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25/07/2021 às 16:00

Vídeo | Mãe com 9 filhos sobrevive em miniestádio há sete meses: 'aqui é um sofrimento'

Local serve de abrigo para 30 famílias que foram despejadas do Residencial Colinas Douradas

Luzia Araújo

Vídeo | Mãe com 9 filhos sobrevive em miniestádio há sete meses: 'aqui é um sofrimento'

Foto: Leiagora

A quadra do miniestádio do bairro Mapim, em Várzea Grande, deveria receber jogos esportivos, proporcionando laser aos moradores da comunidade. No entanto, hoje serve de abrigo para 30 famílias que sonham um dia ter a casa própria. Homens, mulheres, idosos, crianças e adolescentes dividem cada centímetro do espaço com barracos construídos com madeiras e lonas.

Antes de morarem lá, foram despejados do Residencial Colinas Douradas depois de invadiram o local, que segundo eles “estava abandonado”. Há sete meses, as famílias vivem de doações e seguem sem nenhuma previsão de conseguirem suas próprias casas.

A reportagem do Leiagora esteve no miniestádio e conheceu a história de Blenda Caroline de Campo Pereira, 26 anos. Ela vive no local com os quatro filhos.

Desempregada desde o início da pandemia, em março de 2020, Blenda contou que a maior dificuldade que as famílias enfrentam é a falta de estrutura física. Todos ficam expostos ao frio e ao calor, além de conviverem com animais que podem transmitir doenças, como pombos.

Blenda também contou que é alto número de pessoas desempregadas no local. “As famílias que estão aqui são famílias que não têm para onde ir, que não têm casa e não têm condições de pagar um aluguel”. 

Segundo Blenda, a prefeitura do município diz que está estudando a situação das famílias, mas ainda não tem uma data para retirá-los de lá. Enquanto isto, o órgão envia cestas básicas todo mês e auxilia com outros recursos. “Eles mandam também caminhão pipa, para termos água. Recentemente, eles arrumaram os banheiros que estavam em um estado bem crítico, mas o nosso maior desejo é sair daqui para uma casa, onde conseguiremos criar os nossos filhos com o mínimo de segurança e dignidade.”

Ela contou que fora a insegurança, outro sentimento que cada uma das pessoas ali abrigadas carrega é o de abandono. “A pior sensação é esta. Se sentir abandonado pelo governo, pelo Poder Público, porque eles vêm aqui, conversam, explicam o lado deles, mas para nós não temos nada de concreto. Ninguém quer viver desta forma. É muito difícil, porque todos nos olham com olhar de julgamento, sem saber a nossa história. No meu caso eu fui demitida no começo da pandemia, mas eu sempre trabalhei. Até hoje não consegui outro emprego e agora vivo de bico. Então, eu não estou aqui porque eu não tenho o que fazer, eu estou aqui porque preciso. Tenho quatro filhos, onde vou colocá-los?”. 

Quem também lamenta a forma como está vivendo é Beatriz de França da Silva, de 36 anos. Ela mora em um barraco com nove filhos, sendo o mais novo de quatro meses. O que ela mais deseja é sair do miniestádio, seja para uma casa própria ou para um imóvel alugado, porém desempregada e sem dinheiro, ela ainda não pode realizar o sonho.  

Enquanto isto, Beatriz contou que vem enfrentando “os dias de luta” com as doações que recebe e também fazendo salgados para vender, porém a renda ainda não é suficiente para mudar para outro local. Ela viu no Residencial Colinas Douradas uma oportunidade de ter a casa própria, mas ao ser despejada e levada para o miniestádio, pensou em desistir de tudo. 

“Desde do início, aqui é um sofrimento, uma luta. Vem prefeito, secretário conversa com a gente, mas os meses vão passando e nada. Tem muita gente na lista pela casinha, mas eles nunca fazem a entrega da casa. Dizem que vai acabar a obra, mas nunca acaba. Então para onde eles estão colocando o dinheiro?”. 

Procurada pela a reportagem, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Várzea Grande disse que as famílias foram retiradas do Residencial Colinas Douradas por ordem da Justiça Federal atendendo pedido da Caixa Econômica Federal por serem invasores.

"A Prefeitura tentou intermediar uma solução para os mesmos que, comprovadamente, estivessem em risco de vulnerabilidade social, serem contemplados com uma unidade, mas a Caixa Econômica Federal e a Controladoria Geral da União (CGU) sinalizaram que contemplá-los prejudica aqueles que participaram de todas as etapas do processo de escolha, que leva em consideração critérios técnicos avaliados pela Caixa Econômica Federal. Cabe ao município apenas participar do sorteio e ser parceira na obra com as áreas e infraestrutura para a construção dos residenciais", informa por meio de nota.

O município ainda informa que foi cumprida a decisão judicial federal, mas isso criou um impasse, "que são essas 30 famílias que estão sendo atendidas pelo município com mantimentos, condições um pouco melhores, até que se possa encontrar uma solução plausível, pois a própria abertura de crédito para eles adquirirem casas populares não foi possível, já que a quase totalidade não tem renda e não dispõe de condições de assumir um financiamento”.

 
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