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04/12/2020 às 14:24 | Atualizada: 07/12/2020 às 09:31

Estudo sobre albinismo no cinema destaca filme de Cuiabá em revista internacional

Maria Clara Cabral

A capacidade do cinema comercial de criar estereótipos para grupos sociais marginalizados é uma problemática investigada por pesquisadores de diversas áreas do conhecimento. Por outro lado, estudos também vem destacando visões inovadoras propostas pelo cinema contemporâneo.

O artigo intitulado 'E.… se Bazin e Lefebvre se encontrassem com Freud numa sessão de cinema? Anotações para estudo de caso do albinismo na grande tela', escrito por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), é um exemplo de trabalho científico que propõe essa reflexão.

O artigo da 
Prof.ª Dr.ª Renata Costa (Departamento de Psicologia) e do Prof. Dr. Ney Arruda (Faculdade de Direito) foi publicado na edição 2020 da 'Cinema & Território - Revista Internacional de Arte e Antropologia das Imagens', editada em Portugal pela Universidade da Madeira, que integra o circuito de universidades europeias. 

Ney Arruda também ministra a disciplina 'Estética Crítica & Trilha Cinematográfica' na Faculdade de Comunicação e Artes da UFMT.


Partindo da realidade de exclusão e silenciamento dos albinos na sociedade urbana contemporânea, o estudo lança mão da análise fílmica para entender como o cinema enxerga as pessoas com albinismo - condição genética hereditária que gera problemas de pele pela sensibilidade à luz do sol e deficiência da visão.

'Filhos da Lua na Terra do Sol (2016)', produção audiovisual premiada da cineasta e jornalista Danielle Bertolini, aparece no estudo a partir de sua perspectiva de vanguarda sobre o tema, como “um retrato humanizante do albinismo na grande tela” e “um marco específico da filmografia crítica brasileira”, como definem os professores.

O documentário poético traz personagens reais que vivem em Cuiabá, conhecida como uma das cidades mais quentes da América do Sul. Na obra, conforme os professores, “Bertolini efetuou um agir comunicativo a partir de seu olhar fílmico procurando vivenciar o sofrimento de pessoas albinas numa cidade cada vez mais inóspita”.


Na trajetória da documentarista, o curta-metragem marca a experimentação de uma estética que rompe com a narrativa meramente jornalística. Nessa perspectiva, cenas evidenciam a temperatura desértica de Cuiabá em penosas caminhadas de albinos em seus deslocamentos de casa para o trabalho.

Percalços que se soma, ainda, à péssima qualidade dos transportes urbanos, numa cidade carente de políticas públicas consistentes de arborização, como destacam os professores. (Veja trailer)



O professor Ney Arruda comemorou o aceite da publicação. "Foi uma alegria muito grande enaltecer a UFMT, principalmente neste ano de 2020 tão difícil para a Humanidade, em que celebramos os 30 anos da Faculdade de Comunicação de nossa querida universidade. Isso, de modo inclusivo, a partir do reconhecimento do fantástico trabalho da diretora Bertolini”.

A revista
'Cinema & Território' também traz na edição de 2020 artigos de pesquisadores de Madri, Valéncia, Santiago de Compostela, Coimbra, Brasília, Maranhão e está disponível gratuitamente no endereço eletrônico: https://ct-journal.uma.pt/
 
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