Cuiabá, quinta-feira, 25/04/2024
18:20:20
informe o texto

Notícias / Entrevista da Semana

20/06/2021 às 08:00

Medeiros fala das articulações da direita em MT para 2022 e aposta em força de Bolsonaro

Parlamentar é vice-líder do governo na Câmara Federal e já tem apoio declarado de Bolsonaro para disputar o Senado

Camilla Zeni

Medeiros fala das articulações da direita em MT para 2022 e aposta em força de Bolsonaro

Foto: Leiagora

Vice-líder do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), na Câmara, o deputado federal José Medeiros (Podemos) acredita que o chefe de Estado será o grande responsável pela eleição de 2022. Isso porque, em sua visão, mesmo tendo que se preocupar com sua própria corrida presidencial, o gestor ainda conseguirá puxar votos para seus aliados nas majoritárias.

Em Mato Grosso, segundo Medeiros, Bolsonaro ainda não definiu quem deverá ser o seu candidato. Entretanto, opções não faltam. O deputado garante que, contudo, a certeza é de que o atual governador, Mauro Mendes (DEM), não seria acolhido pelo presidente, diante de sua postura oposicionista adotada com a chegada da pandemia da covid-19.

Medeiros ainda comentou as projeções de seu partido para 2022, as articulações locais e nacionais e avaliou que, apesar de pretender continuar na sigla, a decisão dependerá do rumo adotado pela presidente, a senadora Renata Abreu.

Abaixo, confira a entrevista completa.

 

Leiagora - O Podemos é um partido que, hoje, tem o senhor como a principal liderança. Tem ainda um vereador na Câmara de Cuiabá, por exemplo, mas qual é o plano do Pode para 2022? Há pretensões para colocar deputados estaduais? Onde se enquadram Niuan e Abílio nesse projeto?

José Medeiros -
Nós estamos com uma pretensão de lançar Abílio a deputado federal, Niuan a deputado estadual e tem outros candidatos a deputados estaduais também, outros candidatos a deputados federais que a gente está montando as chapas, né? Ainda estamos com esse deadline aí. Todos os partidos buscando candidatos e agora com muito mais cuidado, porque são chapas que não tem coligação. Então nós estamos com essa preocupação de montar essas candidaturas todas aí. Mas, por enquanto, estão bem definidos o Abílio, Niuan, o Rafael Machado para deputado estadual, que é lá noroeste do estado. 

Leiagora - Além desses nomes, o partido tem outros convites que ainda estão aguardando resposta?

José Medeiros -
Sim, tem. A gente tem convites aí. Nós temos o Stringueta, que a gente tem convidado, outros deputados também que a gente já convidou. O deputado Claudinei nós convidamos, o Nelson Barbudo, o deputado [federal] Leonardo. Temos convidado as pessoas e vamos montando, né, está num momento de prosear. 

Leiagora - O delegado Stringueta seria para deputado estadual? 

José Medeiros -
Para o que ele quiser, né? Mas eu acho que seria para deputado estadual. Se ele quiser, está aberta  aporta. 

Leiagora - O senhor acha que o Podemos consegue eleger quantos deputados estaduais e federais? 

José Medeiros -
Olha, obviamente que a gente sempre tem o objetivo de eleger o máximo possível, mas a gente só vai ter essa perspectiva melhor quando montar a chapa, que aí você vai poder avaliar mais ou menos, de acordo com o perfil, ver o potencial de cada candidato. Agora, a vontade era eleger os oito, né? 

Leiagora - Nessa semana houve uma conversa de que Jayme Campos teria tentado uma aproximação de Bolsonaro com o senador Wellington, e teria ouvido que o senhor é o candidato do presidente. Isso já está cravado?

José Medeiros -
Sim, o presidente já declarou isso, né? A gente já conversou. O presidente está com um plano de ter no próximo mandato uma bancada leal no Senado. Por isso, em cada estado ele está escolhendo um nome, e eu fiquei muito contente de ter sido escolhido aqui, e a gente está trabalhando agora a pré-candidatura para no ano que vem entrar na batalha. 

