O fogo que já devastou mais de 20% do Parque Estadual Encontro das Águas agora 'atravessou' o rio e chegou ao Parque Nacional do Pantanal e colocou todas as entidades ligadas ao meio ambiente em alerta. O assunto foi pauta da reunião extraordinária da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa na manhã desta quinta-feira (9) e agora os deputados tentam articular suporte às equipes responsáveis pelo combate. A urgência é por mais aeronaves, uma vez que o auxílio terrestre já não é mais suficiente.
Para piorar ainda mais a situação da área, a previsão do clima para os próximos 15 dias é ainda mais preocupante. Isso, porque está previsto uma nova onda de calor ainda pior nos próximos dias, podendo, inclusive, chegar a 47º tanto na Capital, quando na área do Pantanal, e sem qualquer indício de chuva forte para conter o fogo. O presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Carlos Avallone (PSDB), até já fala em reforçar o pedido por uma ajuda divina para conter o fogo na maior planície alagada do mundo. “Rezar para chover”.
Avallone conta que recebeu vídeos dos pantaneiros que mostram a devastação na região e adianta que as previsões para os próximos 15 dias são “terríveis”. “Deveríamos ter uma chuva, não sei se foi a de ontem ou hoje, mas não é de proporção grande, depois teremos 15 dias de muito calor e sem previsão de chuva, e com temperaturas de 47 graus aqui e no Pantanal. Imagina o Pantanal já queimando e uma previsão dessa? Depois que o fogo toma uma grande proporção pouco pode se fazer, mas estou fazendo uma mobilização com todos, devemos fazer uma grande reunião para anunciar medidas de urgência e emergência até amanhã”, afirmou durante a reunião.
Avallone lembrou ainda dos esforços da comissão que vem desde o início do ano realizando reuniões para discutir sobre a preparação para queimadas, mas não adiantou para evitar o fogo. O Parque Estadual Encontro das Águas, que é conhecido como santuário das onças, conta com uma área total de 108.900 hectares, e até os últimos dados recebidos pela comissão pelo Corpo de Bombeiros, cerca de 25 mil já foram queimados, o que equivale a 22% da área queimada.
O deputado estadual Lúdio Cabral (PT), que estava presente na reunião, fez um histórico desde o trágico incêndio de 2020 e destaca que após o fato medidas foram tomadas para evitar novo episódio catastrófico, que surgiram efeito em 2021 e 2022, porém, para ele houve um relaxamento e agora o mundo volta assistir uma nova tragédia no Pantanal.
Vale destacar que em um raro momento até mesmo o deputado Gilberto Cattani (PL) concordou com o petista e reforçou que também acredita que houve falha das autoridades na efetivação das medidas preventivas. Cattani, inclusive, é quem teria um vídeo que mostra uma onça correndo para a beira do rio, enquanto o fogo a segue com muita intensidade. Os produtores também estão sofrendo com a perda de gado, que foi queimado, e parte das propriedades destruídas.
Dentre as medidas que Avallone disse que irá buscar para tentar conter o fogo antes da vinda da chuva, que seria o remédio mais eficaz para conter o incêndio, está na busca de auxílio dos demais órgãos como a Marinha e as Forças Áreas. Ele também fala na contratação emergencial de mais aeronaves, “porque é o que é o que funciona neste momento”.
“Os próximos 15 dias serão terríveis, precisamos de toda mobilização necessária, não podemos abrir mão de nenhuma ajuda. Vamos nos organizar, trabalhar e rezar para que as chuvas cheguem antes de 15 dias porque é a única possibilidade de solução”, declarou o parlamentar, demonstrando que a situação é desanimadora.
Por outro lado, Avallone aponta que a situação só não é mais dramática porque, em tese, já se está no final da seca e espera-se que logo comece a chover normalmente. Porém, o fenômeno do El Niño tem causado atraso na chuva e não tem tido uma constância nas chuvas que chegam a Mato Grosso.
Porém, os especialistas já adiantaram que o fenômeno do El Niño deve continuar em 2024, tendo seu pico no primeiro semestre do próximo ano, o que indica que este clima com altas temperaturas e poucas chuvas possa permanecer por mais tempo que o esperado.
Por fim, Lúdio lembrou que no próximo dia 23 será realizada mais uma audiência pública para debater o incêndio no Pantanal.