elas são consideradas as grandes heroínas da região e mostram que o futuro precisa ser construído com amor, coragem e dedicação, e que não podemos combater a violência com ainda mais violência!

“Ser mulher Black Mamba é como ser uma rainha da selva”, afirma Leithah Mkhabela, de 25 anos, orgulhosa.
 
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