Leiagora - Em 2020, a direita se dividiu na eleição suplementar tendo que escolher entre o senhor e a coronel Fernanda. Acredita que dessa vez conseguirá unificar todos os apoiadores em prol de um único nome?

José Medeiros -
Eu torço para que sim. A gente precisa agora, nesse projeto de 2022, trabalhar em cada estado muito focado, porque nós temos eleição presidencial, não é mais uma eleição solta, só de senador, em que cada um está se posicionando e tal. Agora é um projeto principal onde as candidaturas majoritárias, embora importantes, de governador e senador… Mas nós temos, acima de tudo, um projeto principal. E se acabar despedindo, você prejudica o projeto principal. Também agora nós vamos estar com projetos bem definidos para cada um. Por exemplo, a coronel Fernanda é praticamente uma deputada federal eleita, com o recall que ficou da eleição passada. E ela vai estar na chapa do partido do presidente. Ela e outros candidatos, o Victório Galli, por exemplo. Então, de certa forma, a gente vai estar trabalhando para acomodar o projeto de todo mundo e para estar todo mundo unido.
 
Leiagora - A Coronel Fernanda é um desses nomes que entram no Podemos, deputado?

José Medeiros -
Não. A coronel Fernanda está no Patriota e provavelmente deve ficar, porque o presidente vai estar ali e ela é bastante ligada ao presidente. 

Leiagora - O Bolsonaro já se definiu no Patriota então?

José Medeiros -
Olha, está bem encaminhado. Não é que definiu, mas está bem encaminhado. Então, a menos que haja algum problema jurídico, mas… Flávio já filiou lá. Eu diria que hoje o Patriota está com o pescoço na frente dos outros para a filiação do presidente. 

Leiagora - Ainda falando do presidente, deputado, o Bolsonaro teve essa pecha de que levou muitos votos nas eleições passadas e todo mundo esteve e está tentando aliar suas figuras à dele. O senhor acredita que o presidente ainda conseguirá arrastar forças e carregar nomes para a próxima eleição?

José Medeiros -
Olha, eu tenho a impressão que ele vai ter muita força, vai fazer muita transferência de voto para o candidato que ele apoiar para o governo. Principalmente porque eu penso que o governador [Mauro Mendes] fez uma aposta errada no momento em que ele escolheu ser oposição ao presidente da República. Ele acabou apostando na queda do presidente e isso não aconteceu. E o presidente a tendência agora é só subir, porque as próprias agências estão recalculando o PIB do Brasil para cima, já se fala em crescimento de, no mínimo, 5% em 2021. Isso é um crescimento estrondoso, porque você está no meio de uma pandemia. Você vê que a Dilma, sem pandemia, estava com PIB negativo. Aliás, o PT, por si só, é uma pandemia. Então, o que você sente é que ele vai ser um cabo eleitoral muito forte, e eu penso que essa transferência é de voto que ele teve… Você veja, se somar os votos meu e da coronel Fernanda, ganhava a eleição do Senado, e são votos dele. Meu voto é um voto totalmente dele, os da coronel também são totalmente ligados a ele. 

Leiagora - O senhor mencionou que o Bolsonaro procura um candidato a governador. O senhor acredita que ele consegue influenciar numa eleição local? E quem seria o nome do grupo? Ouvimos que o senhor tem indicações como o ex-prefeito Rossatto, o Reinaldo e o Ygor Moura. 

José Medeiros -
Não posso falar pelo presidente, porque isso aí vai ser uma escolha dele, mas temos nomes que têm se colocado, como o Reinaldo, o Rossato, o Ygor mesmo, e podem surgir outros. Estamos no deadline certo para escolher, que é agora até julho, dá tempo, então vamos conversar e o que a gente tem falado para o presidente é que Mato Grosso é um player importante. Tem duas formas do estado se destacar: ou por grande densidade demográfica, grande eleitorado, ou grande potencial econômico, que é o caso de Mato Grosso. O estado hoje não tem como não ser visto, porque hoje, boa parte dessa pujança toda do PIB subindo, são as commodities, e boa parte das commodities sai daqui. 

