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Notícias / Judiciário

12/07/2021 às 08:00

Um ano sem Isabele: saiba como está processo na Justiça

Atiradora e seu namorado, ambos menores de idade, foram condenados. Pais da atiradora ainda respondem a ação criminal

Eduarda Fernandes

Um ano sem Isabele: saiba como está processo na Justiça

Foto: Arquivo Pessoal

Um ano após a morte de Isabele Guimarães Ramos, uma menina de 14 anos atingida no rosto por um disparo de arma de fogo em um condomínio de luxo de Cuiabá, parte do caso segue sem desfecho na Justiça. A menor que assumiu a autoria do tiro está internada no Centro de Ressocialização Menina Moça, na capital, desde 19 de janeiro, quando foi condenada por ato análogo a homicídio, a três anos de internação, com prazo de reavaliação semestral.

Outra condenação foi do namorado da atiradora, pois foi ele quem levou a arma que matou Isabele para a casa onde o crime aconteceu. Em fevereiro deste ano, o rapaz de 16 anos recebeu pena de 6 meses de prestação de serviço comunitário, fixado em quatro horas semanais, e um ano de medida socioeducativa de liberdade assistida. A decisão foi proferida pela juíza Cristiane Padim, da Vara da Infância e Juventude de Cuiabá.

Os pais da atiradora, Marcelo Martins Cestari e Gaby Cestari respondem uma ação criminal que tramita na 8ª Vara Criminal de Cuiabá. Eles foram denunciados pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio do promotor de Justiça Milton Pereira Merquiades, em 6 de novembro de 2020.

A denúncia foi recebida no dia 16 daquele mesmo mês e o casal passou a responder pelos crimes de homicídio culposo, corrupção de menor, porte ilegal de arma, fraude processual e entrega de arma para menores de idade.

O promotor Milton Pereira Merquiades afirmou que Marcelo Cestari foi negligente ao mandar a filha guardar, no andar superior, as armas de fogo que o namorado dela havia levado à residência. Ele também citou um vídeo, gravado por Gaby Cestari, no qual a adolescente infratora aparece manuseando arma dentro de casa. Com isso, o promotor apontou que a entrega de armas de fogo a menores na casa era um "fato comum e corriqueiro".

A denúncia também aponta crime de fraude processual, uma vez que os pais da adolescente teriam retirado da cena do crime alguns apetrechos de manutenção de armas de fogos que se encontravam sob uma mesa na sala da casa onde o crime aconteceu, “com o fim de produzir efeito em processo penal futuro”.

Contudo, em junho deste ano, o promotor de Justiça Jaime Romaquelli, agora responsável pelo caso, aditou a denúncia proposta contra o casal, pedindo que os dois respondam por homicídio doloso qualificado, ou seja, quando há intenção de matar.

Para o promotor, o casal promoveu “de forma absolutamente desvigiada, a inserção dos adolescentes no mundo das armas e da prática de tiros, permitindo-lhes franco acesso e manuseio de armas de grosso calibre muito além dos stands de tiro – como no interior da casa”.

O casal ainda deve responder por manter sob sua guarda uma arma de fogo em desacordo com as determinações legais, entregar armas de fogo à adolescente, cometido ao menos duas vezes, e fraude processual.

A informação da defesa da família Cestari, representada pelo advogado Artur Barros Freitas Osti, é que o pedido de aditamento da denúncia ainda não apreciado pelo juiz.

Todas as ações do caso tramitam em sigilo, motivo pelo qual o Poder Judiciário e MPMT não podem repassar informações sobre o andamento.

O Leiagora apurou que a ação contra os pais não deve ser sentenciada ainda este ano e, caso a tipificação do crime seja acolhida pela Justiça, o desfecho deve demorar ainda mais.

A morte de Isabele

Isabele morreu em 12 de julho de 2020, quando passava a dia na casa da melhor amiga, uma adolescente de 14 anos (hoje 15), filha da família Cestari. Ela foi atingida por um tiro na cabeça, que entrou por suas narinas, quando estava dentro do banheiro, no closet do quarto da atiradora, na parte superior da residência.

Minutos antes do crime, o namorado da atiradora havia ido embora e deixado no local duas armas para que o sogro fizesse manutenção. Marcelo Cestari então pediu que a filha guardasse a case com as armas em seu quarto, no andar superior. Porém antes de entrar no quarto do pai, a adolescente entrou em seu próprio quarto, onde estava Isabele, e levou consigo a case.

A defesa da menor alega que o tiro ocorreu de forma acidental, após a queda da case na porta do banheiro. A perícia descartou essa hipótese.
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