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04/12/2019 às 00:38 | Atualizada: 05/12/2019 às 02:29

Na sargeta ou poesia: a alma transparente de Rauni

Mirella Duarte

Com os olhos profundos, em todos os sentidos, o compositor pode por muitas vezes mostrar sua verdade. Seja por ter noites de insônia, quando a inspiração lhe acorda para conversar. Ou em outros momentos, porque as dores remoem quem precisa escrever para expressar, de uma forma ou de outra, o que sente.

Rauni Vilasboas Valentim compõe há 13 anos e, desde que começou com as poesias, não demorou muito para transformá-las em músicas. Andava com um caderninho de anotações, que de tão pequeno, cabia no bolso de suas vestes. 

O cenário do rio Paraguai e um céu colorido ajudaram em muitas canções. Anotava todas suas ideias, fato que não mudou muito, mas que ganha aliados tecnológicos - como um celular para gravar suas músicas e disponibilizá-las na internet. "Eu falo muito do marginal, da sarjeta. Em como eu transito nela. Outro tema que dialoga muito com isso é o meu eu lidando com meus problemas de depressão, ansiedade e ataques de pânico. Tudo isso em uma salada ribeirinha, que é um sinônimo de margem", confessa.

Para ele, com certeza a dor é o que mais inspira a compor. Talvez, Rauni seja mesmo um dos poucos artistas que tenham coragem de expor as feridas e, além de expressar, dizer que é realmente do que sente que se trata algum trabalho. Não só pela arte, mas pelo simples fato de tratar com verdade tudo que faz - seja para um dia ser ouvida por alguém ou puramente exorcizar algum sentimento que lhe incomoda. 

Pode falar de amor, mas também fala de sentimentos obscuros: arte não é apenas o que é belo. "Em forma de arte é super aproveitável pois posso sempre passar adiante a música ou a dor. Tenho muitos cadernos com muitas músicas. As vezes fico foliando algum caderno e sempre acho músicas que nem lembrava e as vezes acho um papel velho e amassado com uma letra completa também", comenta ao mencionar que não sabe quantas letras já escreveu na vida.

Seu ep mais recente (Lamentos) foi gravado de um celular, de forma criativa, o artista capitou  a voz e alguns instrumentos pelo microfone do fone de ouvido, tudo isso, no estilo lo-Fi. De forma caseira ou não, se lançou ao mundo. 

 
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