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17/03/2022 às 06:50

Vídeo | Operação da PF prende coordenador da Funai e investiga cacique por esquema de corrupção

Envolvidos arrendavam áreas em terra indígena para atividade pecuária

Denise Soares

Vídeo | Operação da PF prende coordenador da Funai e investiga cacique por esquema de corrupção

Foto: Polícia Federal de Mato Grosso

Um esquema de arrendamento ilegal na Terra Indígena Xavante Marãiwatsédé é alvo da Operação Res Capta, realizada nesta quinta-feira (17) pela Polícia Federal em Barra do Garças e Ribeirão Cascalheira. O coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) da região Jussielson Gonçalves Silva, foi preso. O cacique Damião Paridzané, líder da comunidade xavante, também é alvo da operação.
 
De acordo com a PF, o esquema de corrupção envolvia fazendeiros, o cacique e servidores da Funai. Eles realizavam arrendamentos ilegais na Terra Indígena para desenvolvimento de atividade pecuária.
 
Foram cumpridos três mandados de prisão, sete mandados de busca e apreensão e sequestro de bens, duas ordens judiciais de afastamento de cargo público, duas ordens judiciais de restrição ao porte de arma de fogo e outras 15 medidas cautelares.
 

Durante a investigação foi constatado que servidores da Funai em Ribeirão Cascalheira estariam cobrando valores de grandes fazendeiros da região para direcionar e intermediar arrendamentos no interior da Terra Indígena Xavante Marãiwatsédé.
 
Além da propina aos servidores, os quinze arrendamentos estariam gerando repasses de, aproximadamente, R$ 900 mil por mês ao cacique.
 
Exames periciais apontaram extenso dano ambiental provocado por queimadas para formação de pastagem, desmatamento e implantação de estruturas voltadas à atividade agropecuária.
 
Apenas em quatro dos quinze arrendamentos ilícitos, os peritos criminais federais estimaram o valor para reparação do dano ambiental em R$ 58 milhões.


 

Em razão de pedido da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, a Justiça Federal em Barra do Garças ainda consignou que os fazendeiros que estão arrendando terras no Interior da Reserva Indígena Marãiwatsédé devem desocupar a área e retirar de lá todo o gado, estimado em aproximadamente 70 mil, no prazo de 45 dias, sob pena de prisão.
 
Caso descumprida a ordem judicial, poderá ser decretada a prisão dos arrendatários – já qualificados – assim como determinado o sequestro de todo gado inserido na Reserva Indígena.
 
A tradução literal da palavra em latim Res Capta é coisa tomada, que é justamente o que ocorreu no passado e está ocorrendo atualmente com a Terra Indígena Marãiwatsédé.


Marãiwatsédé

A reserva indígena de Marãiwatsédé, em Mato Grosso, fica a 1.064 km de Cuiabá. O processo de desintrusão da área começou em dezembro de 2012 e terminou em janeiro de 2013.

Os não índios foram retirados de Maraiwãtsédé após a Justiça Federal reconhecer a terra como território xavante. A reserva era disputada por índios e não índios na Justiça desde a década de 90, mas já era alvo de disputa muito antes.

A ocupação de pequenos agricultores data ainda da década de 50. Na década seguinte, a área foi comprada e ganhou o nome de Suiá-Missú.

Ainda naquela década, a terra voltou a ser vendida e se transformou em uma fazenda de gado chamada Agropecuária Suiá-Missú. Anos mais tarde, mas ainda na década de 60, os indígenas foram removidos da região.

Declarada indígena em 1993, a reserva foi homologada pela União em 1998. Mas, quando voltaram à terra, os posseiros haviam tomado posse da maior parte, sobrando apenas 10% do territórios aos xavantes, segundo a Funai.

E, após anos de briga judicial, a retirada dos não índios foi determinada pela Justiça Federal em 2012. A desocupação começou em dezembro daquele ano e terminou um mês depois.
 
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2 comentários

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  • DEBORA 19/03/2022 às 00:00

    O que ocorreu em 2013 foi uma injustiça,tinha em médias 4000 família e cada família tinha seu pedaço de terra onde trabalhava para viver, tinha criacao de gado, galinha etc, cada família tinha 40 hectares para produzir e tirar seu sustento e colaborava para o crescimento da região, devido às família ter perdido as terra e sem rumo para seguir, teve algum que se mato de desgosto as casa colocaram fogo imagina expulsar 4000 familia e muitos tinha criança é muitos pais não sabiam nem para onde ir a história dessa época e triste demais. Os índios naquela época já tinha a terra deles e eles nem produzia nada e não vão produzir, pois é o jeito deles a cultura e mesmo tendo terra eles ganha dinheiro do governo. Analisando o ocorrido de agora O tanto de terra que esse índios possui e o tanto de dinheiro que esse cacique Damião ganhava, o mais revoltante é ver alguns índias da aldeia dele passando necessidade e ver colaborador da Funai não desenvolver seu serviço com honestidade e propósito para o bem.

  • Isabel Rodrigues dos Santos 17/03/2022 às 00:00

    Foi uma injustiça tirar mas de 4,000 família que trabalhavam e tiravam seus sustentos dessas terras, pra entregar a índios que já tinham mas de 30,000 hectares de terra, só pra arrecadar dinheiro com a corrupção, enquanto muitas famílias estão passando fome,eu sou uma dessas famílias

 
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