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26/06/2020 às 13:00 | Atualizada: 26/06/2020 às 13:57

Produtora rural quilombola precisa de ajuda para tratar câncer de mama

Maria Clara Cabral

Maria Domingas de Campos, 54 anos, é moradora do Quilombo Mata Cavalo de Cima, em Nossa Senhora do Livramento, e, desde 2015, luta contra um câncer de mama. Produtora rural, ela alimenta população com orgânicos cultivados na comunidade e, aposentada, sustenta a família com a venda de alimentos e  outros produtos. A doença não a impediu de trabalhar; mas a pandemia dificultou.

Além de impactar diretamente sua renda, que dependia grande parte da participação em feiras livres em Cuiabá, o contexto afetou sua rotina de saúde. Maria fazia tratamento e acompanhamento do câncer em Goiânia/GO, mas com o novo coronavírus (Covid-19) esse deslocamento se tornou impossível.

Eu fiz a quimioterapia, perdi todos os cabelos, fiz a radioterapia e tomo um medicamento que custa quase 2 mil reais. Durante esses cinco anos, eu vou em Goiânia todo mês buscar os remédios. De seis em seis meses, também tenho que fazer os exames”, conta Maria Domingas.

Agora, mais que nunca ela precisa de ajuda para custear novos exames oncológicos com urgência, como mamografia, ultrassom abdome, radiografia, tomografias.

Até março eu ainda tinha passe livre para fazer as viagens. No dia 9 fui para a última consulta, mas o passe venceu no dia 10 e tive que pagar mais de 200 reais para voltar. Fiz o pedido novamente e enviei para Brasília, mas foi reprovado e eu tô me virando. Agora não posso mais viajar em ônibus lotado sendo grupo de risco”, lembra.

Sensibilizadas pela história de resistência de Maria, um coletivo de mulheres se mobilizou, criando uma rifa online de um novelo (gado pequeno). Uma vaquinha arrecadou R$1.950 do valor de R$3.900 total do orçamento de exames com descontos na rede particular. 

Tinham me dado esse novilho e meus irmãos da comunidade pensaram em fazer um bingo. Mas começou a pandemia e como a gente vai fazer ações entre amigos? Não pode aglomeração agora”, explica Maria.


 
 
 
 
 

Resistência e gratidão

A produtora rural tem duas filhas e uma mãe de 86 anos. “Jamais vou deixar faltar nada para nenhuma delas. Uma das minhas filhas já é casada, mas filho nunca deixa de ser filho, mesmo maior de idade. Quando elas precisam de mim eu to sempre pronta para ajudar”, ressalta Maria Domingas.

No quilombo, ela conta que vive uma vida simples. Mesmo com dificuldades estruturais, como a falta de poço artesiano, está sempre na lida e não “abaixa a cabeça” para os problemas, como ela mesma diz.

Não vou me entregar ao câncer e ficar deitada sem fazer nada, não deixei de trabalhar. Parei de fazer doce por causa da fumaça, por exemplo, mas cultivo horta. Quebro coco e castanha, faço óleo e licor, planto e colho mamona, faço meu azeite, vinagre com raiz. Tudo orgânico, a gente não usa nada de veneno”.

Lutando como pode, um dia de cada vez, ela conta que se sente grata pela vida. “Já passei fome nessas idas e vindas, já dormi em rodoviária porque não tinha dinheiro para hotel, mas dou graças a Deus por estar viva contando minha história. Sou muito feliz por ter uma família e meus clientes fiéis. Não reclamo de nada, só agradeço meus amigos parceiros e companheiros”.  

Maria acredita na cura e revela que tem um sonho: “quando tudo isso passar, já falei que vou fazer alguma coisa para ajudar as mulheres que tem esse problema, que só quem passa é que sabe. Eu superei rápido, mas tem mulheres que estão sozinhas, chorando no corredor dos hospitais, sem ninguém para dar uma palavra amiga”.

Interessados em contribuir podem comprar a rifa aqui ou entrar em contato com Maria Domingas pelo (66) 9200-9380. ou realizar uma doação por depósito /transferência na conta abaixo: 

Banco do Brasil
Ag: 27642
Cc: 212334
Cpf: 4867607120
Maria Domingas de Campos


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