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27/08/2020 às 09:45 | Atualizada: 02/09/2020 às 11:22

Com brechó online, estudante de Administração experimenta negócio sustentável

Maria Clara Cabral

O universo dos brechós foi para Júlia Borges e Santos, de 21 anos, o nicho de mercado ideal para colocar em prática, de forma criativa e sustentável, os conhecimentos que vem adquirindo na faculdade de Administração.

A jovem já pensava em empreender com moda há cerca de um ano. Logo, o isolamento social decorrente da pandemia da covid-19 proporcionou o tempo necessário para que ela colocasse no papel idéias que se materializaram nas redes sociais.

Há dois meses, Júlia criou o Repete Brechó, lojinha virtual de desapegos de roupas no Instagram. “Vi uma oportunidade de renda e, ao mesmo tempo, de reaproveitar peças de roupa que já não uso mais”.

Para começar, além de comercializar suas próprias roupas, ela optou pela venda consignada de desapegos de amigas, que parceiras casuais do negócio.

“Basicamente, eu pego as roupas com a pessoa interessada em desapegar, avalio de acordo com o estilo que quero para o Repete e a necessidade das pessoas que o acompanham, e elas passam por um processo de curadoria: arrumo o que tem que ser arrumado e faço a higienização”, explica Júlia.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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As peças são voltadas especialmente para vestuário de
jovens mulheres, entre 18 e 25 anos; mas, sem restrições, variam de acordo com oferta e demanda. São entregues em Cuiabá e enviadas para qualquer lugar do país.

Julia explica que o estilo das roupas vendidas em seu brechó também varia, mas aquelas peças “coringa” são sempre prioridade. “No geral, busco um estilo mais eclético, aquelas roupas que dá pra repetir com um look casual e um mais elaborado”. 

As peças ficam em estoque durante dois meses. Após esse período, o que não é vendido volta para a dona original ou segue para doação. O valor é dividido entre as partes.

Julia explica que, nesse formato, o negócio não requer alto investimento e vem apresentando retorno a curto prazo. Seu maior investimento é de tempo para criar conteúdo diferenciado e manter sua vitrine – seu feed – sempre atrativo e atualizado.

A jovem conta que, assim, seu lucro, mesmo ainda nao sendo muito alto, já dobrou no mês de julho  em relação a junho, triplicando em agosto.

“Como é um negocio virtual, minha loja é o Instagram, então eu não tenho  muitos gastos. Com a venda consignada, também não gasto para comprar novas peças. Eu vou dividir o valor ganho, mas não vou perder dinheiro”, detalha.

E o brechó também está sendo rentável para quem despegou. “Já lucrei pelo menos R$ 300 reais vendendo as roupas que não uso mais no Repete”, relata a estudante Maria Luisa.

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Consumo consciente: uma tendência

A demanda por brechós também foi um importante fator para que Júlia Borges desse início a esse tipo de negócio. “Os brechós tem crescido muito no mundo da moda, né? Muita gente consumindo e empreendendo, seja informalmente, só pra desapegar das roupas mesmo, ou para tentar crescer no ramo”.

Sem saber o que o futuro lhe guarda, Júlia aproveitou a onda de bazares de desapegos que se tornaram mania em Cuiabá no período pré-pandemia. Ela também já acompanhava alguns brechós através das redes sociais; mais para consumo de conteúdo, com o qual se identifica mais que com aqueles ofertados por grandes empresas de moda.

“Eu amo brechós, é viciante. Você encontra muita roupa boa por preços acessíveis. Gosto da proximidade e identificação que o brechó gera, uma comunicação muito mais próxima e personalizada”,
explica a jovem.

“Conhecia mais os brechós de outras partes do Brasil, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro. E como o frete é muito caro eu acabava não comprando. Depois do Repete eu descobri mais brechós em Cuiabá, comecei a consumir mais e influenciar amigas”, complementa.

A jovem explica que são vários os estilos, produtos e públicos desse nicho de mercado. “Tem os bazares, brechós de luxo, aqueles só de acessórios, de roupa. Tem os misturados, alguns que só pegam só roupas de marca. O ideia é a pessoa saber o que esta buscando”.

Para Júlia, as pessoas estão quebrando preconceitos sobre o consumo de produtos de segunda mão. Além disso, ela acredita que a pandemia esteja mudando os comportamentos de consumo.

“Existe uma preocupação maior com meio ambiente, saúde e financeiro; tudo isso influencia. O brechó é uma forma de consumo consciente, hoje as pessoas querem mais isso”.
 
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