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Notícias / Entrevista da Semana

13/10/2024 às 08:05

ENTREVISTA DA SEMANA

Samantha Iris garante que honrará voto do eleitor e não deixará Câmara para atuar como primeira-dama

Caso Abilio Brunini (PL) seja eleito prefeito de Cuiabá, comunicadora será, além de vereadora mais bem votada, a primeira-dama da cidade

Luíza Vieira

Samantha Iris garante que honrará voto do eleitor e não deixará Câmara para atuar como primeira-dama

Foto: montagem / Leiagora

A mulher do momento em Cuiabá tem nome: Samantha Iris (PL), a vereadora eleita mais bem votada na história da Capital, com 7.460 votos. Em entrevista ao Leiagora, a mais nova parlamentar que poderá ser também primeira-dama, caso o marido Abilio Brunini (PL) vença as eleições, deixou claro que pretende honrar os votos que recebeu e se manter no parlamento, mesmo que o liberal tome posse no Palácio Alencastro.

Bem-humorada, Samantha, que é comunicadora, relembrou sua trajetória ao longo da campanha eleitoral, visitas e pedidos de votos. Ela contou que já está preparada para sofrer comparações com Abilio, que atuou como vereador por Cuiabá entre 2017 e 2019, teve o mandato marcado por polêmicas e acabou cassado. Também garantiu que não liga para críticas, apesar de ter sido alvo frequente, em especial nas redes sociais, em virtude de sua aparência.

A mãe do Sebastian e da Ana explicou que, no parlamento cuiabano, estará focada em construir projetos que levem saúde e qualidade de vida à população. Além de afirmar que, ainda em ritmo de campanha com Abilio no segundo turno, não teve tempo de já iniciar conversações na disputa por comissões e até para o comando da Mesa Diretora, o que ela reforça não ter interesse de participar.

Confira a entrevista completa:

Leiagora - Como foi a sensação de ser a mulher mais bem votada de Cuiabá?

Samantha - Eu imaginava que eu tinha uma chance de ser eleita, mas, de fato, não imaginava que seria uma votação dessas. Até a gente se surpreendeu também. Apesar de ter tido uma aceitação muito boa nas ruas, nos bairros, por onde a gente andou, às vezes eu ia entregar meu material e a pessoa: 'não, já voto em você'. E, assim, pessoas que eu nunca vi na vida, lugares que eu nunca tinha passado. De primeira assim eu entregava, você já tem candidata a vereador? 'Tenho, você'. Então, tinha uma receptividade muito legal e aí eu pensava, poxa, as pessoas realmente estão me conhecendo, estão sabendo, parece que vai dar certo, né? E aí, depois, no final, esse resultado. Fiquei muito feliz e fiquei mais feliz ainda porque, junto comigo, tem mais sete mulheres na Câmara agora, e muitas com votação muito expressiva também. Fazia muito tempo que a gente não tinha votações acima de 4 mil, 4 mil e 500 votos e, agora, nós temos aí três mulheres acima de 5 mil votos. Então, eu fiquei muito contente com o meu resultado e com o resultado delas também.

Leiagora - Como você acredita que foi criado esse laço de conexão com a população? O que você acha que, de certa, forma impactou as pessoas para já terem a Samantha como a candidata?

Samantha - A partir do momento que eu me coloquei como candidata, eu decidi fazer um trabalho intensivo de demonstrar as propostas, de conversar com as pessoas, de levar o material, e a gente sempre passava, deixava o material e depois eu passava pessoalmente, fazia o reforço do pedido do voto. Então, a gente passava várias vezes nos mesmos lugares, conversando com as pessoas. E também tem a questão até do Abilio mesmo, né? Que não tem como negar essa força política que também faz parte desse resultado. 

Leiagora - Você deve parte dos seus votos à igreja Assembleia de Deus? Ou à população cristã?


