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Notícias / Política

28/05/2021 às 18:20

Empresário foge de perguntas, se nega apontar culpado e confirma compra excessiva de medicamentos

Dirceu Luís Pedroso Júnior foi ouvido como testemunha da CPI dos Medicamentos e se contradisse em alguns momentos, mas tentou isentar a Norge Pharma da falha no CDMIC e disse ter informado à SMS sobre o vencimento de medicamentos

Eduarda Fernandes

Empresário foge de perguntas, se nega apontar culpado e confirma compra excessiva de medicamentos

Foto: Reprodução

Ouvido como testemunha da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Medicamentos, na Câmara de Cuiabá, o proprietário da Norge Pharma Comércio de Medicamentos, Materiais Soluções em Saúde Ltda., Dirceu Luís Pedroso Júnior, fez questão de afirmar que não é responsável pelo controle de vencimento dos remédios, mas evitou apontar um culpado. Por outro lado, admitiu que há pedidos excessivos de remédios que dariam para quatro anos de uso. 

“Eu posso e volto a afirmar categoricamente que a responsabilidade pelos vencimentos não é da Norge Pharma. Eu, apontar quem é o responsável, eu não posso fazer isso. Isso tem que ser apurado no processo todo, que é a própria CPI. Eu disse, sim, que há medicamentos que foram adquiridos em formas excessivas. Tem medicamento lá que daria para atender três, quatro anos. Então não posso ser responsabilizado por essa situação. [...] Existe, sim, problema. Não quero e não vou fazer acusação contra absolutamente ninguém”, disse aos parlamentares.

A CPI apura a denúncia sobre os remédios com prazo de validade vencido estocados no Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá (CDMIC) e a Norge Pharma é a responsável pela gestão dos remédios e da logísica no âmbito municipal. A sessão de oitiva ocorreu por videoconferência na tarde desta sexta-feira (28).

Leia também - Possas admite que situação dos remédios vencidos é irresponsabilidade e problema é histórico

Relator da CPI, o vereador Marcus Brito (PV), o questionou se, quando assumiu o contrato da Norge Pharma junto à Prefeitura de Cuiabá, fez algum inventário do que já havia no CDMIC. De acordo com o empresário, inicialmente, foi realizado apenas um levantamento parcial e somente depois foi realizado um inventário completo dos medicamentos.

Dirceu contou que já existia um sistema operacional usado pela prefeitura e, após assinar o contrato, identificou que outra ferramenta seria necessária. “Nós entramos lá usando esse sistema. Até que nós conseguíssemos fazer a implementação da nossa ferramenta, leva-se um tempo, depois treinamento de pessoal”.

O empresário garantiu aos vereadores que, no tempo em que esteve à frente do CDMIC, não deixou novos remédios perderem o prazo de validade. “Podemos comprovar é que nenhum medicamento desses que venceram, deram entrada, foram adquiridos, durante a nossa gestão. Eu não tenho como evitar o vencimento de um produto que já estava lá quando eu entrei. Então, venceu, obviamente, alguns itens venceram durante a gestão da Norge Pharma, porém eles já estavam lá. Eu afirmo, categoricamente, podemos comprovar, estamos documentados, que nenhum desses medicamentos que venceram, deram entrada no CDMIC após a nossa gestão”, garantiu.

Sobre essa afirmação, o vereador tenente-coronel Marcos Pacolla (Cidadania) observou que tal situação é um tanto óbvia, uma vez que medicamentos costumam ter entre dois a três anos de validade.

Quanto ao histórico de medicamentos vencidos, Dirceu disse que não teve acesso a informações anteriores à sua entrada no gerenciamento do Centro de Distribuição. “E também não procuramos saber porque o que nos interessava era a nossa responsabilidade a partir da entrada de nossa empresa na prestação do serviço”.

Apesar disso, Dirceu afirmou ter avisado a Secretaria Municipal de Saúde de que medicamentos estavam por vencer. Todos os meses eram gerados relatórios e enviados à secretaria com a lista dos medicamentos que iriam vencer nos próximos 90 dias.

A Pacolla, o empresário também respondeu que a ferramenta utilizada após assumir o CDMIC pertence a um amigo seu chamado Reinaldo. O empresário pontuou que ele é quem arca com os custos do sistema operacional, e não a Prefeitura de Cuiabá. “Eu tenho um custo por essa ferramenta, mas é um custo meu”.

Brito citou que o contrato entre a Norge e a prefeitura foi assinado no valor de R$ 19,2 milhões, mas após manifestação do Ministério Público, houve a retirada de alguns serviços, e ele foi reduzido ao valor R$ 14 milhões anual. Neste ponto, o empresário esclareceu que houve redução na mão de obra, e não dos serviços contratados. Posteriormente, ele se retificou e contou que houve redução de serviços.

Em 2021, segundo o empresário, a Prefeitura de Cuiabá não efetuou o repasse de nenhum mês de serviço prestado pela empresa.

Na avaliação de Dirceu, o motivo do vencimento dos medicamentos se deve à compra excessiva.

Ainda na oitiva, o empresário contou que, apesar de existir um sistema integrado entre as unidades de saúde e o CDMIC, ele não é utilizado para solicitar medicamentos. “Isso facilitaria muito a nossa vida, mas recebemos por e-mail e, eventualmente, por telefone”.

Em 2017 e 2018, a Norge Pharma fornecia medicamentos à Prefeitura de Cuiabá. Questionado se os medicamentos vencidos encontrados em 2020 eram desses lotes, Dirceu não soube responder.

Em outubro de 2020, a Prefeitura de Cuiabá abriu uma investigação interna, após receber denúncias, para verificar a situação no CDMIC. Dirceu afirmou ter sido ele o autor da denúncia.
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