Aventureiro encara mais de 2,8 mil quilômetros em viagem de caiaque de Sapezal até a Ilha de Marajó
Com panela, placa solar, um fogareiro, celular, pacotes de macarrão e muita coragem, ele encara corredeiras de tirar o fôlego e já passou muitos perrengues de viagem
O garotinho apaixonado pelos limites dos territórios mato-grossenses cresceu e agora desbrava esses trajetos de forma nada convencional: de caiaque. Com 20 anos de jornalismo, Evandro Carlos Rosella largou tudo para viver suas aventuras.
Com panela, placa solar, um fogareiro, celular, pacotes de macarrão e muita coragem, ele encara corredeiras de tirar o fôlego e já passou muitos perrengues de viagem. Sufocos, que ele faz questão de registrar para seus companheiros de viagem virtuais, que o assistem por meio de seu canal no Youtube. Em novo desafio, Evandro parte de Sapezal (510 km de Cuiabá) até à Ilha de Marajó, no Pará, o que dá mais de 2,8 mil quilômetros.
“Eu gostava de caiaque, fazia umas pequenas travessias e vi que era possível fazer uma grande. Fiz há dois anos de Cuiabá a Buenos Aires, que demorou pouco mais de 5 meses. Foram 1.400 quilômetros e agora estou fazendo uma de 2.850 que é saindo do cerrado e indo até a ilha de Marajó no mar. Isso atravessando 4 rios interessantes, com biomas que se transformam. Por isso que achei incrível. O cerrado aos poucos vai se transformando na floresta amazônica e agora eu estou oficialmente nesta área de transição na Amazônia e há também a diferença desses rios também são incríveis”, detalhou ao Leiagora.
Evandro que atuou como radialista desde os 13 anos, viveu ao longo de sua carreira na comunicação, passagens por TVs e demais redações em Cuiabá, agora, trabalha com o mercado financeiro de forma virtual, a fim de conciliar a busca por uma fonte de renda, com os sonhos de viagem. Ele conta que muitos dos equipamentos que utiliza ao longo das aventuras são enviados por inscritos no canal. Como ocorreu quando o celular dele molhou em uma das corredeiras do Rio Papagaio, ou quando as formigas comeram a barraca dele e até no dia em que ‘a embarcação perfeita’, furou.
“Eles me ajudam com 90% de toda a viagem, todo o equipamento que eu tenho, inclusive esse celular que estou usando a prova d’água, porque o celular que eu tinha molhou nas corredeiras do Papagaio e mesmo com um protetor contra água ele acabou molhando. O celular se foi, novinho inclusive. Esse celular que estou usando e uma porrada de equipamentos eu recebi de São Paulo de empresários. Tem gente do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio Grande do Sul, que enviam equipamentos. Fogareiro, equipamentos para pesca e por aí vai”.
E por falar em corredeira do Papagaio, ela, ainda em Sapezal já trouxe muita emoção à viagem. Evandro conta que enfrentou uma forte tempestade ao passar pelo local e esse foi só um dos muitos desafios que enfrentou ainda no comecinho da jornada.
“Eu fiquei impressionado com as corredeiras do rio Papagaio, me causaram muitos problemas. Uma coisa é você planejar as viagens olhando imagens por satélite. Outra coisa foram as abelhas no cerrado. Por mais que na chácara que eu tenho em Tangará da Serra, eu tenha colmeia de abelhas, elas são terríveis no cerrado, a quantidade de abelhas.
Há também as dificuldades com os equipamentos, estragos, eu carrego placas solar, mas com esse período de fumaça, tem uma dificuldade maior. Tem também as dificuldades de acesso à internet”.
Diante de tantas possibilidades em uma excursão tão arriscada, o aventureiro conta que quem mais se preocupa com ele são os filhos, que já são adultos, mas ficam de olho no pai que se alimenta de forma muito peculiar ao longo dos trajetos e que no momento tem consumido água sem qualquer tratamento dos rios por onde passa.
“Alimentos básicos, macarrão, arroz, principalmente macarrão, sardinha para quando eu não pesco, farinha de mandioca e tempero pronto. Café também não pode faltar, meu Deus do céu! Toda a água que eu estou bebendo, eu bebo do rio sem filtrar e sem tratar. Eu sei que é um risco de ter algum problema com isso. Mas eu pretendo ferver a água quando passar por cidades que tenham uma contaminação maior”.
Ao fim dessa aventura que deve durar ao menos um mês, ele já está planejando um novo destino. Agora, o jornalista que sonha em retornar às redações, pensa também em enfrentar de caiaque grandes rios Brasileiros, como o Velho Chico que passa pelos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, atingindo sua foz no Oceano Atlântico e o Araguaia em Goiás.
“Fiz alguns planos, um deles é voltar para Cuiabá para o trabalho de jornalista. Tenho muita saudade, mas está também nos planos dois rios que eu acho incríveis. O rio Araguaia que divide Goiás de Mato Grosso, rio lindo. Também tem o Velho Chico que é o único Rio que nasce em terras brasileiras e deságua sozinho”, conta entusiasmado e acrescenta sob a descrição de sentir-se realizado com as aventuras:
“É muito prazeroso dividir a viagem, as emoções que passo, dividir inclusive os perrengues com quem está assistindo. Eu gosto muito de produção de vídeo, escolho o que eu quero e a câmera acaba se transformando em uma companheira, uma confidente na viagem. Para mim é como escrever um livro, uma história de uma aventura atravessando biomas diferentes, conhecendo pessoas de culturas, sotaques diferentes. Isso foi transformador para mim”.
Em seu canal, Evandro conta histórias dos lugares por onde por meio de entrevistas com pessoas locais, o que proporciona aos telespectadores novas conhecimentos culturais, geográficos e de sobrevivência.
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