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17/07/2021 às 17:05

Saiba como identificar os sinais de um relacionamento abusivo e como sair dele

Sobre o assunto, Leiagora conversou com a presidente da Comissão de Direito da Mulher da OAB-MT, Clarissa Lopes Dias Malluf Pereira

Luzia Araújo

Saiba como identificar os sinais de um relacionamento abusivo e como sair dele

Foto: Reprodução

As imagens do DJ Ivis agredindo cruelmente a esposa, Pamella Holanda, circularam pela mídia em geral e causou revolta no país, na última semana. Infelizmente, muitas mulheres não conseguem sair do ciclo da violência e denunciar o agressor como Pamella fez, publicando as agressões nas redes sociais.

Pensando nisso, o Leiagora conversou com a presidente da Comissão de Direito da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Clarissa Lopes Dias Malluf Pereira, que ajudou a identificar quando uma mulher é vítima de um relacionamento abusivo e o que fazer para sair dele. 

Segundo a especialista, toda a relação em que existe excesso de controle, na qual a mulher fica tensa, nervosa, preocupada com o que as ações dela podem acarretar em um homem, já são sinais de um relacionamento abusivo.

Outro sinal, de acordo com Clarissa, é quando o parceiro afasta a mulher da família e do conviveu com os amigos e amigas, dizendo que é para protegê-la. “Ele faz a mulher enxergar estas pessoas como sendo ruins para ela”, completou. 

A presidente também citou quando o homem implica com o horário de trabalho da mulher. “Se ela atrasa um pouco para chegar em casa, já é motivo de briga”. Além disso, o homem abusador atribui a culpa sempre à mulher, explicou a especialista. 

Fora isto, Clarissa lembrou que dentro do relacionamento abusivo também existe o ciclo da violência, que começa com a violência psicológica na qual ocorre os xingamentos, passa para fase de tensão que é quando acontece as agressões e depois vai para a "lua de mel".

“O homem agride a vítima, ele mesmo cuida, pede desculpa, diz que nunca mais vai fazer isto, que foi um caso isolado, que foi ela que provocou tudo e fica em uma 'lua de mel', mas depois volta a acontecer tudo de novo. É muito importante que as mulheres fiquem atentas a estes sinais e que saiam do ciclo, porque o mais difícil são elas romperem esta bolha”. 

Clarrisa ressaltou que viver um relacionamento abusivo pode prejudicar a saúde mental da mulher e levar até ao feminicídio, que é o homicídio de mulheres praticados em virtude de violência doméstica e familiar ou menosprezo/discriminação contra a condição de mulher. 

Além da mulher, uma relação abusiva dentro de casa também pode afetar os filhos, disse a especialista. “Os filhos serão afetados também na saúde mental porque a criança vai mentalizar e entender que relacionamento amoroso é daquela forma e vai, provavelmente, repetir isto quando eles tiverem os relacionamentos deles. Além disso, a criança vai ter problema na escola. Então, os filhos sofrem tanto quanto a mãe”.

Para a presidente da Comissão, a melhor forma de ajudar a mulher vítima de um relacionamento abusivo é por meio do acolhimento. “Muitas vezes ela está ali porque a mulher não tem forças para sair e o nosso papel é entender e tentar dar forças para que ela tome esta decisão. Nunca julgar, porque tudo que uma mulher não quer, neste momento, e ser julgada e muitas vezes ela fica quieta, justamente, porque as pessoas não vão entender o que ela está passando”. 

De acordo com Clarissa, uma pesquisa mostra que a mulher não consegue romper o ciclo da violência devido a fatores psicológicos e cultural e não pela dependência financeira. “A mulher não tem forças para romper porque está psicologicamente fragilizada e o agressor sabe trabalhar esta fragilidade. Então, muitas vezes ela acredita no que o agressor está falando. Acredita que ela é burra, que é incapaz, que ela só vai conseguir alguma coisa se estiver com ele. Outras continuam por causa dos filhos. Existem casos que levam em conta a questão cultural do divórcio. Existem famílias que não admitem isto ainda e a mulher tem essa vergonha de assumir que o relacionamento dela não deu certo. Então, o fator psicológico e cultural são muito fortes para que a mulher tomar esta decisão”. 

Trabalhar a autoestima e o empoderamento feminino são importantes para as mulheres  sejam capazes de sair de uma relação abusiva, ressaltou a especialista. “O nosso desejo é que elas nem entrem. Assim que detectarem que o parceiro está passando da linha amarela, elas já interrompam por ali. O que orientamos é trabalhar a autoestima e empoderamento, buscando ajuda com terapia, rodas de conversas, porque este assunto precisa deixar de ser tabu entre elas”. 

Para finalizar, a presidente destacou que em briga de marido e mulher "se mete a colher", sim. “Meter a colher salva vidas. O problema da violência doméstica contra a mulher não é um problema de casal é um problema da sociedade. Então todos nós somos responsáveis por estas mulheres e protege-las. A pessoa que sabe de uma vizinha que passa por isto, que escuta briga, deve denunciar”. 

Denúncias e canais de atendimento

O Disque-denúncia específico para violência contra a mulher é o 180, que funciona 24 horas por dia. A vítima também pode denunciar o crime pelos Disques 197 e 181, da Polícia Judiciária Civil (PJC-MT). Já para acionar a Polícia Militar (PM-MT) em uma emergência, ou seja, no momento em que a violência ocorre, é só ligar 190. Os registros de ocorrência podem ser feitos em qualquer delegacia, nos municípios em que não há delegacia especializada.

Agora a mulher também pode solicitar medida protetiva quando se sentir ameaçada, pelo site https://sosmulher.pjc.mt.gov.br/. Para aquelas que já possuem a medida em funcionamento e que moram em Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres e Rondonópolis, também foi lançado o aplicativo do Botão do Pânico, para ser acionado em caso de descumprimento pelo agressor. Para baixar, basta digitar SOS Mulher MT na pesquisa da loja de aplicativos do celular. Está disponível para Android e IOS.
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