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Notícias / Agro e Economia

17/08/2021 às 08:02

Frigoríficos podem fechar em Mato Grosso por falta de gado para abate

Setor pede ajuda estatal para reduzir concorrência entre as indústrias que exportam e as que vendem para o mercado interno

Leiagora

Frigoríficos podem fechar em Mato Grosso por falta de gado para abate

Foto: Reprodução

Maior produtor de carne bovina do país, Mato Grosso corre risco de fechar parte das 33 plantas frigoríficas instaladas no Estado. O alerta é do presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do estado (Sindifrigo-MT), Paulo Bellincanta. As mudanças podem afetar a vida dos cerca de 25,5 mil colaboradores que as empresas tem na folha de pagamento.
 
O assédio para arrendamento de áreas da pecuária para plantio de grãos, que faturam 5 ou 6 vezes mais que os pecuaristas, arroba do boi em patamares mais altos e a ociosidade das plantas frigoríficas. As indústrias frigoríficas instaladas em Mato Grosso trabalharam em 2020 com apenas 58,57% de capacidade.
 
Para Bellincanta, a arroba do boi atingiu os patamares dos preços internacionais e permanecerá neles. Este fato exigiu o ajuste no preço da carne para o mercado interno, o que ocorreu de maneira muito rápida em um momento em que a economia sofre com a realidade da pandemia.
 
“São hábitos e costumes enraizados em nossa cultura e que precisarão se adaptar. A dura realidade da falta de matéria-prima tem trazido sérios problemas para o setor. Soma-se à ociosidade, que tem batido recordes a cada ano, o fator dos preços do produto final para o consumidor. O desequilíbrio entre a exportação e o mercado interno tem provocado um desequilíbrio maior ainda entre empresas exportadoras e não exportadoras”, afirma Bellincanta.
 
Do ano de 2018, os frigoríficos abateram cerca de 5.310.000 animais, arrecadando R$ 297 milhões, saltando no ano de 2020 para R$ 432 milhões, com apenas 5.126.000 animais abatidos. Paulo explica que, “mesmo com a redução no número de abate, a arrecadação aumentou em 45%, em decorrência dos preços maiores. Bons números a serem comemorados, se não fossem os problemas que atingem a indústria no estado”.
 
Indústrias pedem ajuda estatal
 
A falta da matéria prima traz uma concorrência entre as indústrias com difícil solução no curto prazo. A indústria exportadora que vende em dólar seus produtos tem uma margem de ajuste muito superior àqueles que dependem apenas do mercado nacional. A volta da oferta, a níveis em que as empresas retomassem sua capacidade instalada entre 75% a 80%,poderia tornar a concorrência mais equilibrada.
 
“A realidade, porém, está muito distante e neste momento se faz urgente uma ação governamental para amenizar e permitir que as pequenas empresas atravessem este período sem danos maiores. Danos que poderiam atingir de pecuaristas a trabalhadores. O Estado pode e cabe a ele a responsabilidade social de auxiliar uma determinada atividade, atingida por fatores externos, para que ela possa buscar novamente um equilíbrio. Evitar hoje uma quebradeira em cadeia dominó é mais que uma opção, é uma urgência inteligente de quem quer que o setor não tenha prejuízos irreversíveis”, alerta Bellincanta.
 
A maioria das empresas que não são exportadoras tem sua folha de pagamento com valor abaixo do que é recolhido no ICMS. Levando em consideração que a indústria frigorífica tem elevado número de colaboradores, não seria normal esta situação. A indústria frigorífica emprega hoje no estado 25.560 colaboradores diretos e movimenta um número incontável de atividades paralelas. Algumas cidades no interior têm no frigorífico sua maior renda e emprego, girando em torno dele comunidades inteiras.
 
“Em muitos governos fomos chamados a sermos parceiros e nunca nos ausentamos de nossas responsabilidades, desejamos que nosso pleito de ajuda não seja visto apenas por meio de números em planilhas de gabinetes, mas que leve em conta nossa história que se entrelaça ao setor pecuário de Mato Grosso”, analisa Paulo Bellincanta.
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