Samantha - Eu acredito que tanto a Assembleia de Deus quanto outras igrejas também, até católicas mesmo, evangélicas, fizeram parte desse resultado. Porque existia uma aceitação muito grande dentro do público cristão e também de pessoas que não me conheciam pessoalmente, mas que conheciam pessoas que me conheciam e falavam 'olha, fulana me apresentou você e eu gostei das suas propostas, vou votar a você'.

É um público que eu me identifico e por ser da igreja também, por conta do próprio posicionamento que eu tomei. Eu, desde o começo da campanha, eu coloquei: sou mulher, sou de direita, sou cristã, essa sou eu, esse é o meu posicionamento e, automaticamente, a gente atraiu bastante gente desse público também. 

Leaigora - O que a população pode esperar da Samantha vereadora? Como vai ser? O que você espera?

Samantha
- Bastante trabalho. Eu costumo dizer que a gente precisa aproveitar ao máximo. Primeiro, essa oportunidade que nos foi dada, de estar nesse lugar, que a gente conquistou, e também a questão de que a gente sabe que, como mulher, a campanha é um pouco mais trabalhosa, a gente conquistar alcançar esse lugar, a gente sabe que nos custa um pouco mais. A gente está longe de casa, longe da família. Então, esse tempo que a gente está fora de casa, longe dos filhos, o que a gente for fazer a gente tem que fazer vale à pena. Então, pode esperar de mim muito trabalho e honrar as propostas que a gente teve desde o começo da campanha, e esse método de trabalho do Abilio, que é o que a gente se propõe a levar para a Câmara.

Leiagora - Quais serão as suas principais bandeiras dentro da Câmara? 

Samantha
- Minha principal bandeira dentro da Câmara é a saúde. Muitas pessoas me perguntaram: 'você tem proposta para as mulheres?' E eu digo, olha, a maior proposta para a mulher, na minha opinião, é a saúde. Porque é a mulher que leva o filho no médico, que marca a consulta do marido, que busca o remédio da mãe, que busca a insulina da tia, do tio. Então, se a Saúde funcionar bem, e é um dos principais problemas que a gente tem, automaticamente a gente já tem muita coisa resolvida na vida das mulheres.

Então, principalmente a saúde, que é uma bandeira de nível municipal que a gente pode trabalhar e fazer uma diferença na vida da mulher. Quanto à questão de educação, creche, escola dos primeiros anos de vida, que também tranquiliza a mulher saber que o filho está numa escola boa, que tem uma merenda boa. E, também no campo de violência contra a mulher, a proteção das mulheres naquilo que for de âmbito municipal. A gente sabe que a segurança é uma atribuição do Estado, mas existem medidas que podem ser tomadas no município que também ajudam a combater a violência contra a mulher. Então, segurança, saúde, transporte público, tudo impacta na qualidade de vida da mulher.

Leiagora - Foi uma votação histórica para as mulheres na Câmara. Pretende se unir às demais para defender pautas femininas?

Samantha
- Acho que o que for de pautas em comum para a sociedade em geral, a gente precisa trabalhar unido mesmo. E eu acho que a grande maioria das questões de saúde, de educação, essas questões que a gente tem a tendência de ser um pouco mais sensível, é natural que a gente acabe fazendo esse conjunto para poder levar as pautas adiante.

Leiagora - Como vai ser a atuação da senhora com relação a movimentos de diversidade?

Samantha
- Eu acredito que, dentro da Câmara, existem outros que já vão fazer esse caminho. Ali, a gente já tem cada um que defende as suas pautas específicas e, provavelmente, vai haver aqueles que vão defender. O que cabe a mim é respeitá-los e pedir que eles também me respeitem no momento que eu fizer o direcionamento para alguma coisa que seja da minha pauta. 

Leiagora - Pretende assumir alguma comissão na Câmara?

Samantha
- Eu ainda nem pensei nisso, de verdade. Eu penso que tem tantas coisas pra gente fazer e eu ainda tenho mais um fator, né? Eu ainda tenho outra campanha. Então, é assim, eu ganhei pra vereadora, legal, tá? Então, vamos pensar no que vai fazer. Não, calma aí que eu tenho um segundo turno aqui. Eu ainda não consigo pensar no que eu vou fazer, porque a gente ainda tem um segundo turno pela frente. Então, eu ainda não pensei, assim, em questão de comissões, mas eu quero fazer parte daquilo que for possível. Porque eu acho que, nessas frentes, a gente também consegue, de repente, atender algumas demandas da sociedade no formato de trabalho que a gente propõe. 

