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Notícias / Entrevista da Semana

29/09/2024 às 08:02

ENTREVISTA DA SEMANA

Rodrigo Arruda diz aguardar inquérito da PF para estudar possível participação de mais parlamentares no esquema

“Se tiver mais vereadores ou qualquer político envolvido, isso vai vir à tona”, disse

Gabriella Arantes

Rodrigo Arruda diz aguardar inquérito da PF para estudar possível participação de mais parlamentares no esquema

Foto: reprodução

O presidente da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Cuiabá, Rodrigo Arruda e Sá (PSDB), afirmou, em entrevista ao Leiagora, que está aguardando o inquérito da Polícia Federal para estudar a possível participação de mais parlamentares no esquema, que culminou na prisão e no afastamento do vereador Paulo Henrique Figueiredo (MDB), no âmbito da 'Operação Pubblicare'. Ele é acusado de ser líder de um dos braços da organização criminosa composta por agentes públicos, faccionados do Comando Vermelho e promotores de eventos.

De acordo com o presidente, o documento será enviado na semana que vem pela PF para ser analisado na Casa de Leis. Com a abertura da Comissão Processante (CP) para investigar o vereador na terça-feira (24), a Comissão de Ética terá 90 dias para trabalhar e chegar a uma conclusão sobre o caso.

Durante a entrevista ao Leiagora, Rodrigo Arruda e Sá ainda rebateu os ataques dos vereadores de oposição que reclamaram sobre a abertura do processo de investigação sobre Paulo Henrique não estar ‘andando’ na Câmara. 

No bate-papo, o vereador, que é candidato à reeleição, também falou sobre a campanha, suas propostas para o próximo pleito e como será sua relação com o novo prefeito da cidade. 

Confira a entrevista completa:



Leiagora - Para começar, gostaria que falasse da sua trajetória política até chegar à presidência da Comissão de Ética da Câmara Municipal.

Vereador  - Eu nunca tinha me envolvido com política até que, em 2019, tive um chamado de Deus para ir para a política. Eu já fazia o trabalho social desde 2017 e essas pessoas me falaram para eu ser candidato a vereador. Saí candidato e tive dois mil votos. Quando ganhei a eleição, saí da Defensoria Pública, trabalhei lá durante nove anos da minha vida. Fui diretor da Defensoria Pública e, depois, tomei posse como vereador em janeiro de 2020. Nessa ocasião, pelo currículo, me escolheram para ser o presidente da Comissão de Ética, tendo em vista que eu já tinha um conhecimento jurídico. Nós estamos trabalhando bastante nesses três anos e meio. Esse é o meu primeiro mandato e estamos fazendo o que é possível de fazer. Fui o criador do mutirão do consumidor, atendi mais de oito mil pessoas dentro de Cuiabá. Fiz o encontro do “Em Cristo”, que é o grande encontro dos cristãos em Cuiabá e um dos maiores de Mato Grosso. Fizemos o evento chamado “Coração Cuiabano”, que atendemos mais de mil e quinhentas famílias tradicionais e pau-rodados de Cuiabá. Somos criadores de mais de 20 leis. Trabalhamos no gabinete itinerante, foram mais de 70 gabinetes itinerantes dentro da Capital. Então, nós atuamos em mais de 70 bairros de Cuiabá e zona rural também. Teve três emendas nossas que foram pagas, de R$ 600 mil para a odontologia bucal, R$ 300 mil desse dinheiro foi pago durante a intervenção. Para compra de cadeiras odontológicas, compressores e ar-condicionado. Teve uma ementa de R$ 50 mil para o Abrigo Bom Jesus de Cuiabá. Colocamos uma emenda para cirurgias eletivas no Lions da Visão. Fizemos um campo de futebol, iluminamos dois campos de futebol, reformamos centro comunitário, escolas e creches. Trabalhamos muito durante esse mandato nosso, durante esses três anos e meio. 

Leiagora -  Caso eleito no próximo pleito, pretende continuar à frente da Comissão de Ética ou deve seguir outro caminho?

Vereador - A Comissão foi um fator atípico, essa legislatura foi bem trabalhosa. Temos que trabalhar lá e ainda estamos envolvidos com a campanha eleitoral. Para eu estar à frente da Comissão de Ética, foi uma escolha que fizeram, tendo em vista o meu posicionamento, a minha forma de agir e trabalhar. No pŕoximo pleito, teremos que ver como será, se terá outra pessoa com o perfil igual e se vão me avaliar para continuar o trabalho.  

