Médico, deputado estadual, petista e agora candidato novamente na disputa pelo comando da Prefeitura de Cuiabá. A entrevista da semana do Leiagora é com o parlamentar Lúdio Cabral (PT).
Durante o bate-papo, Lúdio falou sobre sua trajetória na política, que começou em 2004, quando ele foi eleito vereador pela Capital. Além do trabalho como médico, atendendo comunidades mais carentes da cidade.
Na conversa, o deputado afirmou que sua campanha será simples, pé no chão e de diálogo. Apesar de ser oposição ao governo do Estado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Lúdio defende a união entre os poderes.
Claro que o assunto presidente Lula (PT) também foi tema da entrevista. O médico acredita que o apoio do petista é importante para o seu plano eleitoral, mas não sabe dizer quando e se Lula virá para Cuiabá para apoiá-lo.
Sobre a pesquisa do instituto MT Dados, divulgada na última semana, que mostra o deputado estadual Eduardo Botelho (União) na frente, com 39%, Lúdio com 15%, atrás de Abilio Brunini, com 21%, o candidato minimizou o resultado. Ele acredita em um empate técnico entre os adversários.
Confira a entrevista na íntegra:
Leiagora - Você é médico. Por que decidiu entrar para a política?
Lúdio - Eu fiz uma escolha muito cedo na minha profissão. Sou filho de trabalhadores e da escola pública. Tive a oportunidade que poucos filhos tiveram no meu tempo, em 1990, de quebrar a barreira do vestibular e cursar Medicina na UFMT. Logo no início, me apaixonei por saúde pública e por saúde coletiva. Me formei e me especializei em saúde preventiva e social na USP de Ribeirão Preto. Fui aprovado em um concurso público da Prefeitura de Cuiabá e escolhi trabalhar em uma comunidade de trabalhadores no bairro Osmar Cabral, em um centro de saúde. Durante oito anos no trabalho como médico, convivendo com a dor, com a força e com as dificuldades do sistema de saúde em atender a população, foi onde eu amadureci a decisão com os meus pacientes, com os colegas de trabalho e de universidade, e tomei essa decisão de disputar a primeira eleição em 2024. Além do trabalho como médico na saúde pública, exercer o mandato de vereador para com as ferramentas do mandato, trabalhar para melhorar as condições de vida da população e lutar pelo direito das pessoas.
Leiagora - Qual foi sua trajetória na política até aqui?
Lúdio - Bom, eu fui eleito pela primeira vez em 2004, na primeira eleição que eu disputei. Fiz um primeiro mandato, fui reeleito em 2008. Foram dois mandatos como vereador de muito trabalho, defesa dos direitos da população na saúde, no transporte coletivo, na assistência social e na fiscalização das ações do prefeito na época. Em 2012, fui candidato a prefeito pela primeira vez ao concluir meu segundo mandato como vereador. Foi uma eleição muito importante, eu alcancei 140 mil votos no segundo turno. Foi uma vitória política muito importante mesmo, mesmo não sendo eleito. Em 2014, disputei a eleição para o governo do Estado, tive 33%, quase 500 mil votos. Amadureci e, em 2018, disputei a eleição para deputado estadual, fui eleito e reeleito, em 2022. Tive a honra de ter tido nas duas eleições o deputado mais votado em Cuiabá, tanto em 2018, quanto em 2022. Foram mandatos também de muito aprendizado, trabalho, estudo e de defesa dos direitos da população naquilo que é de responsabilidade do Estado. Então, esse aprendizado e essa experiência que me traz para disputa pela prefeitura agora.
Leiagora - O que te qualifica para o cargo de prefeito de Cuiabá?
