Balbinotti não quer concorrer como vice-governador, informa presidente do PL
Ananias Filho terá de decidir entre o novato e megaempresário e o veterano, o senador Wellington Fagundes: 'a gente tem é que traçar o perfil ideal do que o povo quer'
O presidente estadual do Partido Liberal em Mato Grosso, Ananias Filho (PL), revelou que o megaempresário Odílio Balbinotti tem apenas uma condição para se filiar ao PL: ele não aceita ser candidato a vice-governador em 2026. Agora, Ananias tem um problema a resolver pela frente, o de escolher quem será o candidato oficial do PL ao governo do Estado, se o veterano Wellington Fagundes (PL) ou o novato, mas que ainda nem é filiado, Odilio Balbinotti.
“Você já viu algum técnico não querer o Messi e o Cristiano Ronaldo no mesmo time? Eu quero todos. O Odílio já se posicionou, nós já reunimos na sexta-feira passada, ele colocou a vontade dele de ser candidato a governador dentro do PL. Ele falou pra mim que vai filiar num momento adequado. O Wellington também já colocou que é pré-candidato ao governo. O que a gente tem é que traçar o perfil ideal do que o povo quer. Nós não podemos fazer nenhum tipo de campanha de buscar um candidato que seja fora do perfil. (...) O Balbinotti já nos falou que não aceita ser vice”, afirmou Ananias.
A questão é o ponto crucial para colocar o presidente estadual da legenda na famosa “sinuca de bico”. Balbinotti é um dos empresários mais ricos de Mato Grosso. Desde 2022, ele tem participado da política brasileira, sendo um dos grandes apoiadores e doadores de altos valores às campanhas ligadas ao PL, inclusive à do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nas eleições municipais deste ano, Balbinotti doou vultuosas quantias para candidatos a prefeito e vereadores do PL de diversos município mato-grossenses. Ele fez doações até mesmo para candidatos do PL de outros estados. Além disso, devido a essas doações, o empresário tem uma relação muito próxima com Bolsonaro. Por isso, Odílio é bem recepcionado por eleitores da direita e até mesmo pelas grandes lideranças do Estado.
Já Wellington Fagundes, apesar de ser filiado há mais de 20 anos ao PL, não tem uma aceitação semelhante a de Balbinotti. O senador é tido como um “político melancia” para os bolsonaristas de Mato Grosso, ou seja, ele é verde por fora e vermelho por dentro. Isso se dá pelo fato de Wellington já ter pertencido à base de apoio do PT, inclusive esteve no palanque da ex-presidente Dilma Roussef e do atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A questão é algo que não 'desce pela garganta' dos bolsonaristas-raiz do Estado.
Inúmeros são os vídeos que circulam pelas redes sociais em que Wellington é recebido com vais e aos gritos de “melancia” pelos apoiadores do PL. O último caso aconteceu durante a comemoração da vitória de Abilio Brunini (PL) no segundo turno das eleições municipais em Cuiabá. Wellington tentou discursar no trio elétrico em que estava Abilio, porém, as vaias dos eleitores foram maiores e o discurso do senador foi sufocado.
Outro problema é que tanto Wellington como Balbinotti têm sua base de apoio no município de Rondonópolis (212 km de Cuiabá), o que pode tornar as tratativas focadas em apenas uma região.
Ao dizer que irá escolher um candidato que representa o perfil da direita em Mato Grosso, Ananias deixa nas entrelinhas que as chances de Wellington são quase nulas. Todavia, o presidente sabe que não foram os bolsonaristas que deixaram Wellington entrar no PL, mas que foi Wellington que abriu as portas do PL para a chegada dos seguidores do 'Capitão'.
Escolhas que já deram errado, mais ou menos
A política é repleta de momentos em que os líderes partidários devem fazer escolhas que podem dar errado ou não. Às vezes, mesmo dando certo, essas escolhas acabam criando disputas internas no partido, o que gera desgaste. Somente neste ano, houve dois casos emblemáticos em Mato Grosso.
No União Brasil, o presidente estadual da sigla, o governador Mauro Mendes, teve que escolher quem seria o candidato do partido para disputar a Prefeitura de Cuiabá. De um lado Mauro tinha Fábio Garcia, chefe da Casa Civil e seu aliado de primeira ordem. Fábio era a escolha de diversas lideranças do União e até mesmo da primeira-dama, Virginia Mendes.
De outro lado estava o deputado estadual Eduardo Botelho. O presidente da Assembleia também tinha o apoio de lideranças do partido, porém, não era bem visto por outras. Além disso, Botelho tinha uma ligação antiga com o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) e diversas empresas da sua família têm contratos com a prefeitura.
Resultado: Mauro escolheu Botelho a contragosto. Botelho foi o alvo dos adversários durante a campanha, com diversas acusações de corrupção, o que fez com que o deputado amargasse uma derrota histórica, alcançando pouco menos de 80 mil votos no primeiro turno.
No começo da pré-campanha, Mirtes tinha o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto Dorner tinha o apoio do presidente nacional do PL, Waldemar da Costa Neto. Em uma visita de Bolsonaro a Sinop, ainda na época do pré-campanha, Mirtes foi convidada para desfilar ao lado do Capitão, enquanto Dorner ficou apagado na cerimônia.
No fim das contas, Dorner venceu em primeiro turno e fez com que o PL conquistasse a prefeitura de Sinop, mas, a contragosto de grande parte dos filiados da sigla em Mato Grosso, que queriam mesmo que Mirtes fosse a candidata.
Clique aqui, entre na comunidade de WhatsApp do Leiagora e receba notícias em tempo real.
Siga-nos no Twitter e acompanhe as notícias em primeira mão.
Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços. Ao utilizar nosso site, você concorda com tal monitoramento. Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.