Mas eu fui tenente do Exército, comandei a terceira companhia de fuzileiros, então, eu não fujo de missão. Se derem a missão na minha mão eu vou cumpri-la. Então, eu trabalhado dessa forma, o meu jeito de ser é assim. Não sou de ficar julgando as pessoas ou de ficar condenando ninguém sem que haja provas evidentes e contundentes para isso. Eu sou uma pessoa que age sempre na legalidade e sem jogar para a plateia. Se as pessoas entenderem que a gente fez um bom trabalho e que merecemos continuar na Comissão de Ética ano que vem, pode ser que a gente fique sim. Eu não sou de fugir do trabalho. 

Leiagora - Nos últimos três anos, vereadores já perderam os mandatos por assassinato, rachadinha e agora um novo processo será instaurado por suposto envolvimento com facção criminosa. Como você avalia? Acredita que isso mancha o nome da Câmara?

Vereador - Hoje, o cenário é crítico, a gente não sabe com quem estamos lidando. Mas acho que tudo isso não mancha o nome da Câmara porque é individual, é o CPF da pessoa. A Câmara é muito maior do que isso, tem uma história, um legado e é a casa do povo cuiabano. Eu respeito muito a Casa de Leis, não é por causa de uma pessoa que você pode sangrar todo um setor e um departamento público. Lá tem pessoas que trabalham, que são concursadas, que concorreram à eleição e que trabalham honestamente. Uma ação isolada não pode denegrir a imagem de todos que ali trabalham. Eu mesmo fico totalmente chateado quando falam “casa dos horrores”, até mesmo por parte dos vereadores que gostam de usar essa palavra como apologia. Eu digo que a Câmara é muito maior, lá é o Centro Geodésico da América. Culturalmente falando, estamos em um ponto muito interessante e o órgão público por si só já é uma representatividade da população cuiabana. 

Leiagora - Os vereadores da oposição reclamaram sobre a abertura do processo não estar ‘andando’ na Câmara. Realmente, houve uma demora?

Vereador - Foi um trâmite natural da Casa. Esses vereadores que reclamaram nunca se interessaram em saber de nada da Comissão de Ética. Os jornalistas estavam acompanhando todo o trabalho, passei todas as informações que precisavam ser passadas. Essas mesmas pessoas que acusaram a Comissão de Ética de sentar em cima do processo estiveram com o Paulo Henrique por várias vezes dentro do plenário. Nunca questionaram o Paulo Henrique e a Comissão de nada. Nunca oficializaram ou fizeram algum documento questionando se estava no prazo e se estava tudo certinho. Aí, no dia 19, a Comissão mandou um documento falando que estava marcando uma audiência para definir o futuro do Paulo Henrique no dia 20 de setembro. Aí vem essa turminha que só fala e quer holofote para ter likes. 

É uma grande inverdade, tanto é que no dia 24, quando teve a reunião, nenhuma dessas pessoas que falaram essa bobagem não compareceu nem na reunião, para você ter uma ideia. A demagogia é muito grande, depois que o cara foi preso, todo mundo quer chutar ele. É uma questão de hombridade. As pessoas querem falar mal do trabalho do colega, tem que repudiar cada vez mais isso. Eu sou uma pessoa que nunca abriu a boca para falar mal de nenhum companheiro meu dentro da Câmara. Cada um tem seu estilo e sua forma de trabalhar. Mas, falar coisas daquilo que você não sabe e que desconhece é muito ruim. 

Leiagora - Você disse que os parlamentares estariam tirando proveito político da situação. Por qual motivo acredita nisso?

Vereador - É uma forma de chamar a atenção. Porque se eles quisessem e tivessem tão interessados assim, eles teriam questionado a Comissão nesse prazo todo, eles teriam perguntado como estava andando o caso do Paulo Henrique. Eles teriam aproveitado que o Paulo Henrique, até dez dias antes do fato ocorrer, ele estava indo às sessões normalmente. Essas mesmas pessoas que questionavam iam lá e abraçavam ele e apertavam a mão dele. Então, tinha várias formas dessas pessoas procurarem saber. Aí, chega no dia 20, data em que o cara foi preso, a pessoa ir lá fazer uma audiência para chamar a imprensa e falar uma besteira dessa, é muita falta do que fazer. Em vez de estar na rua, pedindo voto e mostrando o trabalho que fez. Ou não tem trabalho para mostrar? E quer usar disso para tentar aparecer. Então, é difícil. Eu ouvi até comério que a Comissão resolveu se manifestar depois que foi criticada. A Comissão já tinha marcado a reunião um dia antes dessas pessoas fazerem um papelão ridículo desse. Eles estavam tão desinformados que nem sabiam que a reunião já estava marcada. 