Então, o que eu sinto é que o presidente vai dar uma importância muito grande a Mato Grosso por causa dessa importância econômica, por causa do agronegócio, por causa da questão turística, da infraestrutura. A maior infraestrutura que vai ser feita no Brasil vai ser aqui, falando de ferrovias, mas temos ainda outras ferrovias no radar. Então, você precisa estar com um governador que jogue junto, porque, quando não joga junto, fica igual Cuiabá e o governo estadual. Cuiabá já era para estar com o VLT, mas Mauro puxa pra lá, puxa pra cá, fica esse brigueiro e a coisa não anda. Então, até julho é um prazo bom para a candidatura ficar na boca do povo. Senão a candidatura fica muito em desvantagem, porque o governador está em campanha, entregando máquina, fazendo coisas. E, se a gente demora muito, você não consegue emplacar a candidatura num estado nesse tamanho. O que a gente quer é buscar um nome e, a partir desse nome, a gente vê em qual partido ele quer lançar, se é a partir do partido do presidente, se é do Podemos. Obviamente, ficaria muito honrado se fosse pelo podemos. Mas o importante é que o grupo tenha um nome para levar ao governo.

Leiagora - Falando em Podemos, o partido nacionalmente se alinha no caminho de uma aliança com outros partidos para ser uma terceira opção em alternativa a Bolsonaro e Lula em 2022. Como o senhor vê e onde fica nesse movimento?

José Medeiros -
Não está fechado isso aí ainda, não. Nessa semana nós vamos fazer uma reunião. O partido é o que mais vota com o presidente, a grande maioria quer ficar com o presidente, então vamos ter essa reunião e vamos ver como vai se definir. Lógico que a presidente [senadora Renata Abreu] já conversou com esse povo de centro, mas o partido obviamente que vai conversar com a presidente e mostrar a vontade do partido. 

Leiagora - E o senhor vai permanecer no Podemos?

José Medeiros -
Olha, a minha vontade é permanecer no Podemos. O partido está bem estruturado no estado e seria mais um partido de apoio aqui ao presidente da República. 

Leiagora - Deputado, o senhor tem acompanhado aqui em Mato Grosso a chegada do ex-senador Cidinho Santos no PSL? Levanta-se a possibilidade de que ele seria um nome para a disputa ao Senado, mesmo sendo desse grupo político do deputado Neri Geller. Como o senhor avalia essa movimentação?

José Medeiros -
Olha, eu não tenho avaliado, não, mas sei que são movimentos naturais. O governo tem a máquina e vai tentar cooptar o máximo de partidos possíveis, e cada partido que for conquistado tem que fincar uma bandeira lá e colocar um nome forte para dominar o terreno conquistado. No caso do PSL, colocou o Cidinho, que é uma pessoa que tem experiência e lógico que vai dominar o terreno e ser o homem do governador. 

Aí com o Neri eu não sei como que está a relação deles lá, não sei se acertaram isso. O certo é que eles estão se movimentando e eu não sei se é uma estratégia de todos eles juntos, se o Neri já desistiu… Mas não tenho acompanhado isso, não, porque eu estou bastante focado no nosso time.

Leiagora - Ainda sobre filiação, tem uma especulação em torno do ex-ministro Sérgio Moro. Qual é o seu sentimento em relação ao ex-ministro no seu partido?

José Medeiros -
Não, isso já foi superado, porque eu tenho ouvido lá é que isso não… ele vai ficar na área jurídica mesmo. Mas eu não tenho dificuldade nenhuma, só que eu já avisei pro partido. Aí seria se o partido vai ter dificuldade comigo ou não, porque eu já avisei que que vou estar com o presidente Jair Bolsonaro, né?

Leiagora - Ainda nesse assunto, o vice-governador Pivetta é um nome cogitado para a filiação no partido há algum tempo. Em que pé estão as conversas? E, pelo que o senhor já adiantou, mesmo com Pivetta no Podemos, não há chance de aproximação com o governador Mauro?