Lúdio - No fundo, quem fará essa avaliação é a população da cidade. Cada candidato apresenta a sua trajetória e sua identidade para que a população faça a sua avaliação. E a população de Cuiabá é sábia, politizada, que acompanha a política e saberá fazer a melhor escolha. Saberá escolher o melhor candidato e a melhor pessoa para governar a cidade. Quem é o mais preparado, quem tem as melhores propostas, quem tem compromisso verdadeiro com a população, quem não tem negócios com a prefeitura, quem tem equilíbrio emocional, quem tem compostura, quem tem capacidade de diálogo e construir uma trajetória de vida dedicada ao serviço público, a servir a população. Como médico, servidor público e como parlamentar, todos os mandatos que eu exerci foi (sic) para defender os direitos da população, sempre. É preciso também capacidade de escuta, de coragem e força para enfrentar determinados interesses que fazem da política um negócio para enriquecer. E são essas as características que eu coloco a disposição da população nessas eleições, e a população saberá fazer a melhor escolha. Inclusive, pelo fato de que o principal problema da cidade hoje é a saúde pública. São as dificuldades que a população enfrenta para ter o seu direito à saúde. E Cuiabá terá, pela primeira vez, um médico prefeito, e isso faz diferença para as pessoas. Eu vou ser o prefeito da saúde.
Leiagora - O que te motiva a deixar sua função como legislador, um dos poucos da oposição na Assembleia, para tentar o cargo no Executivo?
Lúdio - O processo de amadurecimento e a responsabilidade que tenho com a minha cidade. Toda a minha trajetória pessoal e profissional. Eu vim muito jovem para Cuiabá. Então, toda minha trajetória pessoal e profissional. Eu tenho cinco filhos cuiabanos, toda a minha trajetória política e toda a confiança que a população da cidade sempre depositou em mim. Votações sempre expressivas e que aumentam a minha responsabilidade colocam pra mim esse desafio. No momento, é muito difícil, porque a cidade vivencia muitos problemas. Desde uma crise financeira, que é importante, à realidade dos serviços públicos que são oferecidos para a população e que exigem de nós comprometimento. Então, é por conta disso que, agora, eu me apresento para cumprir essa tarefa e assumir essa responsabilidade de, junto com a população, governar para todos.
Governar ouvindo a população, rompendo com os muros que separam as pessoas, rompendo com as diferenças ideológicas, pondo fim às brigas políticas a qualquer tipo de radicalismo, governar em parceria com o governo federal e com o governo do Estado. Independente das posições políticas e partidárias, pensando no bem da cidade.
Leiagora - Apesar de não estar no mesmo grupo do governador, acredita em parceria entre prefeitura e governo caso seja eleito?
Lúdio - Na Assembleia, eu fui eleito pela população para cumprir o dever de fiscalizar com rigor a atuação do governador. Sempre fiz isso com muita consciência, com responsabilidade e de forma propositiva, apontando problemas e soluções. A minha relação pessoal com o governador do Estado é uma relação de diálogo e de respeito. E, apesar das nossas diferenças, há reciprocidade nessa relação. Eu tenho muita certeza e serenidade que, no dia seguinte à eleição, vitoriosos, com a Graça de Deus, eu vou sentar à mesa com o governador e dizer para ele: “governador, acabou o tempo de briga política em Cuiabá. Eu quero ser um parceiro do senhor e quero ter o senhor como parceiro meu. Porque nós dois queremos o bem da nossa população. Nós podemos até pensar diferente em várias questões, mas nós queremos o bem da nossa população. Então, vamos trabalhar juntos para enfrentar e superar os problemas que Cuiabá tem”.
