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06/03/2022 às 14:50

Colegas de trabalho se unem para construir casa nova para menino com paralisia cerebral

Funcionários do transporte escolar de Mogi das Cruzes se comoveram após vídeo da casa do garoto em dia de chuva. Eles mesmos trabalham nas obras e se revezam aos fins de semana

Do G1

Colegas de trabalho se unem para construir casa nova para menino com paralisia cerebral

Foto: Arquivo Pessoal/Adilson Ribeiro

Um grupo de colegas de trabalho de Mogi das Cruzes faz valer a expressão “mãos à obra” e se mobiliza em torno de uma causa muito nobre: construir um novo lar para um garoto de 8 anos com paralisia cerebral.

A casa onde Renan mora com os familiares, no distrito de Biritiba Ussu em Mogi das Cruzes, não possui as adaptações necessárias para ele, que faz uso de cadeira de rodas. O local também apresenta muitos problemas estruturais, como goteiras, o que dificulta a vida da família em dias de chuva.

Corrente do bem

Uma das pessoas que fazem parte dessa grande corrente do bem é a funcionária pública Sueli Sakai, que sempre passa pela região. Ela se comoveu quando fez uma visita a Renan e à família dele.

“Passeando por aqui, um fala: 'Você sabe da história do menino da cadeira de rodas?'. E eu fui saber. Fiz uma amizade muito grande com eles e fui descobrindo a história, até que um dia eu cheguei e estava chovendo. Era uma chuva forte. Eu entrei na casa para ver o Renan e vi os baldes, eles desviando o Renan das goteiras. Pensei: 'Nossa'. Aí eu filmei e conversei com o doutor Adilson”, conta Sueli.

Nessa parte, entra outro herói da vida real: o funcionário público Adilson Ribeiro. Ele integra um grupo de 70 pessoas que trabalham com o transporte de crianças da rede municipal de ensino de Mogi das Cruzes.

Adilson conhecia Renan pois já o havia transportado, mas nunca tinha ido até a casa do garoto, por ficar em um local de difícil acesso, onde o ônibus não chega. "Eu falei para a Sueli filmar o que estava ocorrendo e passar para nós, para ver se a gente podia ajudar em alguma coisa. Aquilo destruiu a gente".

Após receber o vídeo e diante da situação difícil pela qual Renan e sua família passavam, Adilson não pensou duas vezes e recrutou os colegas de trabalho para ajudar a construir uma nova casa para o menino, ao lado da atual.

“Chovia mais dentro da casa do que fora. Isso foi passado para o nosso grupo e nos comoveu demais. Nós viemos aqui no fim de semana, eu, o Cláudio e o Jarbas, que somos todos do transporte escolar, vimos a situação e colocamos no grupo que precisávamos fazer uma ação aqui”, comenta Adilson.

“Não era cesta básica, não era roupa, não era leite. Era a maior ação que a gente poderia fazer na nossa vida, que é dar uma casa para essa família”, fala, emocionado.

As obras estão ocorrendo em todos os fins de semana, que é quando eles têm folga do trabalho. Para que o serviço não pare, a equipe foi dividida em dois grupos, que revezam nos sábados e domingos. Adilson é um dos que estão sempre lá, faça chuva ou faça sol.

“Nós vamos dar uma casa para ele, toda acabada. Com piso, porta, abertura adequada para que passe a cadeira de rodas, com banheiro adequado para que a cadeira entre e deem banho na criança, com uma varanda para essa criança ficar”, falou Adilson.

“Eu carrego bloco, carrego massa, para sair a casa do Renan, que é o objetivo maior”, comentou o auxiliar de serviços Valderley Tules, que também está ajudando na obra.

O diagnóstico e a luta diária

A dona de casa Elisângela Fernandes é a mãe de Renan. A relação entre eles é marcada por muito carinho, abraços e beijos. Ela contou como ocorreu o diagnóstico de paralisia cerebral.

“Ele não chorava, quase não se mexia, não tinha movimento. Nós fomos ao médico em Biritiba Mirim. Uma médica falou: 'Ou é autismo, ou ele tem paralisia. Mas tem que fazer exames'. Procuraram um neurologista rapidinho para ele. Conseguiu passar. Não deu paralisia, mas sim epilepsia. Então fui a um médico aqui no SUS. Ele viu os exames e falou: 'O Renan tem epilepsia, autismo e paralisia cerebral”.

De segunda a sexta-feira, Renan precisa frequentar a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), o que ajuda no desenvolvimento motor e cognitivo dele. Porém, o que chama a atenção é que, para o filho ter acesso às aulas, a mãe tinha de enfrentar 4 quilômetros de caminhada em uma estrada da região.

“O ônibus não vinha. Eu tinha que pegar o ônibus municipal. Eram quatro quilômetros empurrando ele em carrinho de mão até a pista, na Rodovia Mogi-Bertioga. Guardava o carrinho na casa de um vizinho e à tarde retornava com ele. Aí eu pensei: 'Vou correr atrás'. Eu não sabia dos direitos da criança. Eu corri atrás e fui na Defensoria”.

Sobre a situação nessa estrada, a Prefeitura de Mogi das Cruzes disse que mantém a manutenção na via, deixando em boas condições de tráfego para os moradores. A nota do município diz ainda que a administração estuda orçamento para pavimentar algumas estradas vicinais, mas que, neste momento, não tem previsão de asfaltar essa estrada.

O milagre e as mãos amigas

De mão em mão, com suor e muita força de vontade para fazer o bem, a casa de Renan, que tem apenas três cômodos, vai aumentando. A previsão de entrega da obra ainda não é certa, mas a família já tem uma convicção: de que dias melhores virão.

“Com certeza, o Renan está muito feliz. Não só ele, como a família toda. Lá na Apae, contei para todo mundo, e todos estão muito felizes", falou Elisângela.

"Essas pessoas caíram do céu para mim. Não tenho palavras. E gente de fora está fazendo isso! Isso é um milagre mesmo".
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