Leiagora - Como será o seu alinhamento com o prefeito? Se o seu marido for o eleito, ou se Lúdio Cabral for o escolhido? 

Samantha
- A prefeitura ainda é incerta porque a gente ainda tem uma outra eleição. Então, nós não sabemos qual vai ser o cenário. O meu cenário como vereadora é trabalhar, fiscalizar. O que eu vejo, se na fiscalização nós tivermos um prefeito inteligente e com vontade de resolver, a fiscalização não vai ser um problema para ele. A gente vai estar vindo de uma prefeitura, uma gestão de 8 anos, que a gente sabe que vai encontrar muita coisa problemática. Então, principalmente nesse começo, trabalho de fiscalização diz respeito principalmente a apontar aquilo que precisa ser socorrido primeiro. Então, acredito que nesse ponto é isso.

Agora, se não for o Abilio, se for o Lúdio, o meu papel é defender aquilo que as pessoas desejam que eu defenda dentro daquilo que eu me propus, que é o meu posicionamento. Fiscalizar, trabalhar, trabalhar pelos projetos que eu me propus a fazer e impedir projetos que não são da mesma vontade das pessoas que votaram em mim, projetos que vão contra a vontade dessas pessoas que apostaram ou votam em mim, defender as pessoas desses tipos de projetos. 

Leiagora  - Caso o Abilio venha se tornar prefeito? Você continuará sendo vereadora ou será a primeira-dama?

Samantha
- Eu acho que vai ser um desafio, mas eu também acho que eu estou pronta para isso. No primeiro momento, eu não penso em abrir mão da Câmara de Vereadores, porque eu acho que uma votação expressiva dessas quer dizer que as pessoas realmente esperam que eu esteja lá. Eu acho que, assim, eu não posso ignorar a votação que eu tive e simplesmente abrir mão daquilo para ser primeira-dama. Mas eu acredito que eu consigo conciliar as duas coisas, formando, de certa forma, uma equipe forte, um conselho que seja para a questão de assistência social, onde a primeira dama for necessária. Mas eu vejo que, num primeiro momento, um trabalho como vereadora talvez seja mais útil do que um trabalho como primeira-dama. Eu acho que isso pode ser ajustável, acho que é possível, acho desafiador, mas me sinto pronta para isso. 

Leiagora - Essa eleição contou com número significativo de renovação na Câmara Municipal. Como você analisa essa mudança? 

Samantha-
Eu gostaria que a mudança fosse um pouco maior. Eu acho que ainda foi pequena a renovação, mas eu acho que foi uma renovação boa, até pela própria quantidade de mulheres, que já fugiu do padrão do que a Câmara já vinha tendo. E também acredito que essa mudança política é uma resposta da sociedade e é também uma forma de conscientização que está acontecendo com as pessoas. Tem gente que continua lá, mas a gente consegue ver que é um reflexo dos mesmos modelos de política anterior que ainda persistem em alguns locais, em algumas pessoas, e o nosso trabalho é justamente conscientizar para que mude esse padrão e, com essa renovação de 11 cadeiras, sendo oito mulheres, a gente consegue ver que já está acontecendo uma mudança na consciência política.

O próprio resultado do primeiro turno da majoritária em relação às pesquisas já mostra isso, que está havendo uma mudança ali de padrão, e eu acho que isso é bem interessante, eu acho que é um caminho, não acho que seja o ideal, queria que fosse mais, uma renovação maior, mas eu acho que a gente está no caminho. 

Leiagora - Acredita numa renovação na mesa diretora, o PL também vai tentar o cargo de presidente, como vai ser isso? Já estão articulando algo? 



