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Notícias / Política

20/07/2021 às 17:01

Gilberto cita servidores que se recusam a seguir protocolos de biossegurança

Secretário foi ouvido na manhã desta terça-feira (20) sobre surto de covid na SES

Eduarda Fernandes e Paulo Henrique Fanaia

Gilberto cita servidores que se recusam a seguir protocolos de biossegurança

Foto: Mayke Toscano / Secom-MT

O secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, foi ouvido na Assembleia Legislativa, na manhã desta terça-feira (20), sobre o recente surto de covid-19 na sede da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Ele e a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde (Sisma) foram convocados pelo deputado estadual Lúdio Cabral (PT).

Lúdio quis saber de que forma o surto teve início na sede da SES, em que data foi confirmado o primeiro caso, quantas pessoas foram infectadas, qual o estágio atual desse surto, quantas pessoas foram testadas, confirmadas, a quantidade de servidores atuando na sede, situação dos servidores com comorbidades, e se houve hospitalização.

Além disso, perguntou que providências a secretaria está tomando para evitar a ocorrência de situações como essa. “Fiz uma conta rápida, nove ofícios falando dessa questão de trabalho e risco de contágio na secretaria e até agora esses documentos não teriam resposta satisfatória”, citou o parlamentar.

Gilberto argumentou que a secretaria tem grande quantidade de servidores e que, de fato, seria mais cômodo se todos estivessem trabalhando em home office. “Mas temos um estado inteiro para dar conta, um universo muito grande de questões burocráticas como é nossa área de aquisições, de recursos humanos, que são responsáveis por cuidar da atividade administrativa para que os insumos cheguem, que no dia do pagamento o salário seja pago. Não conseguimos ter uma grande quantidade de servidores de forma remota, porque tem que acessar sistemas, equipamentos, e temos dificuldade para que isso aconteça”, justificou.

O secretário pontuou que a pasta cumpriu, na pandemia, as ações que deviam ser cumpridas em relação ao afastamento de servidores com comorbidades. “Tentamos fazer uma escala para diminuir a densidade entre os servidores da secretaria, mas infelizmente os servidores não atuam só dentro da secretaria”, explicou.

Neste sentido, ponderou que os servidores têm uma rotina além do período de expediente, de modo que podem ser infectados em qualquer lugar.

“Ocorreu esse fato, tomamos todas as providências sanitárias que o caso requer com testagem em massa dos servidores, detectando aquele que testou positivo e afastando-o, avaliando inclusive os familiares que assim quiserem ser avaliados, mas, infelizmente encontramos dificuldades de funcionários que teimam em não usar a máscara, não seguir as medidas protocolares, que se recusam a serem vacinados”, revela.

Nesse último episódio, Gilberto conta que a maioria dos servidores infectados são assintomáticos. “Tivemos 80 casos de infectados, dentre 680 servidores que atuam na SES. Desses, apenas 4 são servidores tiveram a necessidade de um auxilio hospitalar. Nenhum foi para a UTI, a maioria já retornou às atividades”, relatou o secretário.

Gilberto citou que o número de servidores aumentou ao longo dos anos, mas a arquitetura não, o que prejudica um melhor planejamento. “Por isso, locamos um espaço que está sendo feito uma adequação. Onde vai temporariamente funcionar o Lacen. E também toda nossa área de vigilância para que a gente possa desocupar áreas na secretaria para que a gente possa ampliar a reforma”.

O secretário-adjunto de Atenção e Vigilância em Saúde, Juliano Silva Melo, disse que no começo do segundo semestre, foi feito um protocolo que está disponível no site da secretaria, para condutas para caso de disseminação da covid-19 no ambiente de trabalho. Além disso, mencionou a existência de uma comissão interna que está revisando esse documento.

“A gente já monitora os casos na secretaria anterior a esses casos de agora. Acredito que ano passado tivemos situações com maior dificuldade do que esse momento. Hoje, na secretaria, todos os funcionários receberam primeira e segunda dose de vacina. O processo de infeção independe da imunização. Vemos um crescente aumento das pessoas que já tomaram a segunda dose com um aumento dos casos de covid. A gente já espera esse processo porque o nosso nível de transmissão é muito alto”, revela.

