Ataques, acusações e indiretas foram o tom adotado pelos candidatos a prefeito de Cuiabá durante o primeiro debate em TV aberta realizado na manhã desta terça-feira (3) pela TV Vila Real. Líder nas pesquisas de intenção de votos, o deputado estadual Eduardo Botelho (União) continuou sendo o principal alvo dos demais concorrentes ao comando do Alencastro.
Diferente do que ocorreu no primeiro debate, transmitido online pelo Portal Primeira Página, em que a briga foi polarizada entre o deputado federal Abilio Junior (PL) e Botelho, o confronto foi marcado pela troca de acusações entre o presidente da Assembleia Legislativa e o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Lúdio Cabral.
No entanto, Lúdio também foi para o confronto direto com o deputado federal Abilio Brunini (PL).
Confira como foi o debate
1º Bloco
O debate começou ameno, com os candidatos respondendo perguntas de jornalistas convidados. O primeiro a ser sabatinado foi o empresário Domingos Kennedy (MDB).
Ele foi interpelado sobre uma ação que ingressou contra a Prefeitura de Cuiabá solicitando indenização, pois seu veículo foi danificado devido aos buracos que estão espalhados pela cidade.
“Qualquer cidadão que se sentir lesado pode procurar seus direitos na Justiça. [...] Na minha gestão será zero buracos, não terá buracos”, garantiu.
Com relação ao apoio do atual prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), o candidato classificou como natural, tendo em vista que ele é filiado ao seu partido. “O MDB me convidou, o prefeito é meu amigo e está me apoiando. Se ele tem problemas, que ele resolva os problemas dele, eu quero fazer gestão como prefeito”, completou.
O candidato do Partido dos Trabalhadores, por sua vez, foi indagado sobre a situação da vereadora Edna Sampaio (PT), que foi cassada, acusada de rachadinha, e ainda exonerou a sua chefe de gabinete grávida.
“A vereadora responde pelos atos dela e a minha posição pessoal é de defesa da servidora demitida sem necessidade”, disse.
Ele ainda teve que responder sobre o fato de ter sido conduzido coercitivamente, no âmbito da 'Operação Sodoma', para esclarecer sobre os recursos utilizados em uma de suas campanhas eleitorais majoritárias.
“Eu depus como testemunha nesse processo e, graças a Deus, não respondo a nenhum processo na Justiça, ao contrário de alguns candidatos aqui”, rebateu, alfinetando o deputado estadual Eduardo Botelho (União).
Em seguida, quem respondeu às perguntas de jornalistas foi o deputado federal Abilio Brunini (PL). O tema foi a corrupção na saúde municipal, que foi alvo de 20 operações policiais durante a gestão capitaneada pelo prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).
“As operações foram fruto do nosso trabalho de fiscalização como vereador”, reforçou, citando algumas de suas propostas para melhorar o setor.
Ele também discorreu sobre os projetos que tem para o centro histórico da Capital.
Por fim, Botelho foi questionado sobre as recentes declarações de Abilio, de que o governador Mauro Mendes (União) estaria arrependido de o apoiar como candidato a prefeito de Cuiabá.
“O governador tem um interesse muito especial em Cuiabá e nós vamos arrumar Cuiabá. Ele sabe quem tem competência, quem sabe fazer gestão. Ele está 100% na nossa campanha, indo comigo para as ruas pedir voto”, garantiu o parlamentar.
O atual presidente da Assembleia Legislativa também foi questionado sobre eventual loteamento de secretarias, tendo em vista que possui o apoio de nove agremiações. “Por incrível que pareça, nenhum partido veio me apoiar em troca de cargo. [...] Vamos fazer uma administração voltada para resultados, com uma equipe técnica”, finalizou.
2º Bloco
O clima começou a esquentar no segundo bloco, quando os candidatos puderam fazer perguntas entre si com o tema livre. Abilio não perdeu tempo e mirou em Botelho, questionando-o sobre corrupção na administração pública, lembrando que o parlamentar foi alvo de algumas investigações policiais.
“Quem é condenado por corrupção realmente não deve ocupar cargo público. Eu sou ficha limpa e vamos criar um sistema semelhante ao que implantamos na Assembleia, de transparência e boa gestão”, disse.