Samantha - Eu, particularmente, não estou envolvida com articulação nenhuma, não tenho desejo assim de estar na mesa diretora, pelo menos não há um desejo que eu tenha nesse momento, eu acredito que eu posso trabalhar e contribuir sendo uma vereadora. Caso eu venha a ter a atribuição de primeira-dama, eu já vou ter coisa bastante pra me preocupar. Tô chegando agora na Câmara, então, eu preciso ver como funciona. E não tô acompanhando essa questão de mesa, realmente, até porque de domingo pra cá, eu aproveitei pra ficar um pouco em casa, curti meus filhos, porque já vou começar outra campanha.

Então, assim, eu tô procurando pensar um dia de cada vez. E não tô me envolvendo muito com coisas que eu acho que não vai fazer tanta diferença no resultado final do meu trabalho, da proposta de vereadora. Então, de fato, agora não estou muito preocupada com essa questão de mesa, não. Nem tenho intenção de participar.

Leiagora - Como a senhora também vai lidar com a questão de comparações? As pessoas talvez vão comparar a sua atuação como vereadora com a atuação do Abilio, que também tinha suas especificidades. 

Samantha - Eu tenho aprendido uma coisa muito interessante, que é filtrar muito bem essas questões de comparações, de críticas, de elogios, de não se deixar levar por elogios e nem se deixar abater por críticas. É uma das principais coisas que a gente tem que entender em política. Muitas pessoas falam que não consegue entrar na política ou não gosta porque a política é difícil. Na eleição que a gente se depara com muitas situações, e você tem que ter psicológico. E eu já estou nesse lugar da política desde que o Abilio entrou pela primeira vez. Então, eu já tenho visto muitas coisas e aprendido muitas coisas.

Eu acredito que essas comparações devam existir, mas, por enquanto, ainda não é uma preocupação, porque eu ainda nem tive a oportunidade de mostrar de fato o meu trabalho. Então, eu acho que ainda vai demorar um pouco para ter essas comparações. Mas a gente já tem que lidar com muita coisa sendo uma candidata mulher, né? A gente lida com coisas que às vezes as pessoas não fazem ideia, crítica para o cabelo, para a roupa, e eu não ligo. E eu não ligo mesmo, real oficial.

Eu me preocupo muito com o objetivo, e muitas pessoas às vezes perguntam: 'como é que você lida com as críticas? Ao Abilio a você'. Eu falei, gente, eu aprendi uma coisa muito simples. Eu sei quem eu sou e eu sei quem ele é. Então, de fato, aquilo que eu sei que são críticas vazias ou coisas que não são verdadeiras, não me incomoda mesmo. Porque se eu ficar parando pra ficar dando ouvido pra isso eu vou deixar de lado o principal, que é o nosso objetivo, que é fazer a diferença. Então, graças a Deus eu consegui ter uma percepção muito boa disso e me ajudou muito a lidar com o processo político, com essa vida de ser casada com um político que coloca a cara a tapa e recebe às vezes críticas, até críticas que não são nem assim merecidas, sabe? Então, a gente já se acostumou a lidar com isso, porque a gente sabe que a gente tem um objetivo maior e se a gente ficar deixando a atenção de lado e tirar o foco do objetivo, a gente acaba não indo em lugar nenhum por causa de coisas bobas. 

Leiagora - Quais são essas críticas que, como mulher, mais te chocaram ao longo dessa trajetória? 

Samantha
- Eu ouvi algumas coisas, não foram tantas, foram poucas, mas às vezes as pessoas tentam, acham que conseguem desestabilizar uma mulher com elogios da aparência, ou falar 'ah, corta o cabelo', ou 'arruma o cabelo', ou 'essa saia sua comprida, estampada', não sei o quê. Às vezes as pessoas vinham tentar desestabilizar com essa questão de imagem mesmo, né? Mas, de fato, isso não me incomoda, eu até faço piada que uma vez teve um que comentou lá ‘ah, essa saia sua parece a cortina da casa da minha avó’. Aí eu falei: 'que bom, quando você for à casa da sua avó toda vez você vai lembrar de mim' e coloquei um coraçãozinho. Porque eu realmente não me importo.