José Medeiros -
Olha, o Pivetta é um nome respeitado. Eu penso que ele não vai ter guarida nesses grupo lá. Ele já esteve junto com a Coronel Fernanda, e é um nome que pode vir. Eu vejo que ele tem um perfil de gestor, né? Então, eu penso que ele tem tudo para estar junto com o grupo do presidente Jair Bolsonaro e  acho que seria um nome importante para estar andando com o presidente. Nós ainda não conversamos, mas o Pivetta é o vice-governador. De qualquer forma, o Mauro já definiu o caminho dele, que ele vai ficar para lá e nós vamos ficar para cá. Ele já definiu quando ele decidiu ser oposição. Então, dobradinha, não dá. Não vamos estar com o Mauro Mendes. Eu acho que Pivetta tem estrutura para ser governador. Acho que se ele viesse para o grupo ele estaria junto com o Rossatto, com o Reinado, para ser cabeça de chapa. Aí é consenso, conversando resolve. Pela incompetência que o Mauro mostrou, está na hora do Pivetta se apresentar para o serviço.


Leiagora - Em relação às suas atuações na Câmara, deputado, o senhor tem atuado com relação aos preços cobrados pela Energisa. Como está essa discussão em nível federal? Alguma possibilidade de a concessionária deixar a gestão em MT?

José Medeiros -
Ah, deixar, não, porque eles não largam o osso, né. Isso aí a gente não precisa nem ter essa ilusão. O que a gente precisa é  fazer o que a gente está fazendo lá. Eu já convoquei uma audiência lá e estamos esperando a marcação da data. Chamar a Aneel, chamar a Energisa e todo mundo. Também estamos colhendo assinaturas. O deputado Léo Moraes, que é de Rondônia, a Energisa também presta serviço lá, chamar numa CPI para investigar essas coisas todas, porque a gente precisa de qualidade e a gente precisa também de que a Aneel dê uma explicação de por que tanto aumento. Porque a Aneel é tão pronta para dar aumento e na hora de exigir qualidade a gente não vê ela tão pronta assim para defender o bolso do usuário. A gente quer saber. No meio da pandemia está todo mundo fazendo sacrifício, está todo mundo dando sua dose de sacrifício, empresa quebrando, pessoas perdendo o emprego, aí vem a Aneel e diz que tem que dar aumento por causa do equilíbrio econômico e financeiro. Mas pera aí, está todo mundo desequilibrado aqui, ué. Então, a gente quer discutir isso.

Leiagora - O senhor também votou contrário ao PL que altera a lei de improbidade administrativa e restringe a condenação.  O senhor acha que a lei facilita para os gestores que têm uma conduta improba?

José Medeiros - Eu votei contra por uma questão simbólica. As pessoas já estão tão contrariadas com a postura que alguns ministros do STF tomam, decepcionadas com tudo, e aí, no momento em que acaba vindo um projeto desse, nesse momento… Eu não achei que fosse viável votar a flexibilização de uma lei que tem funcionado, sabe? Eu sou contrário à ideia de flexibilizar a lei da improbidade. Penso que você tem que passar para o público essa segurança de que tem uma lei amparando ali e dando segurança ao combate [à corrupção]. Porque, no momento que você flexibiliza e deixa tudo muito subjetivo, você acaba… Os cara com essa lei já estão fugindo. Com uma lei dura a gente já vê um festival de impunidade grande.

Leiagora - Em Brasília também se discute a reforma eleitoral. Uma das opções que está mais ganhando espaço é a implantação do distritão, com a eleição dos mais votados. O senhor acredita que isso dificulte o acesso dos partidos menores à Câmara Federal e à Assembleia?

José Medeiros -
Olha, tem muita gente querendo o distritão, mas não dá pra cravar ainda, saber o que vai acontecer, não. Essa é uma discussão é pro ano que vem ainda, mas eu sou a favor do distritão, sim.
Clique aqui, entre na comunidade de WhatsApp do Leiagora e receba notícias em tempo real.

Siga-nos no Twitter e acompanhe as notícias em primeira mão.


 

1 comentário

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do site. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

  • Cleuza Spengler 20/06/2021 às 00:00

    Quero ver um bom governador em Mato Grosso Grosso, por isto quero ver Medeiros eleito . Conte comigo Deputado MEDEIROS .

 
Sitevip Internet