As eleições na Venezuela, ocorridas no domingo (28), têm resultados conflitantes, conforme a apuração segue na manhã desta segunda-feira (29).
O presidente Nicolás Maduro venceu a disputa com 51,2% dos votos, disse o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano (CNE) nesta madrugada, com 80% das cédulas apuradas. A oposição, no entanto, contesta os números divulgados pelo CNE e diz que o candidato de oposição, Edmundo González, bateu Maduro com 70% dos votos.
Diante desse cenário, diversas autoridades internacionais pediram transparência na apuração.
Na contramão, presidentes e autoridades de outros países, como Rússia, China, Honduras, Cuba, Bolívia e Nicarágua, parabenizaram Maduro pela vitória.
Veja abaixo quem contestou os resultados e quem parabenizou Maduro:
Quem contestou resultado
Estados Unidos - secretário de Estado, Antony Blinken;
União Europeia - vice-presidente Josep Borrell Fontelles;
Reino Unido - Ministério das Relações Exteriores;
Chile - presidente Gabriel Boric;
Alemanha - Ministério das Relações Exteriores;
Argentina - presidente Javier Milei;
Uruguai - presidente Luis Lacalle Pou;
Espanha - ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares;
Itália - vice-primeiro-ministro Antonio Tajani;
Equador - presidente Daniel Noboa;
Peru - ministro das Relações Exteriores, Javier Gonzalez-Olaecha;
Colômbia - ministro das Relações Exteriores, Luis Gilberto Murillo;
Guatemala - presidente Bernardo Arevalo;
Panamá - presidente José Raúl Mulino;
Costa Rica - presidente Rodrigo Chaves.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que o país tem "sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano".
Josep Borrell Fontelles, vice-presidente da Comissão da União Europeia, afirmou que, depois do povo da Venezuela votar sobre o futuro do país de "maneira pacífica e massiva", "sua vontade deve ser respeitada".
"É vital assegurar a total transparência do processo eleitoral, incluindo a contagem detalhada dos votos e o acesso às atas de votação das mesas eleitorais", disse Fontelles.
O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido afirmou em nota que o país está preocupado com as alegações de irregularidades nos resultados das eleições. "Pedimos a publicação rápida e transparente dos resultados completos e detalhados para garantir que o resultado reflita os votos do povo venezuelano", disse nota publicada no X.
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse que o país se junta à rejeição generalizada em relação ao resultado eleitoral. "Esperávamos que a vontade popular fosse respeitada, e essa situação foi desconsiderada. Agiremos individual e coletivamente em favor da democracia venezuelana. Anunciaremos as medidas que tomaremos de acordo com as regras interamericanas nas próximas horas", afirmou Mulino.
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse que o país se junta à rejeição generalizada em relação ao resultado eleitoral. "Esperávamos que a vontade popular fosse respeitada, e essa situação foi desconsiderada. Agiremos individual e coletivamente em favor da democracia venezuelana. Anunciaremos as medidas que tomaremos de acordo com as regras interamericanas nas próximas horas", afirmou Mulino.
Outro país da América Latina, o Peru, também garante que não aceitará "a violação da vontade popular do povo venezuelano", segundo o presidente Javier Gonzalez-Olaecha. "Condeno em todas as extremidades a soma de irregularidades com a intenção de fraude cometida pelo governo venezuelano", disse.
O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, pediu a contagem total dos votos e uma auditorial independente dos votos.
"Após manter contato permanente com todos os atores políticos envolvidos nas eleições presidenciais, consideramos essencial que as vozes de todos os setores sejam ouvidas. É importante esclarecer quaisquer dúvidas sobre os resultados. Pedimos que a contagem total dos votos, sua verificação e uma auditoria independente sejam realizadas o mais rápido possível", disse Murillo.
O governo da Costa Rica rejeitou "categoricamente" a proclamação de Nicolás Maduro como presidente da República Bolivariana da Venezuela, "a qual considera fraudulenta". "Trabalharemos com os governos democráticos do continente e com organizações internacionais para que a vontade sagrada do povo venezuelano seja respeitada", disse a nota.
Outro país da América Latina, o Peru, também garante que não aceitará "a violação da vontade popular do povo venezuelano", segundo o presidente Javier Gonzalez-Olaecha. "Condeno em todas as extremidades a soma de irregularidades com a intenção de fraude cometida pelo governo venezuelano", disse.
