O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) convidou Marcelo Crivella (Republicanos), ex-prefeito do Rio, para ser embaixador do Brasil na África do Sul.
O convite foi feito há dois meses, após um encontro no Palácio do Planalto, em Brasília. O nome de Crivella precisa ser aprovado pelas autoridades da África do Sul.
O Ministério das Relações Exteriores enviou ao governo da África do Sul um documento conhecido como "agreement", que é uma consulta que sinaliza a intenção de uma indicação.
A informação foi confirmada pela TV Globo com fontes ligadas a Crivella e ao partido dele, Republicanos. O documento questiona se o governo sul-africano tem alguma restrição à sugestão.
A indicação foi vista como um afago de Jair Bolsonaro ao Republicanos, que está na base de apoio do presidente.
Pessoas ligadas ao partido afirmam que a bancada evangélica ficou irritada com a omissão do presidente em relação à deportação de missionários brasileiros de Angola, no mês passado. A indicação seria uma forma de tentar conter a crise.
O Republicanos é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), da qual Crivella é bispo licenciado.
Houve um racha entre bispos brasileiros e angolanos pelo comando da igreja em Angola. Os angolanos afirmam que os brasileiros enviaram dinheiro para o Brasil de maneira ilegal.
A Procuradoria Geral da República de Angola investiga o caso, segundo agências internacionais.
Crivella é sobrinho do principal líder da IURD, o bispo Edir Macedo, e já morou na África do Sul quando foi missionário.
O bispo licenciado foi prefeito do Rio entre 2017 e 2020, de onde saiu preso suspeito de corrupção no caso conhecido como QG da Propina.
Para se tornar embaixador, o nome do ex-prefeito tem que ser aprovado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal.
O que dizem os citados
A IURD diz que a Igreja em Angola não é investigada no inquérito e os bispos e pastores sequer tiveram acesso ao procedimento.
A igreja em Angola, segundo a nota, é vítima de uma trama elaborada por um grupo de ex-oficiais que foram expulsos em decorrência de desvios de conduta, além de ataques, invasões, saques e notícias falsas.
Segundo a Iurd, não houve qualquer irregularidade da igreja ou de seus bispos e pastores.
O ex-prefeito e o Palácio do Planalto não responderam o RJ1 até a última atualização desta reportagem.