Desde o início da pandemia, Juliano conta que foram confirmados 79 casos na SES, só do RTPCR. “Não estou contabilizando teste de antígeno, que foi feito um volume maior. Foram 1206 testes, isso incluindo familiares dos servidores. Tivemos todos os resultados obtidos em praticamente em 48h”.

Também foi ouvida a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde (Sisma), Carmen Machado. Apesar de elogiar a publicização dos dados, discordou de algumas colocações dos secretários.

“Desconheço todas essas normas que foram citadas e referenciadas como protocolos sanitários. Temos observado na secretaria uma infecção em massa e concordo com o secretario quando ele diz que não tem domínio disso, entretanto, é fundamental que a gente realmente proteja dentro das normas legais os nossos trabalhadores”, cobrou.

“Quando o senhor diz que temos 80 casos e 1200 testes, isso não está sendo contabilizado a questão da Santa Casa e muito menos os contaminados que são familiares, inclusive profissionais que trabalham em outras unidades da SES. É obrigação da secretaria promover o devido cuidado e ser exemplo, infelizmente isso não é possível”, acrescentou.


A presidente conta que, quando tomou conhecimento do primeiro caso, entrou em contato com o secretário, que prontamente respondeu que todas as providências seriam tomadas. Contudo, ela afirma que isso não ocorreu.

Ela também discordou do secretário sobre os processos administrativos não poderem ser realizados de forma remota. “Acredito na possibilidade de se fazer o trabalho remoto. As notas oficiais não correspondem à verdade e todas às vezes que essas notas nos desmentirem publicamente, nós vamos vir a público e mostrar os fatos”, declarou.

Ao final da explanação da presidente, Lúdio sugeriu a Gilberto que o teste de antígeno para detectar covid-19 seja feito a cada 15 dias no ambiente de trabalho. Recomendou também isolamento respiratório imediato aos primeiros sintomas de qualquer servidor ou familiar. “O surto poderia ter sido controlado se desde o começo esse isolamento tivesse sido implementado. E terceiro o tele trabalho das pessoas com comorbidades. Por último, uma escala de trabalho que permita um mínimo de condições para conter a transmissão”.

Gilberto voltou a falar e rebateu a fala da presidente do Sindicato. “Me gera desconforto e que é uma injustiça é que essas imagens que a Carmem mostra não são imagens novas. Esse é o retrato da negligência que ocorre em décadas. Nosso primeiro propósito foi criar condições salubres em todas as unidades de saúde e todas passarão por reforme completa. Trabalhei só na fachada da secretaria porque eu não consegui trabalhar com o acúmulo de reclamações dos servidores e do sindicato. Bastava um martelo na parede que o sindicato pedia para parar porque atrapalhava o serviço. Tomamos a decisão de começar por algum lugar e começamos por fora”, disse.

O secretário ainda citou que foi retomada a obra do Hospital Central, feita a expansão da farmácia de alto custo, escritórios regionais, e Lacen. “Estou disposto a sentar com o sindicato para discutirmos qual medida podemos adotar quanto aos servidores que não querem respeitar norma nenhuma, que não usam máscara, que não fazem higienização das mãos, não fazem teste. Como eu faço? Ainda encontramos com servidores que se recusam a se vacinar, a fazer teste. Temos que conversar sobre esses servidores que não ajudam”, cobrou Gilberto.

Carmem, por sua vez, disse reconhecer os avanços e, quanto ao servidor que se recusa a seguir os protocolos, deve ser punido e pode ser responsabilizado por crime contra a saúde pública. “E o sindicato não se esquiva de trabalhar em conjunto com a secretaria para se for preciso responsabilizar. Infelizmente, na última agenda, o senhor não esteve presente, somente a sua assessoria, que disse que sentença judicial é interpretativa”.
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