O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, pediu a contagem total dos votos e uma auditorial independente dos votos.
"Após manter contato permanente com todos os atores políticos envolvidos nas eleições presidenciais, consideramos essencial que as vozes de todos os setores sejam ouvidas. É importante esclarecer quaisquer dúvidas sobre os resultados. Pedimos que a contagem total dos votos, sua verificação e uma auditoria independente sejam realizadas o mais rápido possível", disse Murillo.
O governo da Costa Rica rejeitou "categoricamente" a proclamação de Nicolás Maduro como presidente da República Bolivariana da Venezuela, "a qual considera fraudulenta". "Trabalharemos com os governos democráticos do continente e com organizações internacionais para que a vontade sagrada do povo venezuelano seja respeitada", disse a nota.
Em breve discurso, González – que assumiu a candidatura após o impedimento de Maria Corina – disse que "não descansaremos até que a vontade popular seja respeitada".
De acordo com o CNE, 59% dos eleitores participaram da votação – 13 pontos acima dos 46% registrados em 2018, quando Maduro conquistou seu segundo mandato em um pleito marcado por denúncias de fraude, boicote da oposição e alta abstenção.
Oposição denunciou irregularidades e pediu vigila por contagem paralela
O anúncio do CNE ocorreu após horas de indefinição (em 2018, os resultados foram divulgados no mesmo dia da eleição) e em meio a queixas da oposição de irregularidades na apuração dos votos, que pediu a seus apoiadores para fazerem uma vigília nos locais de votação e viabilizar uma contagem paralela dos votos.
Em sua primeira coletiva de imprensa para divulgar o primeiro boletim com resultados parciais das eleições, o CNE atribuiu a demora a uma "agressão ao sistema de transmissão de dados que atrasou de maneira adversa a transmissão dos resultados dessas eleições presidenciais".
"Nas próximas horas estarão disponíveis na página do Conselho Nacional Eleitoral os resultados mesa por mesa, tal como historicamente temos feito graças ao sistema automatizado de votação. Igualmente, se entregará às organizações com fins políticos os resultados em um CD, conforme a lei", afirmou o CNE.
Com a demora na divulgação dos resultados e alegando que o governo estava impedindo o acesso às atas de votação, a oposição pediu que a população faça vigília em família nos locais de votação para checar os resultados.
Repercussão
O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, disse que o país "tem sérias preocupações de que o resultados não refletem a vontade ou os votos do povo venezuelano".
O presidente do Chile, Gabriel Boric, disse que os resultados que o regime chavista divulga são "difíceis de crer".
"Do Chile, não reconheceremos nenhum resultado que não seja verificável", disse o chefe do Executivo chileno.
O chanceler peruano, Javier González-Olaechea, condenou "ao extremo a soma de todas as irregularidades" do processo eleitoral.
Antes da divulgação dos resultados, outras lideranças internacionais haviam cobrado transparência e respeito aos resultados.
Votação teve longas filas e clima tranquilo
Apesar do clima de tensão – o pleito de 2024 foi considerado o mais desafiador para o chavismo em seus 25 anos – a votação ocorreu sem grandes episódios de violência – em um ponto de votação em Caracas, houve confusão com empurrões e tapa na fila de eleitores antes da abertura dos portões.
"Eles não nos deixam entrar, por quê? Queremos votar, queremos ser uma nação venezuelana livre e não chavista nem madurista, para que estejamos todos juntos", disse o eleitor Oscar Marquina, segundo a Reuters.
Houve longas filas em vários locais de votação.
O horário oficial de votação foi das 7h às 19h, mas eleitores que estivessem na fila após o fim do horário final.
Maduro votou logo no começo do dia, e disse que reconheceria os resultados oficiais. González votou pouco depois das 14h, e afirmou acreditar que as Forças Armadas respeitariam as votações.
"Reconheço e reconhecerei o árbitro eleitoral, os boletins oficiais e garantirei que sejam respeitados", disse Maduro a repórteres, após deixar o local de votação.
Por sua vez, ao deixar o local de votação, González disse acreditar que as Forças Armadas venezuelanas respeitarão o resultado.