Leiagora -  O jornalista Antero Paes de Barros fez duras críticas à senhora quando você colocou seu nome na disputa. Como foi ser taxada de ‘a mulher que dormia com Abilio’ e ter sido a mais votada?

Samantha - Foi uma resposta nas urnas e eu acho que é uma resposta nas urnas tanto quanto à quantidade de mulheres que estão lá hoje. Um protesto coletivo, praticamente. Existiu muita revolta em relação a essa fala dele. Eu dei uma resposta na época e ele fez um pedido de desculpas, uma retratação também, mas foi uma fala muito infeliz. Mas, que eu levei daquela forma. Eu falei, olha, é por causa de gente assim que a gente precisa se envolver com a política, para mostrar que não é bem assim. E de fato o resultado está aí. É isso que a gente tem que fazer, rebater a crítica com essa questão de se posicionar e falar olha, eu tô aqui, eu tô aqui pra isso. 

Leiagora - Com essa votação expressiva, a senhora já acendeu um alerta para talvez se candidatar a outros cargos em 2026, já que é um potencial do partido. 

Samantha
- Não pensei nisso ainda, sério mesmo. Eu fiquei tão focada em atender a responsabilidade que foi colocada pra mim na Câmara de Vereadores e foi um resultado de certa forma inesperável, que eu só consigo pensar assim: ‘o que eu preciso fazer na Câmara?’. Eu tenho um objetivo hoje que é fazer a diferença na Câmara. E se eu estiver na prefeitura junto com Abilio, é fazer a diferença lá.

Então, cada eleição é um momento diferente. O primeiro turno foi uma eleição, o segundo turno é uma outra eleição, com outros parâmetros, com outro momento diferente. O ano que vem, quando assumir, vai ser um outro cenário e daqui dois anos vai ser um outro cenário completamente diferente. Eu tenho levado cada dia de uma vez e realmente não parei para pensar em nada disso. Preciso honrar essa confiança que as pessoas depositaram em mim.

Leiagora - Como estão as expectativas agora com as eleições do segundo turno, como que está essa preparação, as estratégias e também a expectativa para o resultado final?

Samantha - Toda campanha é uma campanha difícil. No segundo turno, a gente tem que avaliar as estratégias, as votações, todos os resultados, mas a gente tem visto que tem uma aceitação muito boa, mas nem por isso a gente deve trabalhar menos. A gente precisa trabalhar intensamente. Porque nós estamos vendo aí um candidato que está buscando esconder a bandeira principal dele, que é o partido. Então, hoje, eu tenho falado assim, olha, começa por aí. Nós estamos lidando com uma pessoa que está usando a cor da bandeira que está na moda. E não a que é a bandeira dele.

E a gente precisa deixar claro para a população o que é o quê e quem é quem para que ela possa escolher melhor. Porque nós temos aí exemplos, por exemplo, do governo federal, que é do partido do candidato que está contra o Abilio, que a gente já vê que está sendo um trabalho que a própria população não está aprovando. As pessoas não estão querendo. Não teve nenhum vereador do PT eleito nessa legislatura. A gente não tem no Mato Grosso deputado federal do PT. Então, assim, a população está enxergando e com essa esperança que a gente está tentando fazer uma campanha de segundo turno com o objetivo de trazer o melhor para Cuiabá.

Leiagora - Durante a campanha, a senhora esteve em vários bairros periféricos de Cuiabá. Inclusive, na região de chácaras do bairro Pedra 90. Que trabalho a senhora quer fazer para esses bairros periféricos afastados do grande centro? 