Esse é o meu compromisso. E, da mesma forma, construir essa parceria com o governo federal. Porque as áreas mais críticas, é no governo federal que nós iremos buscar os recursos para enfrentar e superar os problemas. É no governo federal que nós vamos buscar os recursos para construir 20 mil moradias populares em Cuiabá ao longo de quatro anos, por meio do Minha Casa, Minha Vida. O presidente da República esteve aqui há poucas semanas, em Várzea Grande, entregando mil e duas moradias de qualidade. Uma obra que ficou paralisada há vários anos foi retomada no ano passado e, em um ano, entregue. Eu já disse para ele: “presidente Lula, eu quero você em Cuiabá várias vezes ao longo do meu mandato para nós entregarmos e realizarmos o direito da população da área de moradia. É por meio do governo federal que nós vamos buscar os recursos para poder assegurar a reconstrução do Centro Histórico de Cuiabá. É por meio do governo federal que nós faremos investimentos importantes na educação e na saúde. Nós temos quatro mil famílias que não conseguem vagas para as suas crianças em creches todo o ano, em Cuiabá. Então, nós temos que trabalhar em um ritmo acelerado para superar esses problemas estruturais.
Leiagora - O que esperar de Lúdio durante a campanha? Pretende ser mais duro contra os outros candidatos ou adotará uma postura mais calma?
Lúdio - A minha postura vai sempre a mesma. Primeiro, fazer uma campanha simples, de pé no chão e encontro direto com a população. Eu faço campanha é nas ruas, nos bairros, praças, com a minha “boroca”, que é um termo indígena para a minha bolsa de pano. Eu coloco os meus panfletos e, pessoalmente, vou entregar o meu material. Para conseguir conversar com as pessoas, olhar no olho delas para pedir o voto livre, consciente, para governarmos Cuiabá juntos. Então, primeiro isso, respeitar a população. Inclusive para que a gente possa enfrentar o poder das máquinas e das campanhas que usam do dinheiro uma arma para vencer. Então, nós vamos vencer esse poder das máquinas com mobilização e presença nas ruas, que é o que eu estou fazendo desde o primeiro dia de campanha. Estava ansioso e com uma expectativa enorme para sexta-feira (16) de manhã. Eu amanheci o dia lá no Pedra 90, no ponto final do ônibus. Para me encontrar às 5h com as pessoas que iam pegar o ônibus, conversar com elas e assumir o compromisso de melhorar o transporte público e nossa cidade. Nós vamos fazer a campanha toda dessa forma, sempre de encontro com as pessoas (sic). Onde elas vivem e onde elas trabalham.
Apresentar propostas, falar do nosso programa de governo, que foi elaborado com a participação de centenas de pessoas. Pessoas simples, das comunidades, dos bairros, de técnicos das áreas, de servidores públicos. É um plano que tem conteúdo muito consistente que a gente vai aprimorar ao longo do ano.
E falar da nossa trajetória para que a população tenha opções de escolhas. Volto a insistir, a população vai votar na pessoa e vai escolher quem tem os melhores atributos para governar a cidade nesse período importante da nossa história, que vai exigir isso. Capacidade de diálogo, que vai exigir compromisso verdadeiro com a população, equilíbrio emocional, compostura e firmeza para enfrentar certos interesses na prefeitura. A prefeitura vive uma crise financeira, nós precisamos fazer uma revisão profunda e rigorosa de todos os contratos que a prefeitura tem, identificando lacunas e erros. Corrigindo esses erros, se tiver ilícito, encaminhar para os órgãos de investigação. Vai ser trabalhoso, mas é uma tarefa necessária. Nós só daremos conta de realizar o governo que queremos realizar fazendo isso. Do ponto de vista administrativo, é a principal tarefa que nós temos para equacionarmos a situação financeira da cidade. Buscar fortalecer os mecanismos de controle e de transparência. Rigor na utilização de cada centavo, ideias novas e criativas para economizar recursos nas atividades de custeio. Vou dar um exemplo disso: um programa de geração de energia solar para alimentar a iluminação pública e todos os pŕedios públicos. A previsão nossa é instalar uma usina geradora de energia elétrica, gerar energia para alimentar todos os prédios públicos e a iluminação pública. E, com isso, alcançar uma economia de R$ 60 milhões por ano. Esse valor é o que a prefeitura aplica na atenção primária à saúde. Então, é um volume de recursos que a gente economiza por meio de uma política pública buscando parceria com o governo federal, com o BNDS, setor privado e organismos internacionais. Porque Cuiabá tem o calor e o sol. É uma fonte de energia sustentável que nos permitirá gerar renda e riqueza por meio de cooperativas populares e parceria com o setor privado. Queremos trazer indústrias da energia solar para gerar emprego, qualificar os jovens, fazer parceria com o Instituto Federal para que a gente gere novos empregos qualificados para nossa população.
