Entidades metroferroviárias nacionais emitiram uma nota técnica apontando falhas no plano do governo de Mato Grosso no que diz respeito a implantação do Ônibus de Transporte Rápido (BRT) em Cuiabá e Várzea Grande.
Eles afirmam que o edital que será apresentado pelo governo do Estado propõe um corredor de ônibus e não a construção de um novo modal de transporte, no caso o BRT.
“Há uma incongruência técnica flagrante. O que o governo propõe é um corredor de ônibus. Nada comparado a um BRT”, enfatiza Massimo Giavina, vice-presidente do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre).
As entidades acreditam que a execução do projeto do BRT “levará à piora da Mobilidade Urbana”. Conforme a nota técnica, o novo modal causará mais trânsito do que o já existente e ainda aumentará o número de acidentes.
“Apenas como dado comparativo, em contrapartida, o VLT sim cumpre com todas as características deste modal e permitirá sim uma melhora considerável na Mobilidade Urbana, com eficiência, fluidez e segurança dos usuários de Cuiabá e Várzea Grande”, diz trecho do documento.
A nota ainda coloca que a proposta se vale, em diferentes trechos, da apropriação de faixas da direita ou da esquerda da pista das avenidas Historiador Rubens de Mendonça (CPA), Prainha, XV de Novembro, Getúlio Vargas e Isaac Póvoas – e não no canteiro central, onde o VLT já poderia estar operando nas Avenidas do CPA e Fernando Corrêa.
Também alertam as entidades que projetos de BRT, a rigor, proíbem conversões que cruzam as faixas do modal, medida importante à segurança e fluidez no trânsito. Além disso, afirmam que o projeto causa dúvidas no que tange a operacionalização da tarifa e a comodidade ao cliente-usuário para uma integração entre ônibus.
Diante disso, as entidades classificam o modal proposto pelo Executivo Estadual como “BRT com aspas”. “Ante leitura e interpretação atentas do Edital do “BRT” e diante das definições de vias, estações e terminais próprios de um BRT verdadeiro, nos deparamos com posições antagônicas e aparentemente insuperáveis para que o presente Edital seja de fato considerado um BRT”, concluiu Massimo.
O processo licitatório para contratação das obras do novo modal foi reaberto em janeiro deste ano, após ficar um período suspensa. A abertura das propostas está marcada para o próximo dia 17m na sala de reuniões da Secretaria de Infraestrutura e Logística (Sinfra).
A obra está estimada em R$ 480.500.531,82. A concorrência será realizada na modalidade de Regime Diferenciado de Contratação Integrada (RDCi), do tipo menor preço. No RDCi, a empresa vencedora ficará responsável pela elaboração do projeto e depois pela execução da obra, que tem um prazo de dois anos para ser concluída após o seu início.
A empresa vencedora também irá construir 46 estações e três terminais. Dentro do valor da obra ainda está inclusa a construção de um viaduto para passagem do BRT na rotatória das avenidas Fernando Corrêa da Costa e Beira Rio, uma nova ponte sobre o Rio Coxipó, a criação de um parque linear na Avenida do CPA, a requalificação do Largo do Rosário e demais adequações no trânsito.
Além disso, todas as obras de infraestrutura realizadas anteriormente para o VLT serão aproveitadas.
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