O candidato do Partido Liberal, contudo, não deixou barato e listou as operações em que Botelho foi citado. “Esse candidato só trabalha com fake news. Para ele, tudo é palhaçada. Eu tenho as melhores propostas”, rebateu.
Lúdio aproveitou a deixa e também lembrou sobre o esquema no Departamento de Trânsito (Detran), que Botelho teria envolvimento. “Você acha ética ser réu confesso por corrupção e desvio de dinheiro e pedir voto para prefeito?”, questionou.
“O candidato Lúdio é acostumado com mentira, foi duas vezes candidato do Silval Barbosa e o operador financeiro da campanha dele era Eder Moraes. [...] O senhor é criminoso, é corrupto e agora quer dar uma de bom moço”, acusou o presidente da Assembleia.
O petista relembrou a fala do deputado sobre o fato de corruptos ocuparem cargos públicos e aconselhou Botelho a deixar a disputa pelo comando do Alencastro. “O senhor disse que corruto não pode ser candidato. Então, pede pata sair Botelho, o senhor é o verdadeiro buraco de Cuiabá”, completou.
Após atacar Botelho, Lúdio mirou em Abilio e criticou o fato de ele ter votado a favor da soltura do deputado federal Chiquinho Brazão, acusado de mandar matara a ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco. “Ele não foi preso por isso, gostaria que fosse. [...] Eu nunca defendi corrupto e ladrão, meu número é 22 e não 13”, alfinetou.
Quem também não ficou de fora do embate foi Kennedy, que acusou Botelho de se esconder atrás do governador Mauro Mendes (União), quando questionou o candidato do União Brasil sobre economia de recurso público. “Você só pensa no governador para resolver os seus problemas”, disparou o emedebista.
3ª Bloco
No terceiro bloco, os candidatos continuaram a fazer perguntas entre si. No entanto, o clima foi mais ameno, vindo a esquentar quando Lúdio acusou as empresas da família de Botelho de também estarem envolvidas em escândalos de corrupção.
O candidato do União Brasil se exaltou e voltou a chamar o petista de mentiroso. “Mais uma mentira desse candidato. Tem 20 anos de vida pública e nunca fez nada para a população. É o famoso lobo em pele de cordeiro”, rebateu Botelho.
“A população cuiabana me conhece. Estou na política para defender a população e não para enriquecer como você faz. Lava a boca para falar de mim Botelho”, continuou Lúdio.
A troca de acusações entre os postulantes ao Alencastro foi interrompida pelo horário eleitoral gratuito. Com isso, ao retornar para o debate, os ânimos estavam mais calmos.
No entanto, foi a vez do enfrentamento entre Lúdio e Abilio. O candidato do PL citou a sua proposta para a Lagoa Encantada e perguntou quais os projetos do petista para os espaços públicos da Capital.
O deputado estadual acusou o congressista de copiar suas propostas, e Abilio debochou, dizendo que o seu plano de governo está servindo de exemplo para os demais candidatos a prefeito.
4º Bloco
Botelho abriu o quarto bloco direcionando sua pergunta para Abilio. O questionamento foi voltado para a agricultura familiar, e o liberal aproveitou o para lembrar que o presidente da Assembleia votou e defendeu, no parlamento estadual, a Lei do Transporte Zero.
“Isso não se faz com ninguém. Estão tratando os pescadores pior que faccionados. Claro que tem faccionados que te apoiam e pedem voto para você”, ironizou.
Botelho rebateu dizendo que o congressista não tem propostas e que envergonha a população de Mato Grosso no Congresso Nacional.
Outro destaque deste bloco foi o empresário Domingos Kennedy garantindo que, se eleito prefeito de Cuiabá em outubro deste ano, irá doar o seu salário para entidades sociais e ainda irá reduzir o salário do secretariado.
Lúdio também partiu para cima de Abilio e o chamou de debochado, perseguidor de servidor público e desequilibrado.
No mais, os postulantes ao comando do Alencastro trataram de saúde, financeiro, transparência, entre outros temas.
5º Bloco
Para encerrar o debate, os candidatos fizeram as suas considerações finais e pediram voto.