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Notícias / Política

14/09/2021 às 20:24

Delegados depõem na AL e reforçam suspeitas de uso político da Deccor

Apesar disso, Tóffoli não soube dizer se houve ou não uso do aparelho estatal contra o prefeito de Cuiabá

Angélica Callejas

Delegados depõem na AL e reforçam suspeitas de uso político da Deccor

Foto: Leiagora

Os depoimentos prestados à Comissão de Segurança Pública e Comunitária da Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (14), pelos delegados Flávio Stringueta, Lindomar Tóffoli e Anderson Veiga, reforçaram a suspeita de que a Delegacia Especializada em Combate à Corrupção (Deccor) pode ter sofrido interferência política.

O primeiro a depor foi Stringueta, que reiterou sua crença nas declarações de seus colegas sobre a interferência do Governo, uma vez que teriam de enfrentar consequências negativas por exporem a suspeita de uso indevido da delegacia.

“Assumiram riscos, obviamente, por contarem a verdade para a sociedade. Não queríamos que a politicagem influenciasse na carreira policial, mas o que a gente tem visto é isso”.

Ao final de sua fala de abertura, não houve perguntas para Stringueta que, visivelmente insatisfeito, pediu a palavra novamente e contou que a Polícia Civil, na maioria dos estados, não tem autonomia financeira, de modo que a autonomia administrativa acaba sendo restringida.

"O delegado-geral é um cargo do governador. Governador nomeia e exonera a seu bel-prazer. Nós temos uma lei que diz que o delegado-geral pode ser eleito por lista tríplice, mas não é obrigado. E que o mandato é de dois anos, mas o governador pode cortar isso. Ou seja, é tudo muito relativo na Polícia Civil. Se um delegado-geral quiser continuar no cargo, tem que obedecer o governador. E muitas vezes pode não ser em forma de ordem, pode ser em forma de pedido, mas o pedido é sempre uma ordem, é só uma forma mais amena de determinar", revelou.

Tóffoli, por sua vez, reafirmou as declarações de Stringueta e lembrou das vezes em que foi afastado da PJC por razões pessoais de políticos, inclusive citando o episódio em que, quando estava na Corregedoria, investigou o filho do ex-deputado estadual José Riva e, posteriormente, acabou sendo afastado do cargo. Mais tarde descobriu que sua remoção teria relação com essa investigação.

“Se eu não posso investigar o Governo e não posso investigar alguém com vínculo ao Governo. Quem eu posso investigar?”, questionou.

Foi então que Lindomar ingressou com um mandado de segurança contra a remoção, alegando falta de justificativa. Até hoje, o pedido ainda tramita na Justiça.

Em razão de todo o tempo que já está afastado da delegacia, ele esclarece que não cabe a ele, mas sim à Corregedoria, apurar se há ou não uso político do aparelho estatal contra o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB).

Ao final do depoimento, Toffoli foi inquirido pelo deputado Ulysses (PSL), com a seguinte questão: “Para fins de registro, o senhor, no seu íntimo, acha que a sua retirada da delegacia foi um aparelhamento estatal indevido? Um pedido expresso do governador Mauro Mendes por estar investigando o governo dele, ao delegado geral, que motivou a sua demissão?”.

Lindomar respondeu não saber com certeza se foi uma ordem direta do governador, pois o pedido poderia ter partido de outra pessoa. Mas ele acredita que tenha sido porque estava investigando o Governo e pessoas relacionadas a ele.

Por fim, o delegado Anderson Veiga foi ouvido na sessão, sendo o único a negar ter sido, de alguma forma, constrangido a iniciar ou cessar investigações dentro da Deccor.

Sobre a utilização da delegacia para fins políticos, Veiga disse acreditar que exista, mas que só irá ter certeza com a finalização e confirmação da investigação que está em andamento.
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