Voltando na questão financeira, a partir dessa economia, a gente vai conseguir aplicar os recursos naquilo que é de responsabilidade maior da prefeitura, que é cuidar da população na educação e na saúde. Ambos concentram o maior volume de recursos da prefeitura, então, é utilizado com cuidado esse recurso. É possível, com esse recurso, fazer mais e fazer melhor para a nossa população. Inclusive, valorizando os profissionais da saúde e entender que para superar os problemas financeiros da cidade não podemos penalizar e sacrificar os servidores públicos, como alguns candidatos têm dito. Vamos instituir o processo eletrônico, toda a administração, e acabar com o papel na administração pública. Ter um sistema eletrônico de informação para dinamizar o fluxo. É sustentável, é econômico e mais ágil. Porque entrega mais resultados.
Leiagora - A decisão de ser candidato à Prefeitura de Cuiabá desta vez sofreu influência de Lula ter voltado ao comando do país? Acha que isso ajuda seu nome, mesmo em um Estado manifestamente posicionado mais à direita?
Lúdio - Foi uma decisão coletiva com base naquilo que eu já expressei, a trajetória que eu construí de compromisso com a população, a responsabilidade que eu tenho com a minha cidade, que sempre me honrou com muita confiança nos mandatos que eu exerci, e isso se expressou nas votações, os problemas que a cidade tem hoje. A cidade tem muitos problemas e o meu compromisso com ela me convocou para essa tarefa, que eu abraço com muita energia, vontade e disposição.
A relação com o governo federal é fundamental. O fato de ter o presidente Lula como um aliado é importantíssimo, porque nos permite acelerar o ritmo daquelas políticas que estão sendo colocadas em prática no país todo e que nós precisamos trazer para cá. Só no ano passado, foram R$ 10 bilhões para o Minha Casa, Minha Vida, e Cuiabá não aproveitou essa oportunidade. Este ano, novamente. Então, nós queremos parcerias para trazer os recursos do governo federal para cá, para que a gente possa dar conta de enfrentar e superar os problemas e melhorar, por exemplo, a infraestrutura nos bairros. Precisamos de regularização fundiária e urbana. O governo federal tem recursos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para isso. Precisamos reconfigurar o centro antigo da cidade, revitalizar o Morro da Luz e conectar ele com a Igreja do Rosário, por meio do Largo do Rosário. Revitalizar a Ilha da Banana, que está abandonada. Revitalizar todo o Centro Histórico e reocupar ele, com órgãos públicos. Vamos buscar a Unemat para que se instale em todo o Centro Histórico. Ela está, hoje, no Cine Teatro, com o curso de teatro. A própria UFMT e o IFMT também. Os moradores precisam voltar para o centro da cidade. Há muitos imóveis abandonados nos bairros do centro, lá no Araés, Quilombo, Santa Helena, Bandeirantes e Lixeira. É uma região toda que precisa ser requalificada. Se eu trago a sede da Secretaria de Saúde, que hoje está lá na Miguel Sutil, eu vou trazer ela para o centro da cidade. Eu vou trazer a sede de todos os órgãos públicos para o centro da cidade, para que ele seja dinamizado. Além disso, já no início do mandato, equipes de saúde vão identificar e fazer prontuário clínico para cada pessoa que vive em situação de rua. É necessário também um trabalho de segurança pública, que com inteligência identifique como a droga chega até a pessoa em situação de rua. Não adianta bater na pessoa que está na rua, nós precisamos identificar de onde vem a droga para cortar esse fluxo. Guarda Municipal cidadã, com a base no centro da cidade. Lá no Morro da Luz, que a gente vai revitalizar. Então, é esse o caminho que a gente pretende promover.