Samantha - Principalmente naquela região sul, a gente precisa pensar muito em saúde. Eu tenho batido muito na tecla da saúde porque é a maior reclamação de Cuiabá. Então, o que eu penso? A gente precisa ajudar a levar qualidade de vida. E qualidade de vida através de saúde preventiva, de esporte, de lazer, de melhorar as áreas de cultura e lazer da região, porque ali tem muito espaço que não está sendo utilizado. E a gente caminhando, ouvindo as pessoas, a gente ouvindo as próprias pessoas mesmo, o que elas querem lá. E eu acho que esse é um trabalho importante. Eu fui votada e eu tenho voltado lá. Ontem, eu estive lá novamente no Pedra 90 conversando com as pessoas e o pessoal ‘você voltou’, e eu respondi: ‘voltei porque vim agradecer’. Eu acho que isso é o mais importante, a gente precisa ser acessível, a gente precisa fiscalizar e ouvir as pessoas para levar as propostas que elas realmente precisam.

Eu não tenho como imaginar qual é a necessidade de uma pessoa que mora lá no Cinturão Verde, eu preciso ir lá e conversar com ele para saber qual é a necessidade e, aí, através daquilo, eu preciso encontrar uma forma de ajudar e eu acho que essa disponibilidade para ouvir é o mais importante. Então, eu passei por lugares que as pessoas falaram assim ‘só você veio aqui’. Ou, então, ‘só veio dois vereadores aqui’.

É muito pouco tempo pra gente andar em todos os lugares, mas eu tentei andar o máximo possível e ouvir o máximo possível de pessoas para tentar realmente entender quais são as necessidades e anotar, escrever e colocar no papelzinho, ‘fui em tal lugar, conversei com pessoas, X, X, precisa disso, precisa daquilo’.  Conversei com a Abilio, eu falei, olha, se você for prefeito, o que a gente pode fazer naquela região? Vamos pensar o que dá pra fazer lá? Ele já tem as propostas dele específicas, por exemplo, pro Tijucal, por Pedra 90. 

Então, a gente trabalha muito unido também nessa questão de buscar saber quais são as necessidades das pessoas para poder atender. 

Leiagora - Além desse trabalho que você faz na saúde, tem algum trabalho social para os jovens nesses bairros?

Samantha - Eu acho que a gente precisa incentivar o esporte e o lazer e a cultura também. Mas acho que o esporte é uma opção muito interessante para as crianças e jovens, e a gente tem excelentes espaços que dá para a gente fazer espaços para a criançada jogar futebol, jogar bola, andar de bicicleta, andar de skate, a gente precisa desses espaços. Porque, o que a gente tem visto em Cuiabá hoje? Se a prefeitura não toma conta daquele espaço vazio, arruma, entrega para a sociedade fazer alguma coisa, vêm outros e ocupam o espaço e acabam impedindo a sociedade de ocupar esses espaços. Então, a gente precisa de fato fazer com que a prefeitura tome conta desses lugares disponíveis e ofereça para a população. 

Mas quando eu digo oferecer para a população, é fazer uma reforma consciente, é fazer um uso consciente do espaço. Eu andei por muitos bairros aí que têm um parquinho, esse parquinho de crianças que eles instalam para todo lado, que assim, se acabou o parquinho aqui, tem um córrego aqui. Então, não tem uma areia no chão, a criança desce do escorregador, se ela der dois passos ela tá no córrego. É falta de planejamento. Aí eu falo, eu não posso falar mal do parquinho porque é uma estrutura boa, a academia, o parquinho. Mas, peraí, você tem que botar num lugar que, né, tem que pensar. Aí você vai num lugar, não tem uma sombra, não tem uma árvore, aí à noite não tem uma iluminação. Então, é falta de planejamento. É falta de um mínimo de noção pra fazer uma coisa que as pessoas possam usar. E se a gente tiver espaços para as pessoas usarem, elas vão usar.

E eu digo isso com propriedade, porque eu sou ciclista também. Eu comecei a pedalar dez anos atrás. Quando eu comecei a pedalar, a gente dava o que fazer para achar um grupo de pedal para andar. Era aquele desespero. E hoje as pessoas estão assim, se você fizer um pedal, vai 500 ciclistas. E antes dava de fazer para você juntar dez pessoas para fazer um pedal. Então, se a gente colocar o espaço, se a gente colocar oportunidade, as pessoas veem. Mas precisam ser oportunidades conscientes.
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