Leiagora - Acredita que o racha entre opositores e base na casa de lei está se intensificando?

Vereador - Acho que não. Cada um tem a sua forma de trabalhar e de mostrar o seu trabalho. Cada um tem o seu jeito de mostrar a sua produção. Aqueles que não têm produção gostam de criticar, e a gente tem que entender o perfil de cada um. Não sou de falar de racha, eu mesmo não tenho inimizade com ninguém, nunca desconstruí algo com ninguém e nem falei da vida das pessoas. Não tenho racha com ninguém lá, só gosto que as pessoas falam o que é justo. Eu prezo muito por justiça e equidade. Antes da pessoa falar, no mínimo tem que saber do que está falando para não falar besteira. 

Leiagora - Suscita-se que, nesse fato envolvendo o vereador Paulo Henrique, haveria mais parlamentares de Cuiabá e seus assessores com ligação com organizações criminosas. O senhor já recebeu denúncias, mesmo que anônimas, de outros envolvimentos? Haveria de fato um movimento do crime organizado para se infiltrar no parlamento municipal?

Vereador -  Nós estamos apurando em cima do inquérito policial do vereador Paulo Henrique. Claro, a Polícia Federal vem fazendo um trabalho investigativo e se tiver mais vereadores ou qualquer político envolvido, isso vai vir à tona. Então, até agora, pra gente não chegou nada ainda em relação a isso. A operação ainda não finalizou e o percurso das investigações ainda estão ocorrendo. A gente pediu o relatório para a Polícia Federal também. No mesmo dia que o Paulo Henrique foi preso, a gente pediu o inquérito para ver o que culminou para a prisão do vereador. Nós estamos aguardando a PF encaminhar para a gente. Acho que até semana que vem eles estão encaminhando todo o inquérito para que possamos tomar ciência e respaldar a Comissão. 

Leiagora -  Sobre a campanha eleitoral, quais são as suas principais propostas para o próximo pleito?

Vereador - A campanha eleitoral nossa é familiar, atendemos as pessoas constantemente. Eu falo que sou um despachante, eu recebo as dificuldades e levo a solução. A política pra mim veio em um momento para servir. 

As nossas propostas para o ano que vem é (sic) de defender a Casa Atípica, que será criada não só para tratar o autismo, mas tambeḿ Síndrome de Down, TDAH e assim por diante. Mas também para tratar as famílias, porque os pais têm muita dificuldade de saber como lidar com o filho e não têm instrução para isso. Assim como eu criei a creche do idoso, agora quero criar essa Casa Atípica. Também quero levar a proposta para termos um centro de tratamento para a obesidade, que vai trazer um lugar só para poder acolher todos os obesos de Cuiabá. Então, vai ter psicólogos e psiquiatras. Vou sugerir isso ao prefeito, que crie isso daí. Porque hoje a maioria dos obesos para poder fazer a cirurgia precisam ser tratados psicologicamente. Lá terá nutricionistas e uma série de outros médicos. Quero criar a lei da Guarda Municipal, todos os prefeitos querem criá-la e isso já era um sonho nosso. Nós vamos defender isso a partir do ano que vem de novo. Também quero criar uma câmara setorial temática para cuidar dos moradores de rua e as pessoas que vivem em vulnerabilidade. Temos bastante projetos para a Capital. 

Leiagora - Pretende ter bom relacionamento com o futuro prefeito da Capital, independente de quem for escolhido?

Vereador - Eu creio que todo vereador tem que ter um bom relacionamento com o prefeito da cidade no quesito de levar para resolver problemas das pessoas. Tirando interesses pessoais e particulares. Você tem que ter um bom relacionamento porque o papel do vereador é de fiscalizar e legislar. Além de fazer indicações para os bairros que têm demandas e emendas para ajudar. Então, para ter tudo isso, você precisa ter um bom relacionamento e uma boa convivência. Eu trabalho dessa forma, tenho uma boa convivência com as pessoas que trabalham no Estado e no município. A gente entra e sai de qualquer lugar, porque nós entendemos que não devemos criticar pessoas e sim aquele que tem a necessidade de atender. Mas as pessoas não, eles são falhos. Temos que cada vez mais construir isso para que nossa cidade se desenvolva em cima daquilo que a gente entende.
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