Leiagora - Lula virá a Cuiabá para demonstrar o apoio ao seu nome?
Lúdio - Como é uma demanda nacional pela presença do presidente, ele tem uma agenda de governo que tem que ser prioridade, porque o tempo passa rápido e os problemas no Brasil precisam ser superados. A direção nacional vai estabelecer um calendário de visitas às cidades, e nós esperamos receber a presença do presidente. Mas isso não está definido ainda. Não tem data definida.
Leiagora - A precariedade da Saúde é uma das principais dificuldades que a população enfrenta na Capital. Você aposta em quem para acabar com esse problema?
Lúdio - Primeiro, chega de briga política. Ter parceria entre prefeitura, governo do Estado e federal. Porque a gente precisa agir junto. Segundo, prioridade ao cuidado da população lá onde ela vive. Equipes de saúde, com médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, nutricionista, profissional de educação física, técnico de enfermagem e dentista na comunidade e no posto de saúde. As equipes de saúde da família e equipes multiprofissionais que deem apoio às equipes de saúde da família com algumas especialidades médicas. Hoje, uma mulher não consegue consulta com ginecologista no sistema de saúde em Cuiabá. Vamos fortalecer a atenção primária e o trabalho dessa equipe multiprofissional para que a gente dê conta de atender com qualidade a população e resolver 90% dos problemas de saúde lá onde elas vivem. Metade da população adulta que tem mais de 50 anos tem pressão alta. Se tomar medicamento, fazer o acompanhamento adequado, fazer os exames de rotina, que não são caros, se tiver orientação com nutricionista e psicólogo e se fazer atividade física, vive com qualidade. Se não tem cuidado, sem remédio e médico, aquilo complica e vira um problema que vai para a fila da UPA e da UTI. São procedimentos de alto custo e que, às vezes, não resolvem os problemas das pessoas. Então, nós precisamos prevenir e promover saúde lá no início.
Reabrir as policlínicas em Cuiabá. Há 20 anos, a Capital tinha a policlínica no Coxipó, no Verdão, CPA e Planalto. Quando ingressei na saúde pública, em 1996, a policlínica do Coxipó era uma referência lá. É na região que fui trabalhar como médico no Osmar Cabral. Lá, eu tinha uma relação com os médicos que também trabalhavam lá. Então, nós vamos reabrir as policlínicas, instalar uma policlínica nova na região do Osmar Cabral e na região oeste. Aí, você me pergunta: “tem recurso para isso Lúdio?”. Tem recurso para isso, já existente e nos cofres da prefeitura. Eu te falei de R$ 1,6 bilhão. Se a gente faz a gestão correta desses recursos, não vai faltar medicamento e médico no posto de saúde.
Sempre é importante ampliar o número de recursos, mas fazer uma gestão mais adequada e mais correta dos recursos atualmente. Até porque a dificuldade financeira da Prefeitura de Cuiabá, a maior parte dela está nas despesas da Saúde. Há um déficit de execução orçamentária em Cuiabá hoje que, em 2023, a diferença do que se arrecadou e a despesa realizada foi da ordem de R$ 300 milhões. Parte dele se recupera com uma gestão de qualidade, porque cada real que você aplicar na aquisição de medicamento vai produzir um remédio lá na casa da pessoa. Para que a pessoa tenha o medicamento quando precisar. Agora, há caminhos para que a gente busque novos recursos, Cuiabá tem hoje 110 equipes de saúde da família, e o Ministério da Saúde já liberou a possibilidade de mais 100 equipes. Cuiabá pode ter até 30 equipes multiprofissionais como essas que eu te falei, e tem apenas duas hoje. Os recursos estão lá no Ministério da Saúde à nossa disposição. Com os recursos do Ministério da Saúde, nós podemos ampliar de R$ 60 milhões para mais de R$ 200 milhões o recurso na atenção primária. Agora, precisa vir para um sistema que funcione de forma adequada, para que cada real produza resultado de qualidade no atendimento à saúde da população.
