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01/09/2023 às 18:30

SEM SOLUÇÃO

Mais de um ano após feminicídio em VG, família sofre com impunidade e autor do crime segue foragido

Estudante de enfermagem Silbene Duroure da Guia, 40 anos, deixou quatro filhos. “Eu acho que a justiça nossa só é mais rápida pra quem tem dinheiro", lamenta irmão de vítima

Eloany Nascimento

Mais de um ano após feminicídio em VG, família sofre com impunidade e autor do crime segue foragido

Foto: reprodução

O sofrimento de perder um ente querido provoca dores imensuráveis na vida de uma pessoa, principalmente quando a perda acontece de forma trágica, porém anunciada, como é o caso de um feminicídio. Esta é a realidade de milhares de famílias que perderam uma mãe, filha, irmã, entre outras. Uma dessas vítimas foi a estudante de enfermagem Silbene Duroure da Guia, 40 anos, que foi morta pelo ex-marido, no bairro Engordador, em Várzea Grande.

O crime ocorreu em
17 de junho de 2022, na própria residência dela, que antes da separação também abrigava Gilson Castelan de Souza, o ex-marido e autor do crime.

Silbene foi assassinada com ao menos 13 golpes de faca na cabeça e no pescoço. Ela foi encontrada sem vida, caída ao solo, no quarto que era do casal. Após cometer o feminicídio, Gilson ligou para o irmão dele e contou que havia matado a ex-esposa. Depois de matar Silbene, o investigado não foi mais visto. 

O luto x sensação de impunidade

Ao falar da dor e da impunidade, o irmão de Silbene, Rogério Adriano Duroure da Silva, relembra que dois dias antes de perdê-la eles tinham passado o dia juntos. As reuniões em família eram frequentes, mas ele não imaginava que a irmã era vítima de violência doméstica.

Ele relata ao Leiagora que Silbene possuía muitas qualidades e uma delas era ser uma excelente mãe. “Ela era uma mulher sorridente, brincalhona, trabalhadora, honesta, batalhadora... Sempre dava conselhos para levantar a autoestima das pessoas. Nunca dependeu de homem! E tinha muitos sonhos que foram interrompidos”, disse emocionado. 

Silbene deixou quatro filhos, com idades entre 10 e 21 anos, sendo que o menor também era filho do ex-marido dela. Três deles ficaram sob a guarda da avó, e um mora sozinho. Segundo Rogério, não foi e não está sendo nada fácil para nenhum deles.

“Um dos maiores sonhos dela era ajudar a montar o salão para o filho dela, e hoje ele conseguiu concluir esse sonho em homenagem à mãe”, contou. 

Agora, para além da dor, o que sobrou para a família são as lembranças sobre as vivências que partilharam com Silbene e a sensação de impunidade, bem como o questionamento sobre a efetividade das leis de medidas protetivas. Isso porque o autor do crime segue foragido até hoje e as investigações foram encerradas. 

Em função da profissão que exerce, repórter policial, o irmão de Silbene, Cabeça de Urso como é conhecido, 
sempre está em rondas e a par de diversos crimes cometidos em Cuiabá e região. Ele cita casos recentes de feminicídio que foram solucionados e que os autores do crime foram presos, como o de Thays, ex-namorada do Carlos Alberto Gomes Bezerra, de 57 anos, filho do deputado federal Carlos Bezerra (MDB), e da advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, que foi morta pelo ex-policial Almir Monteiro dos Reis.

“Eu acho que a justiça nossa só é mais rápida pra quem tem dinheiro. Ela é fraca para os pobres, parece que para os ricos ela funciona mais rápido, e para os pobres ela é bem lenta. Porque eles estão passando a corpo mole demais, demais, demais. Na verdade, a investigação acabou e o processo tá lá arquivado. Isso é revoltante! Essa situação é muito revoltante, porque casos assim como o da Silbene continuam acontecendo”, lamentou Rogério.

Casos de feminicídio em Mato Grosso

Somente no primeiro semestre de 2023, foram registrados 18 casos de feminicídio em Mato Grosso, sendo que dentre as vítimas, 15 eram mães, que deixaram 36 filhos órfãos. Foi um número menor que no ano passado, que registrou 22 feminicídios, incluindo o de Silbene, segundo os dados do relatório analítico da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil. 

De acordo com o diagnóstico, 89% das vítimas possuem algum tipo de vínculo com os agressores, podendo ser namorado, marido ou ex. Quanto ao perfil das vítimas, 79% possuem entre 18 a 49 anos.

Outro dado que o relatório traz é o número de medidas protetivas de urgência atendidas nos seis primeiros meses de 2023. Foram 8.063, sendo que destas, 1.371 foram descumpridas, fazendo quatro mulheres vítimas de feminicídio.

Criminoso foragido 


O inquérito do assassinato de Silbene foi concluído um mês depois do crime, com o indiciamento do autor por feminicídio. Em agosto de 2022, uma denúncia foi oferecida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, para que ele fosse pronunciado e submetido ao Tribunal do Júri, mas até hoje, mais de um ano após o crime bárbaro, Gilson segue fora das grades. 

O irmão de Silbene contou que na semana passada o autor do feminicídio foi visto por um conhecido da família. Segundo ele, o criminoso estava em um transporte coletivo por volta das 5h vindo do Distrito da Guia para Cuiabá, e assim que soube, comunicou a Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP). Rogério foi informado que os policiais vão investigar.
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