Eu me preparei para isso, eu sei o que precisa. São 28 anos como médico na saúde pública esperando a oportunidade de governar essa cidade. Para mostrar que é possível, para fazer da saúde uma referência e um exemplo para o Brasil. Cuiabá já foi referência na década de 80 e na primeira metade da década de 90. Quem fez isso foi um sanitarista importantíssimo, que é o professor Júlio Müller. Antes do SUS existir, o Júlio Müller começou a desenhar o SUS aqui em Cuiabá, ainda na década de 80 e, ao longo do tempo, isso foi se perdendo. Então, nós temos que recuperar isso e trazer novidades. Ideias novas, como mais ação, para que a gente possa fazer da nossa saúde em Cuiabá a melhor do Brasil. Eu falo isso com certeza, porque me preparei para essa tarefa, eu sei como tem que ser feito. Mas nós não fazemos sozinhos, temos que mobilizar todos os que atuam na Saúde para, juntos, darmos conta dessa tarefa e eu estou pronto para isso.
Leiagora - Uma das propostas é a tarifa do BRT a R$ 1. Como pretende sustentar esse projeto?
Lúdio - Primeiro, antes de assumir a prefeitura, nós já alcançamos uma vitória importantíssima. Se não fosse o Projeto de Lei que apresentei na Assembleia, a denúncia que nós fizemos de um contrato com que o Estado já havia assinado com a empresa do irmão do (Eduardo) Botelho, que entregaria a operação do BRT para eles até 2037, para eles ganharem mais dinheiro ainda do que já ganham, uma Mega-Sena por ano até 2037. Hoje, eles são responsáveis pelo intermunicipal e prestam um serviço de péssima qualidade. Então, eu denunciei esse contrato, apresentei um Projeto de Lei que está lá na Assembleia e que precisa ser votado. Para obrigar a licitação na Lei da nova empresa que irá operar o BRT. E, ao mesmo tempo, eu propus que o governo utilize 20% daquilo que ele vai arrecadar com a venda dos vagões do VLT, R$ 200 milhões, são R$ 40 milhões por ano para garantir passagem a R$ 1 por cinco anos. É absolutamente possível. É uma reparação de prejuízo de trabalhadores e de empresários que durante 10 anos esperaram por esse modelo de transporte coletivo
Leiagora - A pesquisa do instituto MT Dados divulgada na última semana coloca você com 15% da intenção de votos, atrás de Abilio, com 21%, e Botelho com 39%. Como pretende mudar esses números? Acredita que pesquisa define eleição?
Lúdio - Por escassez de recursos, nós não estamos em nossa campanha de pesquisas eleitorais. Mas nós acabamos tendo conhecimento das pesquisas que os adversários estão fazendo. E as pesquisas que os adversários estão fazendo, e que não são divulgadas, mostram outros números. Os números das pesquisas feitas pelos adversários mostram um rigoroso empate técnico entre os três primeiros candidatos, essa é a realidade. Não cabe a mim fazer qualquer questionamento a metodologia de qualquer instituto de pesquisa. Mas várias pesquisas estão sendo feitas e o número que está sendo apresentado no quadro eleitoral é de um rigoroso empate técnico.
Hoje, esse é o cenário que nós temos observado a partir da análise dessas pesquisas. E não somos nós que estamos fazendo. São candidatos adversários que estão realizando e não são divulgados. A pesquisa é um retrato de momento, a campanha começou agora. Nós temos ainda 49 dias de campanha. Eu vou para as ruas e praças. A única certeza que tenho é que é uma eleição difícil e muito disputada. Os candidatos são competitivos e a população é sábia. A população saberá escolher o melhor.